Ser mulher é abrangente e tem muito a ser discutido. Aqui você compreende o que é ser mulher e como elas se encaixam no movimento LGBTQI+.
Ao ler o texto você aprende:
- A diferença entre sexualidade e gênero;
- LGBTQI+: significado das letras;
- Glossário de termos LGBTQI+;
- Mulheres trans: compreendendo a mudança de gênero;
- Ser mulher.
Diferença entre sexualidade e gênero
Mesmo na modernidade, onde é possível obter informação a todo momento e sobre qualquer assunto, a homofobia e a transfobia baseadas na orientação sexual de quem se considera como LGBTQI+ são cada vez mais frequentes. Isso se deve, também, ao fato de que a sociedade ainda não se desligou de suas raízes patriarcais e supervaloriza o masculino e suas experiências como princípio universal e normativo da humanidade.
O termo gênero, dentro das ciências sociais, refere-se ao aspecto cultural da diferença entre homens e mulheres, ao que é definido como roupas, experiências, profissões, papéis sociais e econômicos de cada um. Já a sexualidade está ligada ao desejo afetivo-sexual e à representação social da identidade de gênero, e não à constituição biológica de cada pessoa.
O que significa o ela/dela na bio das redes sociais?
Você já deve ter esbarrado em perfis que contêm os pronomes ela/dela ou ele/dele ou elu/delu em suas biografias e se perguntado qual o significado disso, certo?
Essa ação é fruto da expansão dos temas LGBTQI+ e a consciência dessa população sobre seus gêneros e sexualidade, questionando preconceitos e padrões. Principalmente o fato de ter seu gênero definido com base em sua aparência, nome e/ou genitália. Ao utilizar os pronomes na biografia da rede social, a pessoa está apontando para qual gênero você deve se referir a ela. Ou seja, mesmo que a foto e o nome tenham a aparência de um homem, se está escrito ela/dela, você deve se referir a essa pessoa no feminino.
Existem muitas variações dos tipos de pronomes usados, mas as principais são:
- ela/dela para se referir a pessoas no gênero feminino;
- ele/dele para se referir a pessoas no gênero masculino;
- elu/delu ou ele/dela ou ela/dele para se referir a pessoas não-binárias;
E isso vai mudar alguma coisa? Os avanços e benefícios às minorias só acontecem quando nos posicionamos, exigimos e damos voz às pessoas que precisam. Dessa forma, fazendo uso do pronome na biografia, é possível acelerar o processo de normalizar a transgeneridade àqueles que ainda não tem tanto contato com o tema.
O uso do pronome na biografia deve ser incentivado também às pessoas cisgênero, dessa forma teremos a naturalização da prática e daremos visbilibilidade ao movimento. Contudo, é comum que pessoas trans se opunham alegando apropriação e ocupação de lugar de fala, então cabe a cada um decidir se está de acordo com seu posicionamento nas redes sociais.
O uso correto do pronome a qual a pessoa se identifica é uma forma de respeito e reconhecimento social de seu gênero. Por isso temos visto tanto debate sobre o Big Brother Brasil 22 e participantes, que mesmo depois de 40 dias de programa, usam o pronome errado para se referir à Linn da Quebrada - que se identifica como travesti e já declarou inúmeras vezes que quer ser chamada pelos pronomes ela/dela.
LGBTQI+: significado das letras
Cada letra da sigla LGBTQI+ agrega um grupo de pessoas que se reconhecem por uma orientação sexual ou identidade de gênero diferentes daquelas que a sociedade convencionou como únicas - orientação heterosexual e gêneros feminino e masculino.
Ela é a evolução da sigla GLS (gays, lésbicas e simpatizantes), de GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais) e LGBT. A retirada do “s”, de simpatizantes e que refere a pessoas que apoiavam a causa, deu-se pelo entendimento de que eles não eram protagonistas do movimento. Já a troca de posições entre “g” e “l” foi motivada para dar visibilidade às mulheres lésbicas e também promover a equidade de gênero.
