Quem nunca fechou os olhos e se imaginou em uma cena quente com o colega de trabalho, ou teve aquele desejo súbito de fazer sexo em algum cômodo da casa, como na cozinha. Quem nunca também sentiu aquele fogo de tesão invadindo ao ver algum profissional usando uniforme, como bombeiro ou policial? Bem-vindas ao clube, mulheres. Hoje nós vamos falar sobre fetiches e fantasias (amamos!).
Apesar de tabu, fantasiar com sexo é normal, natural e perfeitamente saudável. E, mesmo que os devaneios eróticos nunca saiam do mundo da imaginação, tê-los produz benefícios para qualquer um, pois fantasias alimentam a criatividade e estimulam a busca por novidades na cama. "As pessoas precisam das fantasias para organizar o mundo e planejar atividades. Assim, as fantasias sexuais sempre serão uma forma de mobilizar para o sexo, dirigindo o corpo e as ações em prol do prazer. Pessoas que não utilizam a capacidade de fantasiar, lembrar ou descrever histórias de cunho sexual terão menos desejo e experiências menos ricas", diz o terapeuta sexual Oswaldo Martins Rodrigues Jr., diretor do Instituto Paulista de Sexualidade (Inpasex) e autor do livro "Parafilias -Das Perversões às Variações Sexuais" (Zagodoni Editora).
Fetiche ou fantasia sexual?
Em 1905, Sigmund Freud publicou “Os três ensaios para uma teoria sexual” e nele pudemos ter acesso a um de seus mais especiais estudos. Na obra, o pai da psicanálise avança em sua teoria sobre a sexualidade e destrincha as características do fetichismo.
O termo “fetiche” é uma palavra francesa que deriva da palavra portuguesa “feitiço”. Feitiço é um objeto a que se atribuem propriedades mágicas. Mais recentemente, o feitiço também passou a significar fascinação/encanto, e adquiriu uma forte conotação sexual.
Já o fetichismo, em si, foi relatado pela primeira vez no século XIX. O fetiche é relativo a um objeto que estimula o desejo e a excitação sexual. O fetiche pode ser um objeto inumano (por exemplo, um sapato, para citar o mais comum) ou determinadas partes ou aspectos do corpo (por exemplo, o pé ou umas mamas com determinadas características). A diferença entre fantasia e fetiche é que a fantasia não enfeitiça, e o fetiche sim. O fetiche é uma fixação num objeto ou num ato que é necessário para a excitação e gratificação sexual.
Em resumo: o fetichista fantasia, então o fetiche pode fazer parte da fantasia sexual, mas nem toda fantasia é um fetiche (ufa…). O fetiche pode se tornar uma doença (parafilia) quando o indivíduo não consegue mais obter prazer sexual pelos meios regulares, conseguindo se satisfazer somente com o fetiche. Aí é hora de procurar ajuda profissional!
Tipos de fetiches
Se você ficou curiosa para saber se você tem algum fetiche ou fantasia e se muitas pessoas compartilham as mesmas vontades que você, fizemos uma listinha dos fetiches mais comuns:
- Voyeurismo: nesse fetiche, a pessoa fica excitada por observar outras pessoas fazendo sexo;
- Fetiche com látex: nessas situações, as pessoas sentem prazer quando os seus parceiros utilizam alguma vestimenta com látex;
- Tranvestir: trata-se da atração em vestir roupas do sexo oposto;
- Sexo em público: os indivíduos ficam mais excitados quando realizam o ato sexual em algum lugar público;
- Sex tape: nesse fetiche, as pessoas sentem mais prazer no sexo quando sabem que estão sendo gravadas.
- Submissão e dominação: nessas situações, existe um maior prazer pelo fato de rolar um jogo de submissão e dominação entre os parceiros;
- Utilização de fantasias: trata-se do fetiche por fazer sexo com alguém que esteja vestindo algum uniforme ou fantasia.
Independente dos tipos de fetiches, a característica mais importante é a concordância dos envolvidos. Ou seja, um fetichista não pode impor ou obrigar seus desejos para o outro.
