A candidíase é uma infecção super comum em mulheres. As causas vão desde estresse elevado até sexo sem camisinha. Aqui explicamos o que você deve saber.

Ao ler você compreende:

  • O que é a candidíase;
  • Entendendo os termos: crônica, aguda e sistêmica;
  • Os tipos de candidíase;
  • A candidíase vaginal: sintomas, tratamento, causas e prevenção;
  • Como ter certeza se tenho candidíase;
  • Candidíase na gravidez;
  • Candidíase tem cura?
  • Como conviver com o diagnóstico positivo.

O que é a candidíase

A candidíase (CID 10 - B37), também conhecida por monilíase vaginal, é uma infecção ocasionada pelo fungo denominado Candida albicans ou Monília. Ele se manifesta no corpo através do corrimento espesso e esbranquiçado e, geralmente, de irritação no local.

De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, as Candidas são fungos que já existem no organismo (sob a forma de pequenas leveduras unicelulares).

Em condições normais, a maioria não causa danos ao indivíduo, entretanto, essas mesmas leveduras podem apresentar características patogênicas, caso ocorra um desequilíbrio, em sua relação com o hospedeiro (seu corpo), por isso são consideradas oportunistas, que envolve desde doenças superficiais até invasivas, variando desde candidíase cutânea e das mucosas a candidíase sistêmica da corrente sanguínea.

"A principal espécie envolvida é a Candida albicans, porém nos últimos anos as espécies de Candida não-albicans ganharam bastante importância, como Candida glabrata, Candida krusei, Candida lusitaniae", afirma texto do Ministério da Saúde do Brasil.

Entendendo os termos: crônica, aguda e sistêmica

Basta buscar algo no Google referente à candidíase que você se depara com diversos termos associados à infecção, como crônica, aguda, sistêmica e recorrente. Mas quais as diferenças e o que cada termo quer dizer? A médica Sheila Pachecco explica a diferença:

Candidíase aguda: É, basicamente, o primeiro quadro fúngico que se tem na vida e é tratado pontualmente. Em muitos casos, por ser a primeira vez, pode não ser tratado de forma eficiente, levando a recorrência da candidíase.

Candidíase crônica: Quando acontece o quadro com frequência, mais de 4 vezes ao ano, pode-se dizer que se trata de uma candidíase crônica. Também é conhecido como candidíase vulvovaginal recorrente (CVVR).

Candidíase sistêmica:  A candidíase sistêmica é uma infecção invasiva do sangue ou de outros locais normalmente estéreis (por exemplo, líquidos pleural e peritoneal) causadas por espécies de Candida. São casos mais severos. De forma simples: geralmente a pessoa é internada com algum quadro não relacionado a candidíase e, devido ao sistema imunológico fraco, a desenvolve em outros órgãos que não se teria anteriormente.

Tipos candidíase
Tipos candidíase

Tipos

A mais comum das candidíases é a vaginal em mulheres.

A candidíase vulvovaginal (CVV) é uma patologia extremamente frequente, atingindo 75% das mulheres em alguma fase da vida.

Ainda que com menos comum, a infecção pode acontecer também em homens como também na boca, no esôfago e na pele.

Candidíase vaginal:

A forma mais comum da candidíase. Como o nome já sugere, ela acomete mulheres – homens transsexuais e mulheres transsexuais dependendo do tipo de tecido que foi usado para construir as paredes do canal vaginal – com sistema imunológico fraco, flora vaginal desequilibrada, alterações nos hormônios e no pH da vagina. Como o corpo não está com resposta imunológica rápida para combater o fungo já presente no organismo, ele pode assim se replicar mais e se manifestar.

Candidiase masculina:

Nos homens a infecção pode ser chamada de "balanopostite" ou "candidíase no pênis" e não é tão comum como a feminina. Diabetes e higiene precária são as causas mais comuns para que o fungo se reproduza em excesso no organismo.

Candidíase na boca:

Também conhecida como "candidíase oral", é caracterizada por aftas na boca e dificuldade para engolir (esses também são sintomas de outras doenças, por isso sempre busque um especialista para diagnóstico). Esse tipo de infecção pode afetar crianças, homens e mulheres adultos através do contato íntimo sem proteção, idosos, pessoas com diabetes e pacientes -em fase de tratamento- que têm o sistema imunológico comprometido.