Essas próprias mudanças na sigla - inserção de letras, retirada e reposicionamento - demonstram a evolução do movimento pela inclusão de pessoas em suas diferentes orientações sexuais e identidades de gênero.
Antes de chegarmos às letras e seus significados, é importante frisar que reconhecer os grupos não tem a ver com rotulá-los, mas sim reconhecê-los na pluralidade. Para isso, é preciso “destreinar” a cabeça e abandonar o esquema de caixinhas. Cada pessoa é quem deve definir sua orientação sexual e seu gênero.
L - LÉSBICAS: mulheres cis ou trans que se identificam no gênero feminino e que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero.
G - GAYS: homens cis ou trans que se identificam no masculino e que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero.
B - BISSEXUAIS: homens e mulheres que sentem atração afetiva/sexual pelos gêneros feminino e masculino. Pessoas que sentem atração afetiva/sexual por todos os gêneros se identificam como pansexuais.
T - TRANSEXUAIS, TRANSGÊNEROS e TRAVESTIS: pessoas que não se identificam com o sexo designado ao nascimento. Termo relacionado à identidade de gênero e não a orientação afetiva/sexual.
Q - QUEER: pessoas que transitam entre os gêneros femininos e masculinos O termo afirma que a orientação sexual e identidade de gênero são formados por meio da construção social e não de uma funcionalidade biológica.
I - INTERSEXO: antigamente eram chamadas de hermafroditas - termo considerado pejorativo. As pessoas intersexuais nascem com características sexuais biológicas que não se encaixam na norma binária, ou seja, não são definidas entre masculino e feminino.
A - ASSEXUAL: pessoas que não sentem atração afetiva/sexual por pessoas, sejam elas do mesmo gênero ou do gênero oposto.
+ - PANSEXUAL, NÃO-BINÁRIO e OUTROS: representa as diversas possibilidades de identidade de gênero ou orientação sexual.
As bandeiras LGBTQI+
BANDEIRA LEATHER (COURO)
A Leather Pride Flag é um símbolo usado pela subcultura de couro desde os anos 90. Ele foi projetado por Tony DeBlase em 1989 e foi rapidamente adotado pela comunidade gay Leather. Desde então, tornou-se associado ao Couro em geral e também a grupos relacionados.
A bandeira é composta por nove faixas horizontais de larguras iguais. De cima e de baixo, as listras alternam entre o preto e o azul royal. A faixa central é branca. No quadrante superior esquerdo da bandeira há um grande coração vermelho. O coração vermelho é para o amor.
Em junho de 1989, a bandeira foi usada pelo contingente de couro na famosa parada do orgulho LGBT+ de Portland, Oregon, nos Estados Unidos, essa foi sua primeira aparição em uma parada do orgulho LGBT+.
Embora a bandeira seja muito comum na comunidade de couro gay, ela não é um símbolo exclusivamente gay e representa toda a comunidade de couro.
Além disso, enquanto projetado como um símbolo para a subcultura de couro, também é amplamente usado dentro da subcultura BDSM (escravidão e disciplina, dominância e submissão, sadomasoquismo).
CORES E SIGNIFICADOS
Preto: a cor dos seguidores de S/M;
Azul: para os seguidores do jeans fetiche;
Brancos: solidariedade com os novatos da cena S/M;
O Coração: S/M não tem nada a ver com violência crua, mas é praticado com respeito mútuo, consentimento e compreensão.
BANDEIRA URSO
A bandeira internacional da irmandade do urso foi projetada em 1995 por Craig Byrnes.
Bear é uma gíria gay afetuosa para aqueles que vivem nas comunidades de ursos, uma subcultura na comunidade gay e um subconjunto emergente da comunidade LGBT+ com seus próprios eventos, códigos e identidade específica. Ursos tendem a manter os pêlos corporais e faciais. Alguns são pesados. Alguns projetam uma imagem da masculinidade da classe trabalhadora em sua aparência, embora nenhum desses códigos sejam um requisito ou um indicador único.
