A menstruação acompanha as mulheres desde muito cedo e ainda assim é tratada como um tabu. Buscamos esclarecer questões educativas sobre o tema.
Ao ler você entende:
- O que é a menstruação e quantos dias duram o ciclo menstrual;
- Fases do ciclo menstrual;
- Sintomas do ciclo menstrual;
- Síndrome da tensão pré-menstrual (TPM);
- Menstruação irregular;
- Métodos de coleta do sangue menstrual: qual você se encaixa;
- Pobreza menstrual;
- Menstruação: da natureza feminina ao tabu social.
O que é a menstruação e quantos dias duram o ciclo menstrual
A menstruação nada mais é que a descamação das paredes internas do útero quando não há fecundação. Geralmente ocorre pela primeira vez aos 12 anos.
A perda de sangue acontece devido a estímulos hormonais, que fazem com que a superfície do endométrio se rompa e seja expelida pela vagina com a aparência de um fluido de sangue.
A menstruação em si faz parte de um ciclo com as fases: folicular, ovulatória e lútea. O ciclo menstrual regular, no Brasil, equivale a 28 dias, mas esse número pode se alterar entre 21 e 35 dias. Nos casos de irregularidade do ciclo, ou seja, os dias não são harmoniosos todos os meses, se deve buscar um médico ginecologista para averiguar se há causas tratáveis ou se é o fator genético que determina essa condição.
Se é percebido que a quantidade de dias do ciclo se altera em alguns países, mas ainda não há comprovação científica disso. Ocorre que estudos recentes relacionam o ciclo lunar com o ciclo menstrual. De acordo com pesquisadores da Universidade Pública de Munique e da Universidade de Würzburgo, ambas na Alemanha, além da Universidade Nacional de Quilmes, na Argentina as mulheres que os ciclos menstruais duravam mais de 27 dias mostraram "sincronismo intermitente com ciclos lunares que afetam a intensidade do luar".
São nesses momentos que a mulher pode entrar na sua janela fértil, ter oscilações mais visíveis no corpo com a tensão pré-menstrual (TPM) e a saída de sangue pelo canal vaginal, por exemplo.
Fases do ciclo menstrual
O período menstrual ou ciclo menstrual é o intervalo de tempo entre o primeiro dia de menstruação e o último dia antes da menstruação seguinte, sendo dividido em 3 fases que vão de acordo com as alterações hormonais que acontecem no corpo da mulher.
Fase folicular
A fase proliferativa ou fase folicular tem início no primeiro dia da menstruação e dura entre 5 a 12 dias. Esta fase está relacionada ao crescimento de um novo folículo e espessamento gradual do endométrio. Durante este período, o cérebro aumenta a produção do hormônio folículo-estimulante (FSH), que leva os ovários a amadurecer seus óvulos.
Com esse amadurecimento, o ovário começa, também, a liberar maiores quantidades de estrogênio, responsável por tornar o revestimento do útero pronto para uma possível gravidez.
Fase ovulatória
A ovulação corresponde à segunda fase, onde os níveis de estrogênio continuam aumentando e fazem com que o corpo produza o hormônio luteinizante (LH), responsável por estimular o rompimento do folículo ovariano para que o óvulo seja liberado. A fase ovulatória é curta, costuma acontecer por volta do 14º dia do período menstrual e dura cerca de 16 a 32 horas.
Fase Lútea
Na fase lútea, o folículo rompido passa a produzir maior quantidade de progesterona e permanece preparando o revestimento do útero para o caso de uma possível gravidez.
Quando a gestação não acontece, o folículo passa a regredir dentro do ovário e, por consequência, os níveis de estrogênio e progesterona diminuem. Em seguida, o endométrio, que não consegue mais se manter, se descama, dando início à menstruação.
No caso de haver a fecundação, o óvulo se mantém grudado às paredes do útero e o corpo começa a produzir o hCG. Este hormônio é gerado naturalmente durante a gravidez e mantém o folículo produzindo estrogênio e progesterona em níveis elevados para manter o revestimento do útero até a formação da placenta.
Sintomas do ciclo menstrual
Os sintomas do ciclo menstrual são muitos. Eles ocorrem no organismo devido a mudanças hormonais que geram alterações no corpo feminino. Os mais comuns são:
- Dores abdominais (cólica);
- Dores nas costas;
- Dores ou sensibilidade nos seios;
- Alterações no corrimento.
Há casos mais graves chamados de Dismenorreia, o termo clínico para menstruação dolorosa. Esse quadro se caracteriza pela dor pélvica que surge no primeiro dia do período menstrual e que desaparece, quando o fluxo cessa. Quando tende a se prolongar é considerado um caráter cíclico já que muitas patologias podem estar associadas com a dismenorreia.