Fetiches inusitados
Como vimos, cada pessoa possui um fetiche diferente (se identificou com algum?). Entretanto, existem aqueles que se destacam mais por sua capacidade curiosa. Alguns fetiches mais inusitados:
1. Anadentisfilia: trata-se do fetiche por pessoas sem dentes. Nesse contexto, a pessoa se sente excitada por fazer sexo com alguém sem a arcada dentária ou com aqueles que possuem algumas falhas;
2. Infantilismo: nesse fetiche, a pessoa sente prazer pelas práticas infantis do parceiro. Nesse sentido, é comum o uso de chupeta, mamadeira e até brinquedos durante o ato sexual;
3. Coimetrofilia: essa é a atração que as pessoas sentem por transar dentro de um cemitério. Não envolve a prática com os mortos, existe somente a excitação pelo lugar;
4. Gerontofilia: trata-se da atração sexual por pessoas bem mais velhas. Sendo assim, existe a procura por parceiros que se encontrem nesse perfil;
5. Altocalcifilia: nesse tipo, as pessoas tem prazer por ver o parceiro utilizando salto alto, principalmente, durante o sexo;
6. Acrotomofilia: nesse fetiche, a pessoa se sente atraída por parceiros que possuam alguma parte do corpo amputada;
7. Amaurofilia: trata-se da excitação sexual por não conseguir ver o outro. Dessa forma, o sexo geralmente é realizado com máscaras.
Tipos de fantasias sexuais
Em 2015, um grupo de cientistas canadenses entrevistou 1.516 adultos (799 mulheres e 717 homens) em Quebec, Canadá, para avaliar quais seriam suas fantasias sexuais mais comuns. Você, caro leitor(a) tem algum palpite de quais são as fantasias mais comuns?
1. A fantasia mais comum de homens e mulheres é fazer sexo com quem está apaixonado. Todavia, apenas 78% dos homens fantasiam com sexo em um local romântico, contra 84% das mulheres. O local romântico é a segunda fantasia mais comum delas, e apenas a sétima mais comum deles.
2. 78% das mulheres gostam de receber sexo oral, porém apenas 26% dos homens apreciam fazê-lo. Que tal prestar mais atenção a este dado, parceiro? No artigo “Uma arte prazerosa: como fazer sexo oral em mulheres’’, te damos uma mãozinha de como aproveitar esse momento.
3. 36% das mulheres gostam de receber uns tapas durante o sexo e 43% dos homens gostam de dá-los. Provavelmente, tem uns caras por aí achando que estão abafando quando, na verdade, não estão nem um pouco. E lembrando que, tapa bom apenas com consentimento.
4. 64% das mulheres gostam de ser dominadas sexualmente e 52% apreciam ser amarradas durante o sexo. Entretanto, apenas 59% dos homens gostam de demonstrar dominância durante o sexo, e apenas 48% pensam em amarrar a parceira.
5. Ainda que 57% dos homens prefiram mulheres mais jovens, 48% fantasiam em ir para a cama com uma mulher mais velha que eles. Infelizmente, os camaradas com tendências MILFs estão fadados a um bocado de frustração: 34% das mulheres preferem homens mais velhos e apenas 18% fantasiam com homens mais jovens que elas.
6. Não obstante a grande oferta de sexo profissional, apenas 3 de cada 10 homens fantasiam em ir para a cama com uma garota de programa, e apenas 1 de cada 10 mulheres sonham em fazer sexo com um garoto de programa. Até mesmo o swing – tanto com casais conhecidos ou desconhecidos – está em baixa e não aparece sequer entre as 30 fantasias mais comuns de ambos os sexos.
7. Apesar de sexo com o mesmo gênero ser mais comum em homens (cerca de 4%, contra aproximadamente 2% entre as mulheres), elas têm mais fantasias com experiências com o mesmo sexo que eles (36% versus 20%).
8. Finalmente, 83% dos homens fantasiam com sexo extraconjugal, mas mulheres não ficam muito atrás: 66% delas fantasiam com uma boa pulada de cerca. Na maioria dos casos, o motivo está na falta de sintonia nos desejos: as preferências de homens e mulheres podem ser parecidas, mas as prioridades muitas vezes são absolutamente diferentes.