O conceito de urso pode funcionar como uma identidade, uma afiliação e um ideal para se viver. Há um debate em andamento nas comunidades de ursos sobre o que constitui um urso. Alguns afirmam que a auto-identificação como um urso é o único requisito, enquanto outros argumentam que os ursos devem ter certas características físicas, como um peito e rosto cabeludo, um corpo grande ou um certo modo de se vestir e se comportar.
Os ursos são quase sempre homens gays ou bissexuais. Homens transgêneros (independentemente de sua orientação afetivo sexual) e aqueles que evitam rótulos de gênero e sexualidade estão cada vez mais incluídos.
A comunidade se espalhou por todo o mundo, com clubes de ursos em muitos países. Os clubes de ursos muitas vezes servem como redes sociais e sexuais para homens gays e bissexuais mais velhos e que se encaixam nas descrições do que é ser um urso. Os membros frequentemente contribuem para suas comunidades gays locais por meio de captação de recursos e outras funções.
BANDEIRA POLIAMOR
A bandeira do orgulho do poliamor (Polyamory) , desenhada por Jim Evans em 1995, tem faixas de azul, vermelho e preto.
O poliamor tornou-se um termo genérico para várias formas de relacionamentos não-monogâmicos, de múltiplas parcerias sexuais ou românticas não-exclusivas. Seu uso reflete as escolhas e filosofias das pessoas envolvidas, mas com temas ou valores recorrentes, como amor, intimidade, honestidade, integridade, igualdade, comunicação e comprometimento.
Poliamor (do grego πολύ poly, “muitos, vários” e latim amor, “amor”) é a prática ou o desejo de relacionamentos com mais de uma pessoa, com o consentimento de todes parceires envolvidos. Tem sido descrito como “não-monogâmico consensual, ético e responsável”. Pessoas que se identificam como poliamorosas acreditam em um relacionamento aberto com uma administração consciente do ciúme; eles rejeitam a visão de que a exclusividade sexual e relacional é necessária para relacionamentos amorosos profundos, comprometidos e de longo prazo.
CORES E SIGNIFICADOS
Azul: representa a abertura e honestidade entre todos as pessoas parceiras com os quais as pessoas que são poliamorosas conduzem seus múltiplos relacionamentos;
Vermelho representa amor e paixão;
Preto: representa solidariedade com aquelas pessoas que, embora sejam abertas e honestas com todes os participantes de seus relacionamentos, deve esconder esses relacionamentos do mundo exterior devido a pressões sociais.
BANDEIRA DE ARROMANTICIDADE
Essa bandeira de *Arromanticidade* é mais conhecida e validada para o conceito de *afetividade*, que pode ser intrínseca para as orientações *assexuais* e as orientações *alossexuais*.
Arromanticidade: A arromanticidade trata-se apenas de uma característica, ou qualidade afetiva que não é condicionada ao romantismo/romanticidade. Isso significa que essa característica não torna a arromanticidade “fria” ou “indiferente”, mas tão somente não permeada das condicionantes das romanticidades. A arromanticidade, na assexualidade , *nada tem a ver com celibato. Ainda sim, a arromanticidade não interfere na aderência de vínculos ou intimidade com outros afregados afetivos comuns a qualquer afeto de amor e carinho humano.
Uma pessoa de afeto arromântico, seja assexual ou alossexual, pode ter até uma facilidade para ser mais compassiva e incondicional no amor do que qualquer outra condição afetiva romântica, geralmente mais seletiva e apegada. Uma pessoa assexual arromântica vive naturalmente e sem qualquer desconforto diante da ausência da necessidade do ato sexual.
A libido dessas pessoas não é sexual, mas de outros tipos mentais (outra malha de conexões neuronais), que acionam os mecanismos do funcionamento orgásmicos, por meio do conjunto de outros estímulos supranormais, de outras ordens. Lembre-se, que não existe só libido sexual. Todas as libidos são efeitos de estímulos estruturados na programação mental.