Para prevenção é recomendado evitar uma vida sedentária. Aqui vão três hábitos que podem te ajudar:
- Atividade física: Exercícios aeróbicos moderados que provocam liberação de endorfinas podem trazer sensação de bem estar, de autoconfiança, e aumentar a resistência à dor;
- Alimentação: alimentos gordurosos que retardam o trânsito intestinal e alimentos que provocam fermentação devem ser evitados, especialmente nos períodos pré-menstruais, a dieta deve ser rica em frutas e em vegetais com fibras para assegurar trânsito intestinal adequado;
- Hidratação: a ingestão de quantidades insuficientes de água pode causar ressecamento do bolo fecal e obstipação, que contribui para agravar quadros de dismenorréia.
Síndrome da tensão pré-menstrual (TPM
A síndrome tensão pré-menstrual (TPM), de acordo com o Prof. Doutor Ricardo Santos, médico ginecologista (NOM 43803), é um conjunto de alterações físicas, psíquicas e de humor que normalmente aparecem dias antes do cataménio (menstruação) e habitualmente envolvem mudanças de humor e irritabilidade.
Esta síndrome varia desde pequenas alterações que duram cerca de 2 ou 3 dias e até 2 semanas para sintomas mais perceptíveis. Dentre os sintomas estão:
Sintomas Emocionais
- Depressão;
- Tristeza e vontade de chorar;
- Irritabilidade;
- Ansiedade;
- Insônia;
- Fome em excesso ou falta de apetite;
- Sonolência;
- Dificuldade de concentração;
- Cansaço.
Sintomas Físicos
- Dor de cabeça;
- Fome em excesso ou falta de apetite;
- Sonolência;
- Acne;
- Aumento de peso;
- Inchaço nas mamas;
- Dores osteomusculares;
- Distensão abdominal.
Esses sintomas devem desaparecer com o início da menstruação. O tratamento, depois de feito o diagnóstico, pode ser feito com uso de medicamentos, sendo a pílula um dos mais comuns. Outras coisas podem ajudar também: exercício físico, diminuição da cafeína e álcool.
Menstruação irregular
O ciclo menstrual, como já mencionado, é considerado irregular quando não há ritmo entre eles mês após mês, dificultando a identificação do período fértil, do dia da menstruação e das fases do ciclo como um todo.
Os principais sintomas são: alterações no volume do sangramento, mudanças na duração do ciclo menstrual, aumento de dor, ausência de menstruação mais de 3 vezes em um ano.
Mesmo comum, é importante se investigar e diagnosticar o que leva a irregularidade do ciclo, para assim tratar de forma eficiente. As causas mais comuns são:
- Síndrome do Ovário Policístico (SOP);
- Disfunção da tireoide;
- Obesidade;
- Desnutrição ou transtornos alimentares;
- Síndrome Adrenal;
- Endometriose;
- Doenças uterinas (pólipos e miomas);
- Câncer do endométrio;
- Menopausa precoce (amenorreia).
Dependendo da causa diagnosticada, ela pode ser tratada com ajuste de medicações, tratamento de patologias alheias ao tratamento ginecológico, como a tireóide, administração de hormônios, cirurgia, retirada do útero, miomas e cistos ovarianos.
Por não ser considerada uma doença, não se pode afirmar que há cura, mas um tratamento adequado pode atenuar os sintomas e até mesmo os extinguir.
Métodos de coleta do sangue menstrual: qual você se encaixa
Absorventes descartáveis
No Brasil, são os mais comuns e mais baratos. Até o século 19, era comum que as mulheres usassem pequenos pequenos tecidos dentro de suas calcinhas para absorver o sangue.
Por volta de 1890, na Alemanha, os primeiros absorventes descartáveis feitos de bandagem começaram a ser comercializados. Eles chegaram no Brasil na década de 1030 mas foi apenas 20 anos depois que os absorventes descartáveis começaram a se popularizar no País. À época eles representaram uma grande conquista para as mulheres pois ganharam mais conforto e liberdade para a não evasão escolar e execução das tarefas diárias sem muitas preocupações.
Absorventes descartáveis internos
Popularmente são conhecidos como "OB". Eles são a versão mais moderna para os mais remotos tipos de absorventes da História. Há cerca de 2.000 a.C a menstruação era um tabu bem maior do que o atual e as mulheres faziam de tudo para esconder quando estavam no período. Para isso usavam rolinhos de papel e tecido como lã dentro do canal vaginal para absorver o corrimento de sangue.
Os absorventes descartáveis internos começaram a ser desenvolvidos na década de 1930, nos Estados Unidos, ao passo que na mesma década chegavam os modelos externos no Brasil.
Absorventes de pano
Os absorventes de pano voltaram à moda há poucos anos. Eram os mais comuns na antiguidade e hoje em dia representam uma alternativa mais sustentável.
