Ao ler você confere:

  • Quando o corrimento vaginal é normal x quando o corrimento vaginal é anormal
  • Tipos, cores e odores
  • Doenças infecciosas no corrimento
  • Identificando os sintomas
  • Diagnóstico
  • Tratamento em casos de doenças
  • Prevenção

Antes de tudo, uma reflexão:

“Tudo que envolve útero e coisas que são femininas, do ponto de vista de como a feminilidade se formou, é negativo.”

No vídeo publicado por Jout Jout em seu canal do youtube, o tema menstruação é discutido e destrinchado durante 15 minutos. Apesar do foco estar neste fenômeno em específico, suas falas podem facilmente representar o tópico que iremos discutir neste texto: o corrimento vaginal.

Todo mês a mulher, naturalmente, elimina algum tipo de secreção pela vagina, seja por razões fisiológicas ou não. Isso não é motivo de vergonha. Desde muito cedo ouvimos que até a mancha do muco vaginal na calcinha é feia e não é legal pro “homem ver” porque pode “dar a impressão” de que se trata de “algo sujo”. Mas não! É natural e nós precisamos normalizar a calcinha molhada como algo inerente e natural da mulher.

“Às vezes eu acho que a gente fica querendo empoderar a mulher (...), só que aí eu tô aqui super empoderada mas não sei nada sobre o meu ciclo, não sei nada sobre a minha menstruação, não sei nada das coisas que acontecem no meu corpo todo…”

A secreção vaginal, como um fenômeno que acontece em todas as mulheres, ainda é desconhecido ou mal compreendido por muitas. A vergonha e o nojo de tocar e explorar o seu próprio corrimento ainda impede que avancemos neste quesito. Até mesmo para identificar uma possível patologia, precisamos olhar e analisar o corrimento para entendermos o que nosso corpo está querendo nos dizer.

É isso mesmo, produção?

Quem nunca baixou as calças e se perguntou “Meu Deus, mas o que é isso aqui na minha calcinha?” que atire a primeira pedra.

O corrimento vaginal faz parte da vida de toda mulher e se trata de uma secreção que é produzida e expelida pelo canal vaginal com o objetivo de proteger a vagina.

Ao contrário do que muitos dizem, a presença do corrimento não significa, necessariamente, uma doença. A lubrificação vaginal, o esperma do dia anterior e o muco cervical são exemplos de corrimentos naturais que podem se fazer presentes durante o nosso ciclo. No entanto, certos tipos de corrimento podem estar relacionados a patologias (doenças) e devem ser avaliadas por um médico.

Ah, mas o que define se meu corrimento é normal ou anormal?

Quando o corrimento vaginal é normal…

…Ele vem em pequena quantidade, com uma cor clara, sem odor ou outros sintomas associados. Se trata de um corrimento fisiológico e necessário, até mesmo, para a lubrificação da vagina.

Já quando o corrimento vaginal é anormal…

…Ele apresenta uma coloração diferente, como amarela, verde, cinza ou com sangue, além de odor forte, consistência mais densa ou diferente do costume, dentre outros sintomas característicos.

Causas do corrimento

Produzidas por glândulas no canal vaginal, as secreções vaginais naturais têm um papel relevante e indispensável na saúde feminina, uma vez que contribuem para a eliminação de células mortas e bactérias do sistema reprodutor, além de manterem a vagina limpa e prevenir infecções.

O corrimento que é considerado “normal” ocorre, também, em virtude do ciclo menstrual da mulher, podendo variar de cor (sem que isso caracterize uma possível doença) de acordo com o dia e período. Vamos utilizar como exemplo o muco cervical.

O muco é uma secreção natural do corpo e é produzido pelo colo do útero. Ao ser expelido pela vagina, se caracteriza como um tipo de corrimento transparente, branco ou levemente amarelado e sem odor. Essa gosminha contém anticorpos que são capazes de manter o útero da mulher saudável, além de aumentar a lubrificação, proteger o esperma do ambiente ácido da vagina e ajudar o espermatozoide a alcançar o útero durante o período fértil.

Já o corrimento considerado “anormal” é, na maioria dos casos, causado por alterações do equilíbrio da flora vaginal. A depender das características de cada corrimento, as situações infecciosas podem ter diferentes motivos. Dentre algumas das causas, se destacam:

  • Falta de higiene
  • Relações sexuais sem o uso de preservativo
  • Substâncias que possam causar alergias, como perfumes, tecidos e sabão.
  • Alteração do pH vagina (o pH ácido da vagina normal fica entre 3,5 e 4,5)
  • Atrofia vaginal (afinamento e ressecamento das paredes vaginais durante a menopausa)

Estes são apenas alguns dos motivos pelos quais corrimentos atípicos podem acometer mulheres. Cada corpo é um corpo, por isso, o mais apropriado é consultar um médico para entender o seu caso em específico.

Tipos: cores e odores

As cores e odores de corrimentos podem indicar alterações no corpo e, algumas delas, podem estar relacionadas à doenças.

Indicador de cores corrimento vaginal
Indicador de cores

Branco pastoso

A velha e conhecida candidíase. Sim, aquele corrimentozinho branco semelhante ao leite talhado. Esse tipo de infecção vaginal é causada por um fungo (Candida) e pode vir acompanhada de sensibilidade vulvovaginal, irritação e ardor ao redor da vulva, além de dor durante as relações sexuais.