CORES E SIGNIFICADOS
Verde: cor oposta ao rosa/vermelho (cores associadas ao romance);
Verde claro: espectro arromântico (arospec);
Branco: a existência das relações platônicas e sua importância;
Cinza e Preto: arromântiques assexuais e alossexuais (não assexuais).
BANDEIRA DEMISEXUAL
A bandeira demisexual tem um triângulo preto saindo do lado esquerdo, uma linha branca espessa na parte superior, uma linha grossa cinza na parte inferior e uma fina faixa roxa no meio.
Uma sexualidade que muitas vezes é negligenciada ou mal entendida é a demisexualidade. As pessoas demissexuais não sentem atração sexual sem uma conexão emocional profunda. Não, eles não são apenas seletivos sobre com quem eles escolhem fazer sexo; os demi-sexuais não têm, literalmente, atração sexual por ninguém, nem escolha, até formarem um vínculo emocional.
Na verdade, a bandeira do orgulho demisexual foi projetada usando as cores da bandeira assexual, mas organizando-as para se distinguirem.
CORES E SIGNIFICADOS
Preto: Representa a assexualidade;
Branco: O branco difere, pois representa a sexualidade na bandeira demisual e “parceiros não assexuais e aliados” na bandeira assexual;
Roxo: Representa o conceito de comunidade;
Cinza: Representa “Gray-Ace” e a demisexualidade em ambas as bandeiras também.
BANDEIRA ASSEXUAL
Criada por um usuário do Assexual Visibility and Education Network (AVEN) chamado standup em 2010 como parte de um concurso. Essa é a bandeira que consolidou-se como a mais abrangente e popular para representar as diversidades de orientações presentes na assexualidade.
Sua história é comprometida com a visibilidade das pessoas que foram estigmatizadas, depreciadas e patologizadas por não vivenciarem as relações de intimidade humana. Como a sociedade foi condicionada a acreditar que só existe um tipo de libido (no caso a sexual) para os potenciais de obtenção de prazer e orgasmo, perde-se com isso uma gama muito vasta de conhecimentos acerca de outras formas de explorar outras capacidades possíveis e integradas para obtenção desse prazer.
A assexualidade vem contribuir de forma profunda com o fato de que o potencial da libido não é restrita exclusivamente aos estímulos sexuais, nem mesmo para se afirmar qualquer relacionamento íntimo. O sexo como não é um referencial sempre prioritário. Na sociedade, as relações sexuais tornaram-se mais um instrumento normativo para abuso de poder nas relações humanas, de forma sutil e condicionada.
A assexualidade pode empoderar os conhecimentos e o compartilhamento de vivências muito positivas e saudáveis relacionadas às diversidades sexuais mais conhecidas fora do padrão heteronormativo. Essa orientação tem sido a mais responsável para ampliar o conjunto de conceitos identitários, não os limitando apenas a gêneros e sexualidades. Assim, se acrescentam outros conceitos fundamentais para evidenciar as múltiplas formas de correlações entre pessoas assexuais e pessoas não assexuais.
CORES E SIGNIFICADOS
Preto: Representa a assexualidade;
Branco: Representa parceiros e aliades alossexuais (não assexuais);
Roxo: Representa o conceito de comunidade.
BANDEIRA POLISSEXUAL
As orientações afetivo-sexuais classificadas como polissexuais se diferem das monossexuais. As monossexualidades mais conhecidas são heterossexualidade e homosexualidade (gays e lésbicas). Polissexuals preferem esse termo do que o termo bissexual, que sugere atração por apenas dois gêneros. Polissexuais incluem a possibilidade de atração por três ou mais gêneros.
CORES E SIGNIFICADOS
Rosa: representa aquelas pessoas que se identificam como mulher (independentemente do corpo/genital);
Verde: representa atração por vários gêneros como; não binário, agender, fluidos e pessoas de expressão de gênero andrógina;
Azul: representa aqueles que se identificam no espectro masculino (independentemente do corpo/genital).
