O que são orgasmos múltiplos e como chegar lá
Já pensou ter 8 orgasmos de uma só vez? Orgasmos múltiplos são mais que possíveis e distinguem nosso prazer do potencial masculino. Mas… muitas mulheres não conseguiram ter sequer um orgasmo na vida. Hoje te explicamos o que são orgasmos múltiplos e as diversas formas de se ter prazer.
Ao ler você aprende:
- A diferença entre orgasmo e orgasmo múltiplo
- Como chegar lá?
- Outras formas de alcançar o orgamo
- Qual a diferença entre gozo e orgasmo
- De onde vem o mito de que mulher não tem orgasmo
- Orgasmos múltiplos sem relação sexual: o que é a terapia orgástica
Orgasmo x Orgasmo múltiplo
O orgasmo é definido pelo Oxford Languages como o momento em que o prazer da excitação sexual atinge o máximo de intensidade. Apesar do clitóris ter um potencial orgástico maior que o órgão mascculino, estudos indicam que a maioria das mulheres têm dificuldade de alcançar o orgasmo.
O orgasmo feminino não tem um padrão! De acordo com o blog Prazer Ela, os orgasmos têm como principal característica a sensação intensa de prazer misturada com certo alívio e satisfação. No caso dos orgasmos múltiplos, eles ocorrem em poucos segundos, de forma sequenciada.
Uma pesquisa realizada com brasileiros mostra que 78% das mulheres entrevistadas não chegam a ter orgasmos durante suas relações sexuais. O estudo mostra ainda que 3% delas nunca chegaram a sentir orgasmo durante a vida sexual, ao contrário dos homens que calculam 0%. Ou seja, é raro encontrar um homem que nunca tenha sentido um orgasmo! Isso prova que mulheres são mais difíceis de gozar?
A anatomia do nosso órgão do prazer nos prova o contrário! O clitóris tem 8 mil terminações nervosas que provocam prazer quando estimuladas, bem mais comparada ao pênis que possui 4 mil. E não para por aí! São mais de 15 mil ligações com outras terminações nervosas. Tanta fonte de prazer e ainda há quem acredite que mulher não pode gozar.
Como chegar lá
Mulheres podem ter orgasmos múltiplos. De acordo com a Women's Health, além da vantagem do clitóris, que possibilita orgasmos consecutivos, nosso cérebro também é um grande aliado na hora da excitação. Como explica a psicóloga e terapeuta sexual Holly Richmond ao orientar que as mulheres devem descobrir o que as excita.
Uma forma de chegar ao orgasmo múltiplo é começar estimulando regiões como os seios. De acordo com a Go outside, um orgasmo do mamilo pode ser um precursor do clímax genital quando a mulher quer ter a experiência do múltiplo.
Mulheres que tiveram a experiência dessa sensação de prazer descrevem que conseguem chegar neles por serem bastante estimuladas antes mesmo da penetração, podendo chegar a ter até oito orgasmos por relação sexual. Em resumo, mesmo não sendo tão comuns, os orgasmos múltiplos não exigem requisitos e podem acontecer com todas as mulheres.
Já sabemos que o orgasmo dura apenas alguns segundos, mas oferece vários benefícios à saúde e à autoestima. No entanto, cada mulher é única em seus gostos e preferências, por isso, na hora do prazer, toda individualidade deve ser respeitada.
Apesar de existirem muitas formas de chegar lá, a psicóloga e sexóloga Luísa Miranda, defende que começar a relação sexual tendo o orgasmo como objetivo não é uma boa estratégia. Ela explica que as maiores chances de clímax acontece quando se foca na reciprocidade do toque e que isso não precisa partir apenas dos órgãos genitais.
Outras formas de chegar no orgasmo
Existem muitas possibilidades de prazer (além do próprio clitóris). Apesar de estudos demonstrarem que mulheres, especificamente as heterossexuais, são as que menos atingem essa sensação de prazer intensa, as possibilidades de orgasmos para as mulheres são muitas e podem ser conquistadas de várias maneiras.