Candidíase de esôfago:

De causa infecciosa causada pelo fungo Candida albicans, ela é também conhecida como esofagite. É a mais rara das inflamações no esôfago e aparece com mais frequência em pacientes portadores de AIDS e câncer e idosos. Raramente acomete crianças.

Candidíase na pele:

Pode ser chamada de "intertrigo candidiásico". É uma infecção na pele que pode aparecer sem outros fatores relacionados. Esse tipo de candidíase acontece pelo atrito entre as peles, que gera pequenas lesões e, assim, cria um ambiente favorável (com calor, umidade e alimento) para a proliferação de bactérias e fungos.

As partes do corpo mais propícias à infecção são geralmente dobras, como: axilas, barriga, entre os dedos das mãos e dos pés, nádegas, parte interna das coxas, pescoço, sob as mamas e virilha.

Candidíase Vaginal

A candidíase vaginal

Sintomas

  • Coceira, ardor, irritação e inchaço na região genital;
  • Corrimento esbranquiçado e espesso;
  • Desconforto ou dor durante a relação sexual.
  • Pequenas fissuras que lembram assaduras;
  • Vermelhidão;

Tratamento e diagnóstico

De acordo com o médico Dr. Pedro Pinheiro para o site Md Saúde, muitas mulheres procuram o ginecologista com queixa de coceira vaginal e, nesses casos, menos de 50% têm candidíase. A maioria é diagnosticada com outras infecções ginecológicas.

Os sintomas da vulvovaginite por Candida não são exclusivos e se assemelham ao de outras infecções ginecológicas, tais como a tricomoníase e a vaginose bacteriana.

Para o diagnóstico preciso, é necessário realizar o exame laboratorial que avalia o corrimento vaginal. Em casos mais simples de candidíase vulvovaginal, o tratamento é geralmente feito através da orientação e prescrição médica de pomadas antifúngicas de aplicação vaginal.

As mulheres que realmente apresentarem candidíase vulvovaginal recorrente (CVVR), tendo os quatro ou mais casos devidamente documentados, devem se submeter à avaliação clínica e laboratorial visando a confirmar a presença do fungo, bem como a sua espécie, e descartar outras causas. Cerca de 10% das pacientes apresentam infecção mista, devendo o tratamento de cada agente ser realizado por via diferente, evitando-se o uso de cremes de amplo espectro.

Causas

As causas da infecção são diversas e muitas não são ginecológicas. O fungo, já presente no organismo, pode se replicar e se manifestar no corpo através da queda das barreiras imunológicas no corpo. Além disso, a redução da acidez vaginal (aumento do pH vaginal), alterações na flora microbiana da vagina e alterações hormonais também afetam o risco de se ter Candidíase.

O médico Dr. Pedro Pinheiro para o site Md Saúde alerta para fatores de risco que comprovadamente influenciam no risco da mulher desenvolver uma candidíase:

  • Alterações hormonais – níveis muito elevados ou muito baixos de estrogênio interferem no meio vaginal e aumentam o risco de candidíase. Isso explica porque situações como gravidez, reposição hormonal, menopausa, uso de anticoncepcionais hormonais e até o período ovulatório podem facilitar o aparecimento da vulvovaginite por Candida.
  • Diabetes Mellitus – mulheres diabéticas, principalmente aquelas com glicemia cronicamente mal controlada, são indivíduos particularmente propensos a desenvolver vulvovaginite por Candida (leia: Primeiros sintomas do diabetes).
  • Imunossupressão – mulheres imunossuprimidas, seja por doenças, como o HIV, ou por uso de drogas imunossupressoras, apresentam maior risco de desenvolver candidíase.
  • Uso recente de antibióticos – cerca de 25 a 30% das mulheres que precisam fazer  um curso de antibióticos de largo espectro acabam desenvolvendo um episódio de candidíase vaginal. Isso ocorre porque os antibióticos agem contra as bactérias naturais da flora vaginal, mas são inertes contra os fungos.

Dr. Pinheiro aponta outros fatores de risco: há muitos outros, mas estes não possuem resultados consistentes nos estudos clínicos realizados. Portanto, é possível, mas não é definitivamente correto que afirmar que os seguintes fatores aumentam o risco de candidíase:

  • Absorvente interno.
  • Biquíni molhado
  • Ducha vaginal.
  • Métodos anticoncepcionais intravaginais, tais como DIU, diafragma ou esponja vaginal (leia: 20 métodos anticoncepcionais comuns).
  • Roupas apertadas.