BANDEIRA BISSEXUAL
A bandeira do orgulho bissexual foi desenhada por Michael Page em 1998 para dar à comunidade o seu próprio símbolo comparável com a bandeira do arco-íris. O seu objetivo era o de aumentar a visibilidade das pessoas bissexuais, tanto entre a sociedade no conjunto como dentro da própria comunidade LGBTQIAP+.
Bissexualidade – é um termo guarda-chuva para definir a orientação afetivo-sexual em que a pessoa sente atração tanto por pessoas do mesmo gênero quanto do gênero oposto.
CORES E SIGNIFICADOS
Rosa: representa a atração afetivo/sexual ao mesmo gênero (gay e lésbico);
Azul: representa a atração afetivo/sexual ao gênero oposto (indivíduo heterossexual);
Roxa: as faixas azul e rosa sobrepostas no centro formam uma sombra profunda que representa a atração afetivo/sexual a ambos os gêneros (bissexuais).
BANDEIRA PANSEXUAL
A bandeira do orgulho pansexual foi encontrada em vários sites desde meados de 2010. É usada para aumentar a visibilidade e o reconhecimento da comunidade pansexual e para distingui-la da bissexualidade. Indica que os pansexuais têm atrações afetivo-sexuais e relacionamentos com pessoas de diferentes gêneros e sexualidades.
Em muitos países, o termo “queer” também é usado como orientação afetivo-sexual para representar pessoas que gostam de pessoas independentemente do gênero e orientação afetivo/sexual. A pansexualidade pode ainda pode ser chamada de onissexualidade ou omnissexualidade. O prefixo “pan” refere-se apenas aos gêneros, e não às práticas sexuais. Portanto, a pansexualidade não implica aceitação de todos os comportamentos sexuais (como as parafilias, por exemplo), mas refere-se ao papel do gênero na atração afetivo-sexual.
CORES E SIGNIFICADOS
Rosa: representa aqueles que se identificam no espectro feminino (independentemente do corpo/genital);
Amarelo: representa atração não-binário, agender, fluidos e pessoas de expressão de gênero andrógina;
Azul: representa aqueles que se identificam no espectro masculino (independentemente do corpo/genital).
BANDEIRA INTERSEXO
A bandeira intersexo foi criada em julho de 2013 pela Intersex Human Rights Austrália (então conhecida como Organização Intersexo International Austrália) para criar uma bandeira “que não é derivada, mas está firmemente fundamentada no significado”.
As pessoas intersexo ainda lutam por autonomia corporal e integridade genital, e isso simboliza o direito de ser quem e como querem ser. A organização a descreve como disponível gratuitamente “para uso por qualquer pessoa intersexual ou organização que deseje usá-la em um contexto de comunidade de afirmação de direitos humanos”. Lembre-se, é pejorativo e pode ser bastante ofensivo chamar pessoas intersexo de “hermafroditas”.
CORES E SIGNIFICADOS
Amarelo: representa neutralidade de gênero, em vez de associar masculinidade com azul e feminilidade com rosa;
Círculo roxo: simboliza a totalidade.
BANDEIRA AGÊNERO
A neutralidade de gênero é um movimento que busca acabar completamente com a discriminação de gênero na sociedade. Fazem isso adotando uma linguagem neutra e o fim da segregação por gênero. As pessoas agênero têm sua própria bandeira.
BANDEIRA GÊNERO FLUIDO
Pessoas não binárias têm sua própria bandeira do orgulho, que foi criada em 2014. Muitas bandeiras foram usadas na comunidade não binária para representar diversas identidades. Para abranger as flutuações e a flexibilidade de gênero em pessoas com fluidez de gênero, a bandeira apresenta cores associadas ao significado de ser homem ou mulher e a tudo o que existe entre elas. Pessoas de gênero fluido ou genderfluid são considerados um subgrupo de pessoas não binárias, distintivos o suficiente para ter uma bandeira própria.
