Todo mundo sabe que para um bom sexo é necessário que a vagina esteja bem lubrificada, pois além de evitar atritos indesejados, será muito mais prazeroso. Mas – infelizmente – esse é um assunto pouco comentado. Vamos conversar melhor sobre?

Para início de tudo, é necessário entender de onde vem a lubrificação natural.

Como funciona a lubrificação natural?

A vagina possui dois conjuntinhos de glândulas que são as responsáveis pela lubrificação vaginal, o primeiro são as glândulas de Bartholin, que estão localizadas na entrada do canal da vaginal, e o segundo são as glândulas de Skene, (a Giovanna já falou um pouco sobre elas aqui), localizadas na entrada do útero. Ambas produzem uma substância mucoide que promove a lubrificação da região. Sabe quando você está excitada e sente a calcinha molhando? Pois bem...

Mas somente esse “molhado” não é o suficiente para uma lubrificação vaginal completa.

O corpo feminino é cheio de detalhes e desejos, e um fato sobre ele é que grande parte dos estímulos estão na imaginação – e não podemos ter medo de usá-la!

Existem muito fluídos que são produzidos pelo próprio corpo feminino, e que podem ser usados para melhorar o seu desempenho.

O muco cervical, no período ovulatório, aumenta a lubrificação, proporcionando um deslizamento mais escorregadio. O sangue menstrual também pode ser usado como lubrificante – inclusive, durante o período menstrual a libido tende a aumentar, tudo que você precisa saber sobre sexo e menstruação dá pra conferir aqui nesse texto que eu escrevi antes (sim, é totalmente possível).

A saliva também pode ser usada como lubrificante – mas essa informação é bem polêmica, isso porque ela é ideal para masturbação; mas, ao mesmo tempo, ela não deve ser usada para sexo anal, isso porque o risco de transmissão de alguma doença do parceiro para você pode ser maior.

Falando sobre a lubrificação natural, outro ponto que é interessante ser ressaltado é que nem todas as mulheres conseguem estimulação de forma simples, e algumas podem apresentar secura vaginal por diversos fatores, como amamentação, uso de medicamentos antidepressivos, tratamento contra o câncer, uso de anticoncepcionais, entre outros.

A lubrificação vaginal está diretamente ligada aos níveis de estrogênio no nosso corpo (um hormônio), e ele muda durante as fases da vida. Nessas situações, não dá para abrir mão do prazer sexual, e existem algumas soluções. Além de terapia para reposição hormonal (em casos mais graves), o uso de gel com lubrificação artificial é um ótimo caminho.

Existem algumas coisas que você deve evitar para melhorar a sua lubrificação natural, como a ducha vaginal, ela retira por completo bactérias que vivem na vagina e que fazem a proteção das bactérias externas, além de retirar a lubrificação da região.

Outro ponto é o uso excessivo de calcinhas de tecido sintético. Já ouviu a sua ginecologista falando que o bom é dormir pelada ou só usar calcinhas de algodão? Pois bem, é verdade. Isso porque esse tipo de tecido causa abafamento da região, deixando o ambiente sem conseguir “respirar”, aumentando o risco para a proliferação de fungos e algumas doenças básicas que nenhuma de nós gostamos, como a candidíase.

Como melhorar a lubrificação natural?

E se você quiser melhorar a sua lubrificação natural, separamos também algumas dicas:

- Evite beber álcool demais e comer alimentos gordurosos quando estiver perto de uma relação sexual. Alimentação tem tudo a ver com o nosso organismo, e isso impacta diretamente na produção dos fluidos naturais do corpo.

- Porém, um pouquinho de vinho tinto pode te ajudar. Você já notou que depois da primeira taça de vinho tinto você se sente levemente mais quente ou mais excitada (podemos dizer, mais safada)? Não é por acaso - pesquisas mostram que até duas taças de vinho tinto ocasionalmente aumentam a libido e a lubrificação. Isso acontece porquê além de causar sensação de bem-estar e relaxamento, o vinho tinto aumenta a concetração de hormônios no sangue (como testosterona, para os homens) e também o aumento no fluxo sanguíneo, o que aumenta a lubrificação, consequentemente, o tesão. Mas cuidado: mais do que duas taças de vinho tinto já passa do saudável para o tóxico.

- Não use sabonetes íntimos em excesso: esse tipo de higiene pode desequilibrar o pH vaginal e causar secura na região. Converse com a sua ginecologista sobre produtos com pH neutro ou priorize o uso de água apenas (a sua vagina é autolimpante, sim!).

- Relaxe e use as preliminares ao seu favor: lubrificação está associada a tranquilidade na hora do sexo, permita-se ficar excitada e não tenha vergonha dos seus desejos. Se, na hora da relação, você sentir que ainda não está lubrificada o suficiente, converse com o seu parceiro e passem mais tempo nas preliminares – elas são essenciais para que o seu cérebro entenda que você está excitada e libere os hormônios necessários.

- Procure alimentos afrodisíacos: esses alimentos podem ser ingeridos sozinhos ou adicionados nas refeições, eles estimulam o apetite sexual e melhoram a libido. Entre eles estão a maca peruana, catuaba, pimenta, canela, açafrão, chocolate, oleaginosas, etc.

- Use lubrificantes artificiais (de preferência, feito com produtos naturais)! É muito importante conseguir viver o seu prazer ao máximo e explorar novas sensações.

E quais os tipos de lubrificação artificial (orgânicos e não orgânicos)?