1. Através do canal vaginal
É por meio da penetração que sexo vaginal acontece. Para a ginecologista Ellen Carvalho, é mais fácil ter um orgasmo com penetração quando a vagina tem uma sensibilidade mais aguçada. Por isso, a ginecologista explica que para chegar ao orgasmo pela penetração, a mulher deve ser bem estimulada desde o começo do ato, pois a resposta sexual feminina acontece lentamente.
Ao discorrer sobre técnicas para aumentar as chances de um orgasmo vaginal, a Women's Health cita uma pesquisa publicada no periódico acadêmico The Journal of Sexual Medicine que afirmou que alcançar o ápice pela penetração vaginal é mais fácil quando a relação sexual é mais longa.
2. Através do “Ponto G”
É pela estimulação da vagina que se atinge o que alguns chamam de ponto G. Ao abordar o orgasmo vaginal em entrevista ao jornal Metrópoles, a ginecologista Luiza Sousa afirma que podemos sentir uma área rugosa se introduzirmos o dedo na vagina, e essa zona, após o estímulo, aumenta de tamanho. Esse seria o ponto G.
De acordo com a ginecologista Carolina Ambrogini, em uma publicação do portal Minha Vida, o ponto G é real e é uma região no terço proximal da parede anterior da vagina. No entanto, a existência desse ponto específico não é um consenso entre as pessoas que estudam sexualidade.
Alguns estudos argumentam que o ponto G feminino é um mito, pois o suposto local em que ele está é apenas uma distribuição de terminações nervosas. O que você acha? Já teve um orgasmo nesta região?
3. Através do clitóris
Dentre as zonas erógenas, o clitóris é uma que se destaca pela facilidade em proporcionar prazer. Por isso, um dos tipos de orgasmo é por meio dele. Para termos ideia, segundo o ginecologista Bruno Jacob, do canal Gineco sincero, o clítoris tem quatro vezes mais terminações nervosas que a glande do pênis. O orgasmo clitoriano, por causa dessas mesmas terminações, pode ser ainda mais intenso que o vaginal.
Ao conversar com a revista Claudia, a terapeuta tântrica Deva Dasi Abigail, deu um macete valioso sobre como despertar o clitóris: tocá-lo suavemente por 15 minutos diários. Na entrevista em questão, Deva explicou que tocar o clitóris com movimentos circulares ou de cima para baixo sutilmente o torna mais sensível a estímulos sexuais e mais propenso a orgasmos intensos.
4. Através do canal anal
Em uma publicação do Blog Universa, o orgasmo pelo sexo anal, por conta de todo o tabu e dos mitos que ainda cercam essa prática, é definido como o mais difícil de acontecer. A verdade é que é perfeitamente possível ter prazer anal, e até mesmo chegar ao clímax por meio dele. Afinal, essa região possui muitas terminações nervosas que podem proporcionar prazer se a mulher estiver relaxada e excitada. Segundo uma publicação da UOL, o orgasmo anal não depende exclusivamente da penetração, podendo acontecer com a ajuda de vibradores ou até mesmo dos dedos. Mas atenção: contrário da vagina, o ânus não tem lubrificação natural, por isso, é indispensável o uso de lubrificante no sexo anal.
Além de dicas importantes, como a da lubrificação, o Portal Delas dá outras orientações para quem quer chegar lá pelo sexo anal. Podemos citar principalmente a de relaxar e a de se comunicar com seu parceiro, já que é essencial ter a mente aberta para que a prática seja prazerosa e falar para o parceiro do que você gosta e do que te deixa desconfortável.
5. Através das mamas
Está enganado quem pensa que todas as possibilidades de orgasmo estão todos da cintura para baixo! O estímulo dos mamilos também pode levar ao clímax. Em entrevista ao Universa, do portal UOL, a consultora de sexualidade Fernanda Pauliv, afirmou que porque os seios são uma área extremamente sensível, o toque nessa região pode ser incômodo se não for feito corretamente. O ideal seria fazer movimentos circulares nos mamilos com velocidade e pressão adequadas.
Para chegar nesse orgasmo, recomenda-se explorar o que a parceira gosta, conhecer as possibilidades para entender como o corpo reage a esse tipo de estímulo. O blog Go Outside explica que se os dedos ou a língua não forem suficientes para chegar lá, uma opção são os brinquedos, como vibradores.