CORES E SIGNIFICADOS
Rosa: representa mulher;
Branco: representa a falta de gênero;
Roxo: representa uma combinação das expressões da masculinidade e feminilidade;
Preto: representa todas as outras identidades de gênero distintas da homem ou mulher;
Azul: representa o homem.
Agênero: Pessoa que não se identifica ou não se sente pertencente a nenhum gênero. Identidade de gênero que está sob o guarda-chuva não binário ou gênero não conforme e é uma identidade transgênero.
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CORES E SIGNIFICADOS
Preto e branco: Representa a ausência de gênero;
Verde: Representar gêneros não binários.
BANDEIRA GÊNERO QUEER
A bandeira genderqueer (ou gênero queer, em português) foi criada em 2011 por Marilyn Roxie. (Marilyn foi a primeira estagiária do [SSEX BBOX] de São Francisco em 2010). Segundo o Centro de Pesquisa em Equidade de Gênero da Universidade da Califórnia, refere-se à “pessoa cuja identidade de gênero não é nem homem nem mulher, mas está entre, além ou é uma combinação de gêneros”.
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CORES E SIGNIFICADOS
Lavanda: Representa a androginia;
Branco: Representa as identidades de agêneras;
Verde: Representa as identidades de não binárias.
BANDEIRA GÊNERO NÃO BINÁRIO
Pessoas não binárias têm sua própria bandeira do orgulho. Foi criada em 2014 por Kye Rowan. Essa bandeira possui quatro faixas horizontais de igual tamanho.
Não binário: Identidade de gênero derivada do guarda-chuva transgênero. Não binariedade é uma identidade Trans. É usada para descrever pessoas cuja identidade de gênero não é homem ou mulher, tampouco são inteiramente masculinas ou femininas em sua expressão. Esta identidade pode estar entre os gêneros. Pode ser uma combinação de gêneros ou estar além deles. O não binário tem, em sua maioria, uma aparência ou expressão de gênero considerada andrógina, mas isso não é uma regra. Essa identidade é geralmente uma reação à construção social, aos estereótipos e ao sistema binário de gênero. Pessoas não binárias não são novidade e não estão confusas sobre sua identidade de gênero. Também não seguem uma nova moda, já que identidades não binárias são reconhecidas há milênios por culturas e sociedades em todo o mundo e em culturas não ocidentais, como o caso dos nativos americanos chamades* de Two-spirit. No entanto, em culturas que seguem o gênero binário, as pessoas não binárias são frequentemente e sistematicamente excluídas e violentadas. Algumas pessoas não binárias podem se identificar como: gênero queer, gênero fluido, agênero, neutrois, gênero neutro, bigênero, pangênero, multigênero, genderless, intergênero, entre outros. Pessoas intersexo que se identificam como não binárias ou gênero não conforme são reconhecidas como Amálgamas. Todas as identidades não binárias estão sob o guarda-chuva dos transgêneros. Pessoas não binárias não podem ter uma monosexualidade; ou seja, heterossexuais ou homossexuais, mas podem ter uma orientação afetivo-sexual dentro do espectro assexual, bissexual e pansexual.
CORES E SIGNIFICADOS
Amarelo: está fora do conceito binário de gênero;
Branco: pessoas que são de muitos gêneros;
Roxo: fluidez e multiplicidade das experiências de gênero. A unicidade e a flexibilidade de pessoas não binárias;
Preto: ser agênero ou sem gênero.
BANDEIRA TRANS
A bandeira do Orgulho Transgênero foi criada em 1999 por Monica Helms, uma mulher trans estadunidense. Foi exibida pela primeira vez em uma parada de orgulho em Phoenix, Arizona, Estados Unidos, em 2000. A bandeira representa a comunidade TRANSGÊNERO e consiste em cinco faixas horizontais: duas azuis claras, duas rosas e uma branca no centro.
