Foi ruim, mas foi bom (II)
Parte II
Abriu o meu zíper e me ajudou a tirar o macaquinho. Continuou me beijando mais um pouco, então desceu até minhas pernas e puxou minha calcinha para o lado. Mentalmente, eu já calculava que a pontuação dele estava altíssima. Começar chupando deveria ser regra de etiqueta, né, pensava animada enquanto sentia sua língua me provocando.
Comemorei cedo demais, na real. Não é que tenha acabado em um segundo, mas quando sentiu que eu já estava bem molhada, deu o trabalho por completo.
“Ain, tava tão bom…”, fiz manha.
Ele não deu corda, apenas sorriu e subiu para me beijar. Retribui o beijo sem hesitação e isso pareceu deixá-lo um pouco mais excitado. Fiquei com a impressão de que tinha testado se eu não ficaria com nojo ou talvez apenas tivesse tentado me provocar. Para falar a verdade, terminar de chupar e procurar um beijo sempre me pareceu um reflexo, um movimento natural demais na interação com o outro. Não era como se achasse excitante minha própria lubrificação ou se parasse para pensar e sentir nojo. Era só um acabamento, a cerejinha do bolo depois de uma boa espalhada na cobertura. Mas a analogia da cereja eu explico depois.
Empenhada em manter aquela foda completamente dentro do meu roteirinho de boas práticas, fui girando na cama até ficar numa boa posição para retribuir com um boquete. Como ainda não tinha tirado nenhuma peça de roupa – nossa, por que ele tava me chupando de camiseta? –, comecei a desabotoar sua calça. Ele me ajudou puxando a peça para debaixo do quadril e, em seguida, abaixou o elástico da cueca e sacou o pau para fora. Abanei a cabeça rindo.
“Pera lá! Vamo tirar essa calça, né?”, soltei já levantando de cima de suas pernas para puxar a roupa.
“Não!”, disse apressado. “Deixa assim, já dá pra chupar”.
Abri a boca para falar, mas não sabia direito o quê. A real é que não gostava de transar de roupa, nem com alguém sequer semivestido. Podia parecer frescura, mas transar com os shorts no meio da perna me lembrava meus dezenove anos mais do que gostaria. O pior de tudo é que não fazia sentido. Quero dizer, não fazia frio e, até onde sabia, ele morava só, não tinha a possibilidade de ninguém chegar. Também não estávamos com pressa, pelo menos era o que eu achava.
“Ah, cê não vai querer me comer de calça jeans, né?”, perguntei meio rindo
“Não tem quem me faça tirar essa calça agora”, Paulinho respondeu teimoso
“Por quê? ”, indaguei incrédula
“Ela é skinny, ó! Fica coladona na perna, maior trampo pra sair”
Comecei a rir.
“Eu puxo pra você, vem cá!”
“Não, sai daqui, eu não vou ficar me contorcendo pra tirar uma calça na tua frente”
Eu já rolava na cama gargalhando. Isso não pode ser verdade, pensava.
“Tem certeza?”
“Absoluta!”, respondeu me puxando pra cima dele de novo.
Recuperei minha compostura e decidi dar o braço a torcer. Não deu para fazer meu melhor trabalho, porque a parte de percorrer as pernas – Para criar uma expectativa, sabe? – também fazia parte do pacote. Mas conseguimos voltar ao nosso ponto de excitação anterior.
Quando estava bem duro, Paulinho me puxou pra si, me deu um beijo apressado e levantou da cama em busca da camisinha, com a melhor desenvoltura que a calça abaixada até as coxas permitia. Quando voltou para perto da cama, imaginei que viria por cima de mim, mas me puxou pelas pernas até a beira e depois foi me conduzindo para a escrivaninha. Inclinei meu corpo sobre a madeira, afastando os objetos mais próximos e finalmente senti estávamos desempatando o placar daquele encontro.
Acho que a imagem de transar sobre uma mesa sempre me marcou. Quer dizer, soa estranho falar em imagem, mas não deixa de ser. Todas as sensações experimentadas – a do meu peito contra a mesa, da pressão do quadril dele na minha bunda, da mão no meu pescoço, dos pêlos da perna roçando levemente as minhas e dele avançando dentro de mim – eram também complementadas por uma visão do alto que eu apenas imaginava. É uma posição que realmente valoriza minhas pernas compridas, sabe?
– Acabou sendo uma transa boa, né? – Ester parecia aliviada.
– Acho que sim… – disse meio distraída, pensando nas partes que não contei para elas.
Poderia ter durado mais. Paulinho podia ter lembrado de comprar mais camisinha para que pudéssemos ter repetido e eu devia ter insistido mais em ficar por cima quando estava perto do orgasmo. Não gozei no fim das contas. Mas, para uma primeira foda, não pareceu ruim.
Descansando na cama, pousei minha cabeça no seu braço e fiquei sentindo o perfume. Ele continuava cheiroso mesmo depois de ter suado e de finalmente ter tirado a camiseta.
“Eu queria ter demorado mais, mas, pô, tô desacostumado com camisinha…”
Aproximei mais a cabeça do seu peito para me sentir engolfada pelo calor e pelo cheiro, enquanto fingia não ouvir.
“É sério. Tira muito a sensibilidade”, disse e esperou minha reação, que não veio. “Tu não quer tentar sem?”
“Não”, respondi sem me abalar.
“Tu corta muito o meu barato”, reclamou, mas mesmo assim me deu um beijo carinhoso na testa.
Foi me deixar em casa animado. Cantarolamos as músicas que tocavam no rádio, fazendo piadas sobre as letras e comentando sobre artistas que gostávamos. A gente discordava em quase tudo, exceto em relação a música. Pelo menos isso. Quase chegando ao meu destino, comentei:
“Tu tava com alguma bala na boca? Eu tô sentindo um gosto doce na boca até agora”, perguntei.
Paulinho arregalou os olhos para mim.
“Cara, tu tá sentindo isso? Eu também tô! Mas eu não chupei nenhuma bala. Eu nem ia comentar isso…”, fez uma pausa dramática. “Mas eu acho que esse doce é teu gosto”.
Dei uma risadinha constrangida.
“Sério, nunca chupei uma buceta tão gostosa”, Paulinho sabia ser muito enfático nos elogios.
“Ah, não deve ser isso. Não faz sentido”, desconversei, mas por dentro meu ego estava completamente inflado. Não que ter a buceta doce fosse uma meta de vida, mas, pô, eu queria botar no meu currículo.
– Sinceramente, Vanessa, eu não me arriscaria numa pandemia por uma transa como essa – Luísa garantiu.
– Foi ruim, mas foi bom né? – Ester pareceu pensativa. – É, mas pelo menos já sei que ele é cheiroso – dei de ombros. E gosta da minha buceta.