6. Através do “Ponto U”
Mesmo sendo uma região bem sensível, este tipo de orgasmo não é tão conhecido quanto os falados anteriormente. Vamos começar falando que o ponto U não é um local específico, na verdade, ele é o espaço entre o orifício da uretra e a entrada do canal vaginal. No portal Donna, a ginecologista Marcia Grutcki explica que esse ponto fica especificamente no encontro entre as duas laterais do clitóris e, por ser uma área de hipersensibilidade, deve ser estimulado manual ou oralmente com bastante cuidado.
Para Tatiana Presser, psicóloga e sexóloga, o ponto U, por ser externo é ótimo para potencializar a lubrificação. Por isso, ela sugere que uma das melhores formas de explorar essa região é com sexo oral, de preferência com movimentos circulares com a língua em volta da uretra e indo até a entrada do canal vaginal.
7. Através do colo cervical ou colo do útero
Também dá para ter muito prazer no colo do útero, sabia? Em entrevista ao portal Metropoles, Gabriela Garcia e Gleicy Kelly Costa, do Vulva Livre, descreveram o orgasmo cervical como o que acontece no cérvix e que resulta de penetrações mais profundas, com ângulos profundos também. De acordo com uma matéria do portal UOL, por causa da localização do cérvix (no fim do canal vaginal), algumas das posições que podem provocar esse orgasmo por causa das penetrações mais profundas são as de quatro ou a que a mulher fica por cima.
Mas existem algumas condições para o orgasmo cervical acontecer. Segundo Danni Cardillo, sexóloga, por causa da localização do colo do útero, para ser uma relação prazerosa entre homem e mulher, a profundidade da vagina deve ser compatível com o tamanho do pênis. Em outras palavras, Danni explica que se o canal vaginal for mais curto e o pênis comprido, a penetração pode ser dolorosa, e não prazerosa.
Afinal, qual a diferença entre gozo e orgasmo?
É preciso saber que existem diferenças entre o gozo e o orgasmo, e o prazer pode ser alcançado durante toda a relação, mesmo antes de atingir os dois, e ainda mais: é possível alcançar um e não alcançar o outro.
O orgasmo é o ápice da relação sexual, é aquilo que você quer ter ao se relacionar com algum parceiro ou, até mesmo, sozinha. Se você tem dúvidas se já atingiu o orgasmo ou não: acredite, você não atingiu. Porque quando você alcançar, vai saber. Mas erroneamente, ele é confundido com o gozo. É aquela sensação que você sente e diz “gozei!”. Não, você pode até ter gozado, mas essa sensação é o orgasmo. Para alcançá-lo, é preciso saber que ele está diretamente atrelado a mente e a imaginação, e também a fatores físicos.
Cientificamente, para que uma mulher se sinta bem na relação, existe uma combinação de fatores físicos e psicológicos. Fisicamente, é necessário que você não sinta desconforto, e esteja sentindo-se à vontade com o parceiro. Do ponto de vista psicológico, é necessário que você se sinta bem com o seu corpo e saiba do que ele é capaz, com ou sem dupla, afinal, a masturbação pode fazer com que você tenha sensações e viva experiências incríveis.
Não tente pensar no que você lê em livros, ou assiste na televisão – o orgasmo pode acontecer sem você “ver estrelas” ou subir em uma “montanha-russa”. Na realidade, a vontade chega, aumenta, ocorre o pico e logo após vai embora. Mas esse pico não é generalizado e cada pessoa pode senti-lo por um tempo diferente. Além disso, existem diferentes intensidades e tipos – inclusive, temos um post aqui no blog falando sobre, clique para conferir.
O mito do orgasmo múltiplo
Quem nunca ouviu que “mulher não goza sempre”, “mulher é mais difícil de gozar”? Homens, cientificamente, não tem mais facilidade de atingir prazer que as mulheres (pelo contrário). Então: de onde surgiu esse mito?
Ao tentar investigar a origem, me deparei com os seguintes tópicos: pornografia, educação sexual e tabu. Esse grande coquetel produz e propaga um dos maiores mitos acerca do orgasmo feminino, o de que ele é quase impossível.
