Quando nós falamos que a jornada sexual feminina é única e que você deveria começar o seu processo de autoconhecimento agora, nós não estamos exagerando. E para comprovar, nós reunimos algumas curiosidades sobre o prazer feminino que podem te surpreender.

Mesmo que tenhamos avançado muito no diálogo e aceitação da sexualidade feminina, o prazer feminino ainda representa um tabu para muitas mulheres. A vergonha em tocar no assunto pode ser tanta, que muitas mulheres evitam até se tocar, mesmo que sozinhas quando ninguém está vendo. Mas por quê esse sentimento é tão forte?

Na Idade Média, sexo por prazer era pecado. Durante a inquisição na Europa, o clitóris era descrito como o "bico do seio do diabo", e as mulheres que o tivessem eram consideradas bruxas. Não indo muito longe, durante a Segunda Guerra Mundial, as mulheres da França ocupada pelos nazistas tinham a obrigação de dar filhos para o III Reich para popular a Alemanha. As que optassem por interromper a gravidez eram consideradas criminosas e executadas (achou que Handmaid's Tale era apenas exagero?).

Além disso, o ritual de mutilação do clitóris (clitoridectomia), feito em meninas para impedir que sintam prazer, existe há mais de dois mil anos e ainda ocorre em 30 países da Ásia e do Oriente Médio, além de alguns outros lugares da Ásia e da América Latina.

The Handmaid's Tale
Ofglen, personagem interpretada por Alexis Bledel em The Handmaid's Tale, tem seu clitóris retirado como punição

Porquê o prazer feminino já causou ou causa tanto alvoroço negativo, nós não sabemos dizer exatamente. Mas, nós podemos te dizer, com toda certeza que ele é mágico, tem diversas surpresas e muitas vezes pode te proporcionar uma experiência incrível. Por isso, nós elencamos algumas das mais interessantes curiosidades sobre o prazer feminino que nós achamos que toda mulher deveria saber.  

Todas as mulheres podem ter orgasmo

Algumas mulheres não conseguem chegar ao ápice do prazer ou ter orgasmo, e acabam muitas vezes achando que tem algo de errado com elas, quando na verdade existem vários motivos externos que podem estar atrapalhando no processo: antidepressivos, medicamentos contínuos, disfunção hormonal, traumas, vaginismo ou mesmo o método usado para chegar ao clímax (cada pessoa tem uma jornada diferente, por isso tão importante a masturbação).

Conversar com o parceiro ou parceira é essencial para entender a sexualidade do outro e a própria, descobrindo os caminhos para o orgasmo. Se você prefere uma posição diferente, não gosta de algo ou sente incômodo fazendo algo que o outro gosta, não se cale - fale!

Além disso, também existe uma condição chamada anorgasmia, causada por diversos motivos como envelhecimento ou dificuldades pós-cirúrgicas, em que a mulher tem dificuldade de chegar ao ápice mesmo que esteja excitada ou estimulada o suficiente. Mas, mesmo aqui, há solução: existe tratamento!  

Como tratar depende da causa da sua condição, e você pode ser receitada medicamentos diferentes, terapia ou masturbação. Então, sim: todas as mulheres podem ter orgasmo.

The Handmaid's Tale
Foto por Marlen Stahlhuth

O orgasmo alivia dores (físicas e emocionais)

Durante o orgasmo, a mulher libera a famosa "endorfina", conhecida por muitas como o hormônio da felicidade. O bendito contribui para a diminuição do desconforto proporcionado por dores físicas, como as cólicas menstruais, ou pelas emocionais, como os corações partidos (sim, amigas, pelo menos momentaneamente).

Além disso, a dopamina, que também é liberada quando você chega ao ápice do prazer, também ajuda a aliviar tensões musculares. Ou seja, se você está estressada ou com dores físicas, praticar o autoamor é mais barato e mais saudável do que comer uma caixa de chocolate inteiras, por exemplo.

O clitóris não é o único ponto de prazer

Sim, o botãozinho mágico que é capaz de fazer a gente sair do corpo e voltar é maravilhoso, mas não é o nosso único ponto de prazer. Existem muitos tipos de orgasmos diferentes, entre eles o mamário ou o cervical, por exemplo.

E além dos estímulos físicos, não podemos esquecer que o desejo ou a fantasia também são muito importantes para se chegar ao clímax. Sentir-se bem e confortável consigo mesma e conhecer-se bem são outros aspectos essenciais para chegar ao ápice do prazer. Por isso, mais uma vez: se toca, mana!

As mulheres demoram mais para ficarem excitadas

Não se culpem se não conseguirem ficar excitadas tão rápido quanto a ereção do seu parceiro, por exemplo. É normal que a mulher tenha uma resposta sexual mais lenta, necessitando, muitas vezes, de estimulação por pelo menos 15 minutos (em especial, clitoriana).

A masturbação feminina pode diminuir os riscos de diabetes tipo 2

Essa é a parte que você fica: é sério isso? E sim, é sério. Um estudo em parceria com a Universidade de Sidney, realizado pelos pesquisadores Anthony Santella e Chenoa Cooper, descobriram que a prática do auto-amor pode diminuir os riscos de diabetes tipo 2, além de depressão, cistite e até câncer.

O motivo? A masturbação libera cortisol, hormônio que atua a favor da atenuação do estresse e contra a depressão, motivos muitas vezes ligados ao aparecimento dessa doença.

O prazer pode ajudar no combate à insônia

Você já percebeu o quão relaxada você se sente depois que atinge o clímax? Pois bem, esse relaxamento é causado pela liberação de algum dos hormônios que mencionamos anteriormente: endorfina e cortisol.

Essas substâncias, que aliviam a carga de estresse, também ajudam você a dormir melhor, combatendo as noites de insônia.

O prazer pode ajudar no combate à insônia
Foto por Daniel Farò

As mulheres chegam ao ápice do prazer mais facilmente com a masturbação

Comparado à penetração, mulheres sentem mais prazer e chegam ao orgasmo mais facilmente com masturbação (muitas vezes, por haver maior estimulação clitoriana).

Em um estudo realizado pela USP em 2017, 55,6% das mulheres relataram sentir dificuldades ao chegar ao orgasmo. Numa pesquisa feita pelo Prazerela divulgada em 2018, 74% das mulheres tem orgasmo sempre que se masturbam.

Para a mulher, o sexo começa antes do sexo

Talvez você já tenha se perguntado se o sexo é só a penetração. Ou, talvez, você tenha se visto super excitada bem antes do ato, não necessariamente com a expectativa do ato em si, mas na verdade com relação a outros aspectos que rodeiam o sexo - como os olhares trocados, as conversas, a lembrança daquela música que tocou na primeira vez que vocês se beijaram.

Tudo que está nesse espaço entre a expectativa do ato e ele em si é o momento erótico em que, para a mulher, o sexo começa. E isso, meninas, é o erotismo - algo que vamos explorar bastante por aqui.

Fêmeas do reino animal também se masturbam

Sabemos que por essa você não esperava, mas achamos justo mostrar que você não é a única fêmea sentindo prazer pelos cantos do planeta, muito menos a única que se arrepia quando se toca.

Cadelas e éguas também se masturbam. Orangotangos e macacos-prego fêmeas já foram flagradas usando galhos ou outras partes de plantas para ajudar no autoamor. Fêmeas de pelo menos 50 espécies se tocam. Se com isso a gente não consegue te convencer que isso é totalmente natural, não sabemos o que mais pode.


E você, quais dessas curiosidades você não conhecia, ou quais você acrescentaria para a nossa listinha mágica?

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