"Como esses possíveis fatores de risco, apesar de não serem comprovados, podem ser evitados, faz sentido que as mulheres que apresentam candidíase recorrente tentem se resguardar. No entanto, quem nunca teve candidíase vulvovaginal ou teve somente um ou dois episódios ao longo de vários anos não precisa se preocupar com esses possíveis fatores de risco, pois eles não são assim tão relevantes", afirma Dr. Pedro Pinheiro.

Prevenção

Há formas de prevenir a infecção por Candida. É importante que a higiene íntima seja feita diariamente e adequadamente. Para lavagem, o ideal é utilizar sabonete com pH neutro. É indicado optar por uma calcinha de algodão, não usar absorvente íntimo todos os dias e evitar usar roupas muito justas na região íntima todos os dias e molhadas por um longo período de tempo. Usar camisinha em todas as relações sexuais também previne o contágio com os parceiros.

Como ter certeza se tenho candidíase
Como ter certeza se tenho candidíase

Como ter certeza se tenho candidíase

Como mencionado, os sintomas da Candidíase não são exclusivos e se assemelham ao de outras infecções ginecológicas, por isso, é imprescindível o acompanhamento médico especializado seguido de diagnóstico laboratorial.

A maneira determinante de saber se você está diagnosticada com candidíase vulvovaginal, é através da avaliação laboratorial do corrimento. Para isso, o médico ginecologista realiza um exame ginecológico no qual ele utiliza uma espécie de cotonete para colher material da parede da vagina. Esse material apanhado é enviado para o laboratório, para que o germe causador da vaginite possa ser identificado.

Candidíase na gravidez

O diagnóstico de candidíase durante a gravidez é bastante comum, pois durante este período os níveis de estrogênio ficam mais elevados, favorecendo a proliferação de fungos como a Candida Albicans.

Não se preocupe: em geral, a candidíase na gravidez não prejudica o bebê. O alerta se faz contundente se o bebê nascer de parto normal e, nesse dia a mulher estiver com candidíase, o bebê poderá ser contaminado e apresentar candidíase nos seus primeiros dias de vida.

Nesse caso, se o bebê for for contaminado, ele pode apresentar placas esbranquiçadas dentro da boca, a candidíase oral (popularmente chamada de "sapinho"). Ao mamar ele poderá transmitir o fungo novamente para a mãe.

Candidíase tem cura?

Com diagnóstico preciso e tratamento adequado, a candidíase pode sim ser curada. Estudos apontam que cerca de 5% das mulheres têm candidíase vulvovaginal recorrente (CVVR), que se caracteriza pela ocorrência de mais de 4 episódios de candidíase por ano. Raramente, a um diagnóstico seguido de candidíase se dá por uma nova infecção, provocada por uma cepa diferente de Candida albicans.

Como conviver com o diagnóstico positivo

A candidíase pode ser recorrente para muitas mulheres.

Mesmo a candidíase tendo cura, o diagnóstico não tratado pode gerar uma infecção seguida de outra mais frequente.

Para melhorar a saúde em geral e, assim, ajudar o sistema imunológico e a flora vaginal, é preferível adotar hábitos de alimentação mais saudáveis. Diminuir a quantidade de carboidrato e açúcar já é um bom começo! Para tornar a alimentação ainda mais rica, é recomendado consumir alimentos ricos em vitamina A e D. Lembre-se que dormir bem e levar uma vida com menos estresse também vão ajudar.

Para muitas mulheres, tratar uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) como a candidíase é um tabu. É importante compreender que um diagnóstico positivo pode vir de situações diversas, como mencionado diversas vezes no texto, desde usar biquini molhado por muito tempo a sexo desprotegido, o fungo pode se manifestar. Sendo uma infecção comum na maioria das mulheres pelo menos uma vez na vida (e ainda que não fosse comum), não há razão para não se tratar por medo.

É importante ter uma rede de apoio (seja ela familiar ou de amizade) para que não lide com isso sozinha. Possuir uma médica de confiança e com diálogo aberto é fundamental para um tratamento adequado e explicação sobre a infecção.

Autocuidado é afeto consigo mesma. Se cuidar é demonstrar carinho com seu corpo e seu processo enquanto mulher que o habita.