Métodos contraceptivos são mais antigos do que você imagina! De acordo com a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), há registros de formas para impedir a gravidez desde a Grécia e Egito Antigos. Contextos nos quais as mulheres se submetiam a práticas como a aplicação de goma arábica no canal vaginal, e também de uma mistura que levava mel e até mesmo fezes de crocodilo. Dá para acreditar?

Na idade média, de acordo com o blogue Fatos Desconhecidos, algumas pessoas se especializaram no fornecimento de ervas abortivas para prostitutas, por exemplo. Atualmente, graças aos avanços da medicina e da maior facilidade de acesso a informações confiáveis, existem formas mais acessíveis e seguras para evitar uma gravidez. Vamos conhecer algumas delas!

Pílulas Anticoncepcionais
Pílulas Anticoncepcionais

Pílulas Anticoncepcionais

"Pare de tomar a pílula, porque ela não deixa nosso filho nascer". Assim cantava Odair José na década de 1970, período em que as pílulas anticoncepcionais ainda eram novidade no Brasil. De acordo com uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), há indícios que essas pílulas começaram a ser comercializadas no Brasil apenas em 1962.

A chegada desses comprimidos no país fez parte de um período em que medidas de controle da natalidade faziam parte da política de muitos países considerados de terceiro mundo. Além de terem sido usados para tentar impedir o crescimento desenfreado da população, a ampla divulgação de métodos contraceptivos naquele momento histórico também está relacionada a movimentos de revolução sexual.

Afinal, com a chegada de métodos contraceptivos, homens e mulheres poderiam manter relações sexuais apenas por prazer, sem necessariamente gerar outra vida. Em uma publicação, a revista Superinteressante explicou que, quando tomada corretamente, a pílula anticoncepcional tem eficácia superior a 99%.

De acordo com Beatriz Maia Gouveia, médica residente em ginecologia e obstetrícia no Hospital Geral de Fortaleza, a eficácia da pílula varia de acordo com o uso da paciente. A eficácia do medicamento pode cair se a mulher não o tomar no mesmo horário diariamente, por exemplo.

Ela exemplificou que em caso de pacientes que estão amamentando e que estão usando uma pílula com uma dose de progestagênio menor, o atraso de algumas horas já compromete a eficácia do medicamento. Entre as contra indicações absolutas, a médica destacou que pacientes com mais de 35 anos fumam mais de quinze cigarros diariamente.

Dispositivos Intrauterinos (DIU)
Dispositivos Intrauterinos (DIU)

Dispositivos Intrauterinos (DIU)

Assim como a pílula anticoncepcional, os dispositivos intrauterinos (DIU) começaram a ser comercializados no Brasil na década de 1960, em um contexto em que países em desenvolvimento procuravam reduzir suas populações. Esse método contraceptivo de longa duração é, de acordo com o portal Brasil Escola, uma pequena estrutura em formato de T que é inserida por um médico ginecologista no útero.

Em uma publicação do site da Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o ginecologista Rogério Bonassi,  que é presidente da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção da FEBRASGO, explicou que o DIU é muito recomendado para quem esquece de tomar um anticoncepcional na mesma hora, ou para quem nem mesmo lembra de tomá-lo.

Existem três tipos de DIU: cobre, prata e hormonal, também conhecido como mirena. Em seu portal, a ginecologista Fernanda Torras explica que o diu de cobre libera pequenas quantidades desse material no útero, deixando-o assim inóspito para a sobrevivência de espermatozóides. O diu de cobre pode permanecer no corpo por até 10 anos. De acordo com Beatriz Gouveia , residente de ginecologia e obstetrícia do Hospital Geral de Fortaleza, é comum que esse dispositivo de cobre causa inflamações locais, por isso, ele precisa ser visto por ultrassom semestralmente para que o médico veja se o DIU está no lugar certo.

O DIU de prata, por sua vez, é composto também por cobre. Em uma publicação do site DKT Saúde da Mulher, a ginecologista e obstetra Carla Cooper explica que esse tipo de DIU tem 99% de eficácia, liberando íons de cobre que impedem os espermatozóides de fertilizar o óvulo. Citada previamente, Beatriz Gouveia completa que o dispositivo de prata não causa tantas inflamações quanto o de cobre, e pode ser usado por cinco anos.

Em outra publicação, o portal Tua Saúde discorreu sobre a DIU hormonal. Segundo a postagem, o DIU hormonal, ou de mirena, libera o hormônio progesterona no útero e também é indicado em tratamentos para pessoas que têm grandes perdas de sangue durante a menstruação.

Preservativos
Preservativos

Preservativos

Popularmente conhecido como camisinha, o preservativo é um método contraceptivo de barreira, ou seja, ele impede a passagem dos espermatozóides no útero. Segundo o portal Gineco, a eficácia da camisinha fica entre 90 e 95% na prevenção de gravidezes e de Infecções Sexualmente Transmissíveis.

De acordo com o portal Brasil escola, a camisinha foi inventada pelos egípcios em 1300 a.C e depois pelos romanos, que a usavam para se protegerem de doenças sexualmente transmissíveis. De acordo com a publicação, em 1960, com a invenção da pílula anticoncepcional, as camisinhas foram menos utilizadas, mas voltaram à tona em 1990 por causa da epidemia de AIDS. Existem camisinhas masculinas e femininas, feitas de poliuretano.