Hoje em dia, existem diversos tipos de base para a formulação de lubrificantes, mas as 3 principais são: à base de água, de silicone e de óleo ou petrolato. Como escolher o certo? A verdade é que não existe certo e errado, mas sim o que mais se adapta com você e o tipo de relação que deseja ter – e isso você só vai descobrir testando.

Lubrificantes à base de água
Lubrificantes à base de água

1. Lubrificantes à base de água:

Geralmente, a maioria das mulheres começam testando por eles – isso porque são ideais para pessoas com pele sensível ou com irritação vaginal, ou seja, são mais seguros no quesito alergias. Além disso, eles podem ser usados para todas as suas necessidades sexuais. E para quem é fissurada em limpeza: eles são extremamente fáceis de limpar, pois não mancham os lençóis.

Mas eles também têm suas desvantagens: por serem à base de água, não são indicados para serem usados na banheira ou chuveiro. Outro detalhe é que eles precisam de reaplicação com mais frequência do que outros.

Lubrificantes à base de Aloe Vera
Lubrificantes à base de Aloe Vera

2. Lubrificantes à base de Aloe Vera

Recetemente, também é possível encontrar lubrificantes à base de água que também trazem extrato de Aloe Vera, que são adequados em caso de secura vaginal e também funcionam como hidratante. O lado bom é que esses além de deslizarem melhor do que os somente com água, eles também podem durar mais um pouco - e são totalmente saudáveis.

Lubrificantes à base de óleo de côco
Lubrificantes à base de óleo de côco

3. Lubrificantes à base de óleo de côco

Procurando coisas bem naturais, algumas pessoas têm estado óleo de côco como lubrificante. Pesquisas mostram que por conta das suas propriedades hidratantes, óleo de côco e lubrificantes que levam esse ativo são totalmente seguros e saudáveis, além de promoverem uma duração maior. Ele também é indicado contra a secura vaginal, como no caso dos lubrificantes à base de Aloe Vera.

Lubrificantes à base de silicone
Lubrificantes à base de silicone

4. Lubrificantes à base de silicone:

Eles são ideais para quem vai passar um tempo maior numa maratona sexual! Esse tipo é bem mais escorregadio do que à base de água, e eles necessitam de uma aplicação de quantidade menor. Além disso, diferente do anterior, eles são indicados para a diversão no chuveiro ou em banheiras.

Mas, eles também têm o seu lado negativo: são um pouco complicados na hora de lavar, pois precisam de água e sabonete para remoção – e esse tipo sim pode manchar os lençóis.

Fun fact: Lubrificantes à base de silicone mancham madeiras por meses! Ou seja: nada de transar usando eles em cima de uma mesa desse material, tá?

5. Lubrificantes à base de óleo ou petrolato:

Esse tipo de lubrificante está quase extinto do mercado atualmente, isso porque ele não deve ser utilizado junto com preservativos de látex, pois pode dissolver o preservativo... muito cuidado nessa hora, afinal, ninguém quer um filho ou pior, uma doença, por falta de conhecimento, né?

Outra desvantagem dos lubrificantes à base de óleo é que, assim como os à base de silicone, são mais difíceis de limpar da cama e do corpo.

E o uso de lubrificantes para o sexo anal?

O uso de lubrificação para esse tipo de penetração pode torna-la mais segura. Isso porque, diferente da vagina, o canal anal não produz fluidos que facilitem a penetração. Outro detalhe é que o esfíncter muscular na entrada do ânus é extremamente resistente.

Os mais indicados para sexo anal são os feitos à base de água, e deve ser aplicada lubrificação na parte externa do preservativo, para diminuir as chances dele escapar na penetração.

Dica de amiga: tenha sempre cuidado

Com todo tipo de produto devemos ter cuidado, mas especialmente com produtos íntimos. De modo bem geral, tente evitar lubrificantes que vendam “milagres” demais, como os que possuem sabores artificiais, cores, açúcares, aditivos adicionais ou glicerina – isso porque o seu corpo pode reagir de forma diferente a esses compostos.

Se você for uma pessoa que, como eu, sofre de tantas alergias que não consegue mais nem lembrar o nome delas, a sua consulta com a ginecologista será certeira após a relação. Se for a sua primeira vez usando lubrificação artificial, opte por uma com componentes mais seguros e pesquise sobre os fabricantes, tente encontrar opiniões de quem já usufruiu – não tenha vergonha de perguntar, afinal, tanto a sua saúde quanto o seu prazer devem ser prioridades.

Algumas mulheres já relataram formigamento e ardência na vagina após usarem lubrificantes com glicerina ou glicerol. Ainda não se sabe ao certo se existe uma ligação entre lubrificantes contendo esses compostos e a saúde das bactérias na vagina.

Importante ressaltar que você nunca deve comprar produtos que não sejam específicos para a região genital.

Uma dúvida comum entre mulheres é se os lubrificantes podem ser utilizados com absorventes internos, e a resposta é sim! Mesmo durante a menstruação, algumas mulheres sentem desconforto pelo atrito de inserir o absorvente, então o uso de lubrificante é completamente indicado nesse caso.

Lubrificação é sinônimo de saúde e de muito sucesso na relação, já disse a Cardi B quando cantou “Bring a bucket and a mop for this wet, wet, wet / Give me everything you got for this wet, wet, wet.”

É importante salientar que sexo deve ser divertido, prazeroso e um momento para você se sentir mais livre e poderosa – jamais doloso. Se, mesmo com o uso de lubrificação, você ainda sentir dor e muito desconforto na hora da relação, talvez seja o momento de procurar um médico