Calcinhas absorventes
As calcinhas absorventes são de alta tecnologia e foram desenvolvidas recentemente. Assim como os absorventes de pano, elas requerem lavagem após o uso e podem ser reutilizadas. Para muitas mulheres, são uma alternativa mais confortável no dia a dia ou na hora de dormir. Também são consideradas sustentáveis.
Coletor Menstrual
O coletor menstrual é o método mais diferente dos demais e está ganhando cada vez mais adeptas no Brasil e em países ocidentais como um todo. Seu formato é como o de um copinho que, quando alocado no canal vaginal, recolhe o sangue corrido. Tem um custo maior em comparação com o preço pago nos absorventes descartáveis internos, mas é o preferido de quem deseja uma alternativa mais sustentável e higiênica.
Pobreza menstrual
A ONU (Organização das Nações Unidas) considera o acesso à higiene menstrual um direito de todas as mulheres ao redor do mundo, que deve ser garantido por todos os países por meio de políticas públicas de saúde. No Brasil, uma em cada quatro adolescentes não possui um absorvente durante seu período menstrual. O dado é da pesquisa Livre para Menstruar, elaborada pelo Girl Up, movimento global para a promoção de lideranças femininas.
Quando não se tem condições de se ter acesso a saúde pública, ginecologia ou obstetrícia e a higiene menstrual como absorventes e métodos contraceptivos e recursos básicos em geral, é considerada a existência de pobreza menstrual. No Brasil essa pauta é muito relevante para mulheres em situações de vulnerabilidade, que deve ser cobrada dos órgãos públicos.
Menstruação: da natureza feminina ao tabu social
Ainda dá para acreditar que em pleno século XXI o tema menstruação é um tabu? Quando envolve sexo o assunto vira uma polêmica! Mas ei, não tem nada de complicado ou errado na prática, então resolvemos tirar todas as suas dúvidas sobre sexo e menstruação, contando o que você precisa saber.
Infelizmente, não é novidade que a menstruação é vista como algo sujo ou indesejado, até pelas próprias mulheres, mas com o tempo – e o grande acesso da massa à informação – essa perspectiva está mudando, e essa modificação também é derivada de um movimento de melhor aceitação que estamos tendo com os nossos corpos.
Desde pequena, somos ensinadas que menstruar é algo que deve ser sigiloso. Na puberdade, somos instruídas a esconder qualquer vestígio de que estamos sangrando. E, por conta disso, sem saber se podemos falar sobre esse assunto tão “secreto”, ficamos privadas de aprender sobre a fisiologia dos nossos próprios corpos – abrindo mão de algo que nos é tão particular: o conhecimento da nossa intimidade.
E essa falta de conhecimento sobre o nosso corpo, e consequentemente, nosso fluxo, está diretamente ligado ao sexo, já que sem conhecer o nosso corpo e sem entender os nossos desejos é muito difícil ter uma vida sexual prazerosa.
O desejo de fazer sexo menstruada varia entre cada pessoa, mas independente disso, é necessário que tenhamos informações claras para que possamos fazer as nossas próprias escolhas.
Para algumas mulheres, esse período é um momento mais reflexivo e introspectivo, enquanto para outras é um momento em que o tesão fica ainda maior.
Apesar da menstruação ser uma das representações mais puras da natureza feminina, ela ainda é um tabu em países mais desenvolvidos e em não desenvolvidos. O que não é de se espantar em sociedades patriarcais, em que os direitos femininos e a condição da mulher é considerado frágil e não digno de olhar.
É importante que o assunto seja tratado não como um tabu, mas sim como parte da educação sexual. Mulheres conscientes de seus corpos conseguem tomar decisões mais assertivas e perceber quando algo não está funcionando como deveria.
A menstruação traz consigo o início da vida sexual da mulher e logo a virgindade entra como um tabu consequente. Aqui você desmistifica os mitos da virgindade ao redor do mundo.
O Lábios Livres acolhe todas as mulheres em suas multiplicidades de vozes para um mundo mais livre e respeitoso.
Referências
Menstruação - O que é | Clique aqui
Novos estudos investigam a influência da Lua em nosso sono e no ciclo menstrual | Clique aqui
Women temporarily synchronize their menstrual cycles with the luminance and gravimetric cycles of the Moon | Clique aqui
Menstruação e ciclo menstrual | Clique aqui
O que é a menstruação (e 20 dúvidas comuns) | Clique aqui
Dismenorreia | Clique aqui
Menstruação Irregular | Clique aqui
O que usar na menstruação: conheça os diversos métodos! | Clique aqui
Síndrome da Tensão Pré-Menstrual | Clique aqui
O que é pobreza menstrual e como ela afeta a sociedade | Clique aqui