Em seu canal no YouTube, a ginecologista e obstetra Simone Giroldi, a camisinha feminina tem 15 centímetros de comprimento e um anel de silicone que deve ser apertado e introduzido na vagina. De acordo com a médica, a camisinha feminina pode ser introduzida na vagina até oito horas antes da relação sexual. No vídeo, a médica explicou  que não se deve usar as camisinhas masculinas e femininas ao mesmo tempo, porque o atrito entre as duas pode romper os preservativos.

A camisinha masculina pode ser feita de látex e tem 98% de eficiência na prevenção de gravidezes. Mesmo sendo considerado um dos métodos contraceptivos mais seguros, erros na forma de usar o preservativo podem comprometer sua eficácia.

Implantes contraceptivos
Implantes contraceptivos

Implantes contraceptivos

Implantes anticoncepcionais são dispositivos inseridos no braço das mulheres. Segundo o Gineco, essa cápsula de hormônio impede a liberação do óvulo do ovário e altera a secreção do colo do útero. Esse método de longa duração, pode permanecer no corpo por até três anos,  foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2021 para prevenir gravidezes em mulheres de idades entre 18 e 49.

Segundo Igor Padovesi, ginecologista e obstetra, a taxa de eficácia desse método, que é reversível e de longa duração, pode ser comparada ao de uma laqueadura, além de ser oferecer menos riscos de trombose, porque é composto apenas por progesterona. De acordo com o  médico, a taxa de eficácia desse método, que é reversível e de longa duração, pode ser comparada ao de uma laqueadura. Além disso, as pacientes para as quais esse método é contraindicado, são apenas as que já tiveram câncer de mama.

Mas, como nem tudo são flores, até os primeiros seis meses de adaptação, o implante pode apresentar algumas desvantagens, como dores de cabeça, irregularidade do período menstrual e náuseas.

Diafragma contraceptivo
Diafragma contraceptivo

Diafragma contraceptivo

O diafragma contraceptivo é uma boa opção para quem quer evitar a gravidez sem usar hormônios. A médica ginecologista Mariana Maldonado descreve o diafragma como uma peça de silicone arredondada que age como uma barreira física contra os espermatozóides.

De acordo com a ginecologista Sheila Sedicias, é importante consultar um médico antes de adotar esse método porque o instrumento deve ter o tamanho adequado ao colo do útero. Além disso, ela explica que o diafragma pode ser usado por até 3 anos e indica que ele não seja retirado após cerca de 6 horas da relação sexual.

Segundo o jornal da USP esse método tem algumas desvantagens, como a chance de 10% de falha e de não poder ser usado durante o período menstrual. Além disso, de acordo com a publicação, o diafragma contraceptivo não é eficaz na prevenção da maioria das infecções.

Laqueadura

E se você procura um meio de impedir uma gravidez definitivamente, existe a laqueadura. Esse é um procedimento cirúrgico que, de acordo com uma publicação da Febrasgo, tem 99% de eficácia, já que consiste no ligamento ou corte das tubas uterinas, responsáveis por ligar o ovário ao útero. Ao portal Tua Saúde, a ginecologista e mastologista Sheila Sedicias contou que laqueaduras normalmente são irreversíveis, dependendo do tipo do procedimento, que leva entre 40 minutos e uma hora para ser feito.

A laqueadura é um dos métodos contraceptivos realizados no SUS. Entre as condições para realizar o procedimento, o portal Universa destacou as de que a paciente tenha mais de 25 anos ou, pelo menos, dois filhos vivos.

O professor Antônio Aleixo Neto, médico do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais alertou para as consequências emocionais que o método pode causar. De acordo com o professor, pelo fator da irreversibilidade, é importante que a decisão da laqueadura seja bem ponderada. Ele sugere que ela seja vista como uma última opção.

Pílulas emergenciais

Também conhecida como "pílula do dia seguinte” atua na contracepção após a relação sexual, o que diferencia ela dos demais métodos que atuam antes ou durante a relação. Elas possuem uma alta concentração hormonal que irão agir nas próximas horas depois de ingerida. A Anticoncepção Emergencial (AE) ainda que popular nos dias de hoje, o anseio por métodos contraceptivos pós-gravidez tem uma história mais antiga do que se pensa. Há registros de que  desde o período dos hebreus, superstições e magias eram usadas com o propósito de combater a gradez indesejada. Outro método, sem comprovação científica, que se tornou popular foi o uso das duchas vaginais pós-coito.

As pílulas são indicadas em situações especiais e excepcionais, para prevenção de gravidez indesejada após relação sexual desprotegida. Dentre as indicações estão a falha do método de contracepção habitual e abuso sexual. Vale ressaltar que as pílulas do dia seguinte não devem ter uso programado e substituir o método de rotina.

Dentre os efeitos colaterais estão a náusea em 40 a 50% e o vômito em 15 a 20%, ambos são secundários e, em caso de persistência, a ajuda médica deve ser solicitada. Na maioria dos casos, a AE gera poucos efeitos ou complicações para a menstruação. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) 57% das mulheres terão o ciclo menstrual seguinte ocorrendo dentro do período esperado.

Mesmo com todas essas opções de métodos contraceptivos, ainda não chegamos no momento ideal: um método livre de efeitos colaterais. Por isso, devemos estar atentas e falar sobre isso, para pressionar a criação do método anticoncepcional justo e seguro que as mulheres merecem.

E aí, você usa algum método contraceptivo? Qual o seu escolhido?