CORES E SIGNIFICADOS
Azul: cor tradicional usada pela sociedade para representar os homens;
Rosa: cor tradicional usada pela sociedade para representar as mulheres;
Branco: para representar pessoas não binárias.
BANDEIRA LÉSBICA
A bandeira com sete diferentes tons de rosa, branco e vermelho, é usada como bandeira oficial das lésbicas em quase todo mundo.
CORES E SIGNIFICADOS
Roxo: Feminilidade;
Roxo claro: Amor;
Lilás: Paz e serenidade;
Branco : Mulheres trans lésbicas;
Rosa: Comunidade;
Salmão: Independência;
Magenta: Sapatão / Butch / Gênero não conforme.
Existe também uma versão que apresenta uma marca de batom no canto esquerdo para celebrar a subcultura de “lipstick lesbian”.
Bandeira arco-íris
LGBT é o acrônimo utilizado para se referir às pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e travestis. Posteriormente, a sigla passa por alterações para incluir outras orientações afetivos-sexuais, identidades e expressões de gênero.
A bandeira do arco-íris tem sido usada como o único símbolo do orgulho LGBT+ e marco dos movimentos sociais LGBTs, embora hoje existam muitas outras bandeiras para reivindicar e nomear outras existências invisibilizadas inicialmente.
Essa banderia arco-Íris está em uso desde 1970, ano em que o movimento homossexual florescia em São Francisco, Califórnia, Estados Unidos. Os militantes da época queriam para a comunidade um símbolo que fosse entusiasta. Assim, o artista Gilbert Baker providenciou um novo modelo baseado nos hippies. Baker era amigo de Harvey Milk, primeiro político gay eleito nos Estados Unidos. Seu uso generalizado começou oficialmente nos anos 1980.
A sua versão mais atual, além das seis barras horizontais, foi adicionada uma seta com 5 cores, para incluir pessoas trans, pessoas pretas e pessoas não brancas, identidades e corpos sub-representados na sigla LGBT+.
CORES E SIGNIFICADOS
Vermelho: representa a vida;
Laranja: representa revigoração e cura;
Amarelo: representa a luz solar;
Verde: representa a natureza;
Turquesa: representa a magia e a arte;
Índigo: representa a serenidade;
Violeta: representa o espírito.
Glossário de termos LGBTQI+
Sexo biológico: é determinado pelos genitais, sistema reprodutivo, cromossomos e hormônios, normalmente ao nascimento. Pode ser feminino (fêmea), masculino (macho) ou intersexo (quando há presença de características biológicas tanto femininas quanto masculinas).
Gênero: se refere a tudo que foi definido ao longo do tempo e que a sociedade entende como papel, função ou comportamento esperado de alguém com base em seu sexo biológico - mulher ou homem.
Identidade de gênero: diz respeito a qual gênero a pessoa se identifica. A identidade de gênero independe do sexo biológico, está relacionada a identificação de uma pessoa como gênero feminino, masculino ou não-binário.
Cisgênero - se identifica com o gênero designado ao nascimento.
Transgênero/Travesti - não se identifica com o gênero designado ao nascimento. Pessoas trans e travestis são sinônimos, contudo, o termo travesti foi usado de forma pejorativa durante muitos anos para se referir a trabalhadoras do sexo.
Não-binário - que não se identifica com nenhum dos gêneros impostos socialmente ou que transita entre ambos.
Expressão de gênero: é como alguém se mostra perante a sociedade, diz respeito à sua aparência. Pode ser feminina, masculina ou andrógina (que mescla elementos tidos como femininos e masculinos).
Orientação sexual: é a atração afetivo-sexual que se tem por outras pessoas. A orientação sexual não é uma escolha, por isso o tempo “opção sexual” não é correto.