Rosa

O corrimento rosado pode indicar o início da gravidez, podendo ocorrer até 3 dias depois da relação, A secreção pode sinalizar que houve a fecundação do óvulo. Já para as mulheres que acabaram de ter seus bebês, caso identifiquem um corrimento vaginal rosa após o parto, este é apenas o revestimento interno do útero sendo eliminado.

Marrom

Podendo indicar que a sua menstruação está chegando ou que seu ciclo menstrual está irregular, o corrimento vaginal marrom também pode significar, em casos mais raros e específicos, câncer cervical. Os sintomas podem envolver dores abdominais e sangramentos.

Amarelo

O corrimento com esta cor pode ser comum em casos de gonorreia. Tem uma aparência que remete ao pus e a secreção pode vir acompanhada de sangramento.

Já quando a secreção amarelada muda seu aspecto para mais purulento, este pode ser um indicativo da presença de Clamídia, uma doença sexualmente transmissível que pode quase não causar sintomas.

Amarelo-esverdeado

Você pode estar, possivelmente, com tricomoníase. O corrimento vaginal amarelo-esverdeado que apresenta mau cheiro é bem característico desse tipo de infecção, podendo apresentar sintomas como coceira intensa na região da vagina e dor no baixo ventre durante a relação sexual.

Amarelo-acinzentado com cheiro forte

Corrimento amarelo-acinzentado fluido com forte odor de peixe pode indicar vaginose bacteriana. A coceira, ardência, vermelhidão e inchaço da vagina e vulva são alguns dos sintomas da doença.

Doenças infecciosas no corrimento

Candidíase

A candidíase é identificada pela infecção da vulva e da vagina por um fungo (cândida) que vive em nosso organismo. A região afetada costuma ficar bastante irritada por conta da coceira. Se tratando de uma infecção super comum em mulheres, as causas vão desde o estresse elevado até o sexo sem camisinha.

Tricomoníase

Causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, esse tipo de infecção da vagina pode afetar toda a área genital. Na mulher, a tricomoníase urogenital (infecção na uretra) ocorre em 90% dos casos, mas a doença pode acometer regiões como a vagina, vulva e glândulas paravaginais.

Vaginose Bacteriana

A infecção genital em questão é provocada por bactérias, como a Gardnerella vaginalis. Desencadeada por um desequilíbrio da flora vaginal, a vaginose bacteriana ocasiona a diminuição da quantidade de lactobacilos presentes na vagina que acabam resultando na proliferação de bactérias nocivas.

Sintomas: Dá pra identificar?

Sim! Como já dito, a secreção vaginal anormal pode ser identificada de acordo com algumas características. Elas podem variar de caso para caso, mas alguns sintomas são comuns entre si:

  • Roupas íntimas úmidas por um longo período de tempo.
  • Alteração da coloração de branco e transparente para amarelo-acinzentado, amarelo-esverdeado, branco-amarelado e etc.
  • Aumento do volume da secreção vaginal.
  • Forte odor, principalmente após relação sexual e no final do ciclo menstrual.
  • Coceira na vagina e na vulva.
  • Dor pélvica.
  • Dor durante a relação sexual.

Caso os sintomas não desapareçam após cerca de uma semana, busque ajuda médica.

Diagnóstico

Aqui começa, principalmente, por você. Pare, observe a secreção, pegue nas mãos, sinta a textura, sinta o cheiro e compare com o tipo de corrimento que você está acostumada a ver na sua calcinha. Sentiu que está diferente? Marque a ginecologista e tire essa história a limpo. Vale ressaltar, no entanto, que a calcinha pode alterar a cor do corrimento a depender do tecido.

O diagnóstico dependerá, também, da colheita e análise do corrimento vaginal. Durante a consulta médica, é comum que recolham uma amostra do corrimento para que seja enviada a um laboratório e realizem uma observação mais específica e detalhada para um melhor entendimento do caso.

Os exames laboratoriais colaboram para a descoberta do quadro clínico e apontam para a melhor forma de tratar o problema, sendo importantes tanto para casos de infecções agudas, quanto para casos de infecções não-agudas. Mas, para além dele, o exame ginecológico permite uma observação detalhada da vulva, da vagina, do colo do útero e da caracterização do corrimento vaginal presente.

Tratamento em casos de doenças

Assim que o diagnóstico for dado e o tipo de infecção for constatada, o tratamento poderá se iniciar com medicamentos via oral e/ou de aplicação local (a exemplo de gel e creme).

No caso de infecções sexualmente transmissíveis (IST), é importante que o seu parceiro também seja examinado e receba o diagnóstico adequado.

Prevenção

Nada como atitudes do dia a dia que acabam nos ajudando a manter a saúde em dia e prevenir doenças, não é mesmo?

A higiene íntima é sempre citada na prevenção de diferentes tipos de doenças nas mulheres, e não é por outro motivo! Lembrem-se de não inserir produtos na região interna da vagina e lavar apenas na região dos grandes e pequenos lábios da vulva e na região perianal.

A alimentação também pode ser um grande diferencial quando o assunto é corrimentos vaginais, sendo recomendado ingerir frutas frescas e lavadas, além de legumes e verduras. Uma dieta adequada pode colaborar para que o nosso organismo consiga combater doenças com maior eficácia.

Vale ressaltar que: a prevenção é para evitar as patologias que resultam em corrimentos anormais no corpo da mulher. As secreções normais e naturais, como o muco cervical, não são "evitáveis" e nem devem ser.

Nada de se envergonhar quando a calcinha estiver com o seu corrimento natural. A sua saúde e bem estar vem em primeiro lugar. Lá em último você coloca a opinião dos outros.