Para as mulheres, o orgasmo, assim como a busca por prazer por parte delas, é um tema ainda cercado por alguns tabus. Tabus esses que podem até contribuir para que algumas mulheres não consigam chegar ao orgasmo. É o que explica a psicóloga e sexóloga Luísa Miranda, sobre a dificuldade ou ausência de orgasmos. De acordo com ela, os fatores mais comuns dessa disfunção têm a ver com a falta de autoconhecimento, que poderia ser promovido por meio da masturbação, por exemplo. A ausência de orgasmos também pode ser causada por fatores hormonais, que podem ser causados, por exemplo, pelo uso de medicamentos que inibem a libido.
O diretor clínico do Instituto de Psicologia e Sexologia de Madri, Héctor Galván, afirma que o estresse é outro componente que inibe muito o prazer sexual. Em entrevista à BBC, ele argumenta que o organismo pode até sentir desejo e excitação, mesmo com algum nível de estresse, mas para chegar ao orgasmo é necessário um alto nível de relaxamento.
Na série de documental Explained, da Netflix, estreada em 2018, afirma-se que se compararmos a atividade cerebral masculina e feminina, veremos que após o orgasmo, o cérebro masculino deixa de responder aos estímulos genitais. Enquanto o das mulheres continua responsivo, o que possibilita orgasmos múltiplos consecutivos.
A pornografia contribui para que o que espera de prazer e a dinâmica sexual sejam moldadas para o prazer masculino. Estudos já indicam que a exposição a conteúdo pornográfico produz efeitos no cérebro. Apesar do consumo compulsivo ser mais masculino, as mulheres não saem ilesas do consumo. As buscas nos sites são diferentes. Normalmente os homens buscam vídeos em que os órgãos sexuais são colocados em foco, com close up, com movimentos mais teatrais e exagerados. Já as mulheres buscam vídeos contextuais, em que se remontam uma situação até que se chegue na relação sexual. Em maioria, os vídeos podem ser mais lentos e com atuação não muito exagerada.
Billie Eilish relata em recente entrevista como as sequelas da exposição a pornogafia atingiram seu cérebro. “Acho que realmente destruiu meu cérebro e me sinto incrivelmente devastada por ter sido exposta a tanta pornografia”, conta Eilish.
Massagem ou terapia orgástica e orgasmos múltiplos
Já imaginou ter 15 orgamos seguidos? E sem fazer relação sexual? Essa é a terapia orgástica. O site Hypeness a define como processo de desenvolvimento terapêutico que busca despertar o potencial orgástico do corpo um processo de desenvolvimento terapêutico que busca despertar o potencial orgástico do corpo.
“Mais que uma massagem, é uma experiência íntima, num espaço seguro entre paciente e terapeuta. Depois de passar pela escuta e pelo acolhimento, a mulher é convidada a ficar nua e é guiada por um processo de consciência corporal seguido da descoberta da energia vital da vulva”, descreve Gabrielle Estevans para a Hypeness.
Gabrielle descreve a experiência como uma “supernova existencial”. “A ditadura do “chegar lá” pode ser tão cruel quanto nunca ter a possibilidade de se explorar, conhecer e descobrir suas preferências e potências. Não é a meta final que deve estar em jogo para nós, mulheres, mas entender o que há por trás da estratégia patriarcal de nos afastar de uma sexualidade sadia e poderosa”, relata.
“Quinze orgasmos, é isso mesmo? Saí de lá estarrecida. Não tanto pela quantidade — embora, claro, seja surpreendente —, mas principalmente pelas possibilidades de sensações físicas completamente diferentes de um êxtase para outro.”
Como agora sabemos, mitos e fatores sexistas rodeiam a nossa sexualidade e o seu potencial. E a verdade é que não há forma correta de alcançar um orgasmo ou orgasmos múltiplos. Todos temos o potencial de sentir todo o nosso prazer corporal, mas tratar como um objetivo a ser alcançado a todo custo não é a melhor ideia.
Quando gozar se torna uma meta a ser alcançada, você coloca uma pressão onde você precisa e deve estar relaxada. Então, como lidamos? Não há nenhuma arma secreta. Não há maneira mágica de fazer sexo. Não há uma posição perfeita para tentar. Compreender a sua sexualidade e o seu corpo é na realidade desconstruir toda uma vida. Por isso, seja gentil consigo mesmo e tenha paciência com o seu processo.