Heterosexual - sentem atração por pessoas do gênero oposto;
Homosexual - sentem atração por pessoas do mesmo gênero;
Bissexual - sentem atração por pessoas do gênero feminino e masculino;
Pansexual - sentem atração por pessoas independente do seu gênero;
Asseuxal - não sentem atração por pessoas, independente do gênero;
Mulheres trans: compreendendo a mudança de gênero
De acordo com uma pesquisa feita pela Faculdade de Medicina do Botucatu da Universidade Estadual Paulista (UNIFESP), em 2020, cerca de 0,69% da população brasileira é transgênera. Ainda sim, essas pessoas conquistam a passos lentos seus direitos e espaços, principalmente as mulheres trans. Além do preconceito em relação a sua indentidade de gênero, elas enfrentam estigmas de mulheres cisgênero ao que se refere “ser mulher”.
Assim como mulheres cis, mulheres trans também possuem organizações feministas de combate ao preconceito, machismo, sexismo e transfobia, experimentando uma vivência real e de mulher no Brasil. Contudo, cerca de 90% delas é marginalizada e encontram na prostituição um meio de sobreviência, tendo sua expectativa de vida diminuída para 35 anos.
Por muito tempo a “mulher trans” foi definida como a que passou pela cirurgia de redesignação sexual, enquanto a “travesti” é a que não passou pela cirurgia e se prostitui. É importante destacar que ambos os termos se referem a identidade de gênero, e apesar de nomenclaturas diferentes, são sinônimos e podem ser usados para identificar pessoas transgênero, desde que ela se reconheça de tal forma.
O processo transexualizador (ou de transição de gênero) pode ser desejado ou não por mulheres trans, travestis e pessoas não binárias. Ele envolve muitos aspectos que vão desde a transição social, hormonização até procedimentos cirúrgicos e estéticos. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece em algumas cidades, em ambulatórios próprios, o acompanhamento multiprofissional necessário - que conta com psicólogos, psiquiatras, cirurgiões, endocrinologistas e ginecologistas.
A hormonização, que se refere a terapia hormonal para busca do equilíbrio corporal e traços de acordo com o gênero identificado, têm os resultados alcançados em torno de 2 anos após seu início. Contudo, precisa de acompanhamento contínuo de um endócrino para que seus efeitos colaterais sejam reduzidos ou zerados. A terapia hormonal em mulheres trans também promove a TPM, já que essa terapia é realizada em ciclos e simula o ciclo menstrual de mulheres biológicas, proporcionando as alterações emocionais típicas do período.
As cirurgias de redesignação sexual necessitam de acompanhamento pré e pós operatório contínuo, isso porque a construção da neovagina necessita de certos cuidados com a lubrificação, a higienização e a funcionalidade dos músculos no assoalho pélvico nos mecanismos de contênção urinária, anal e na sexualidade e prazer.
Além disso, é preciso que o cirurgião seja capacitado adequadamente para obter um resultado que seja o mais próximo do esperado. Em um estudo retrospectivo analisando dados de 1962 a 2010, com 429 mulheres trans que realizaram a cirurgia de redesignação sexual na Suécia, foi possível verificar que apenas 10 (cerca de 2,3%) se arrependeram do procedimento. Mas a taxa de arrependimento teve redução proporcional ao tempo a partir de 2001 - considerando o aprimoramento das técnicas cirúrgicas utilizadas. Um dos principais motivos para arrependimento são resultados cirúrgicos ruins, e não pela identidade de gênero em si.
Ser mulher
Assim como a sexualidade é fluida, ser mulher também é. Não existe uma definição do que é ser mulher, a não ser se sentir como uma mulher. “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, assim diz a célebre Simone de Beauvoir. Partindo da premissa existencialista de Jean Paul Sartre “a existência precede a essência”, Simone advoga que o ser humano -as mulheres- não tem identidade definida ao nascer. Ser mulher é uma construção identitária, que é construída ao decorrer da vida e envolta da multiplicidade cultural em que se vive.
A individualidade do ser mulher é muito pessoal e o Lábios Livres abraça todas as mulheres, do jeito que são e escolhem ser.