O segundo estudo, feito em 2018, o psicólogo Justin Lehmiller, do Instituto Kinsey, lançou o livro “Tell me what you want: the science of sexual desire and how It can help you improve your sex life”, em que conta o resultado de uma entrevista com mais de 4 mil estadunidenses entre 18 e 87 anos. Nesse livro, o autor reúne o resultado de 369 perguntas sobre desejo sexual e as fantasias sexuais mais comuns entre os entrevistados. Curiosos? Confira abaixo as 3 respostas mais comuns da pesquisa:
1. Sexo a três: O famoso ''ménage a trois'', ou sexo a três, foi quase uma unanimidade entre os entrevistados da pesquisa. 89% dos entrevistados confessaram que têm vontade de fazer sexo com outras duas pessoas.
2. BDSM (que também pode se enquadrar como fetiche): A sigla significa bondage e disciplina, dominação e submissão e sadismo e masoquismo, e foi a segunda fantasia mais comum entre os entrevistados. O fetiche a-la ''50 Tons de Cinza'' foi escolhido por 65% das pessoas que responderam a pesquisa.
3. Sair das rotina: A terceira opção mais escolhida foi uma mais básica, que explicita o desejo de fazer algo diferente do rotineiro. Alguns entrevistados explicaram que a mudança pode ser a variação de posições ou até mesmo fazer sexo em algum cômodo inusitado, como em cima da maquina de lavar roupa ou na garagem. O importante mesmo é fazer uma coisa diferente na hora H.
Agora, uma curiosidade: os desejos sexuais podem mudar conforme a idade
Assim como o nosso jeito de transar muda conforme o tempo, o tipo de fantasia que temos também vai se modificando ao longo dos anos. "As fantasias sexuais femininas e masculinas podem ter sua origem desde a infância. Fetiches com sapatos, por exemplo, podem ocorrer nas observações infantis de mulheres com salto alto. Conforme vamos crescendo, novas observações e associações podem gerar diferentes fantasias, como imaginar um homem vestido de militar em cima de um cavalo branco", fala o psiquiatra e sexólogo Arnaldo Barbieri Filho, diretor do IES (Instituto de Estudos da Sexualidade), de Ribeirão Preto (SP).
O próprio processo de amadurecimento - que nos leva a adquirir novos conhecimentos e a enxergar a vida sob novas perspectivas - faz com que surja a necessidade de estímulos variados e mais intensos para satisfazer determinados anseios psicológicos. É importante dizer que, apesar da ebulição hormonal na adolescência, muitas das fantasias são bloqueadas. "Isso acontece pela falta de repertório, por medo e até por acharem que certas coisas são erradas", comenta a psicóloga Carla Cecarello, sexóloga consultora do site C-Date e fundadora da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade). "A partir dos 25 anos, em média, as fantasias passam a ser mais elaboradas e livres de qualquer tipo de repressão. Como é uma fase em que as pessoas também se tornam mais ativas sexualmente, vivenciando diferentes práticas com diferentes parceiros, há maior chance de realizar o que até então se limitava ao plano da imaginação", completa Carla.
E você, qual sua fantasia? já realizou ou o que te impede de realizar?
Motivos para tirar a fantasia da gaveta
Fantasiar o sexo, seja no campo do fetiche ou da fantasia, faz parte da constituição psíquica do homem, além de auxiliar na liberação de hormônios do prazer. Ainda dúvida sobre os benefícios de explorar os prazeres do seus desejos ocultos? Separei cinco motivos para você tirar a fantasia da gaveta.
1. Aumenta a cumplicidade
É fato: casais que compartilham suas fantasias aumentam a chance de serem mais parceiros. Abrir o jogo sobre o que desejam na cama e o que podem fazer para realizar suas vontades potencializa a cumplicidade. E não só isso: dá asas à criatividade, algo necessário para manter a libido sempre em alta. Homens e mulheres que se dispõem a realizar suas fantasias têm um diálogo de qualidade que nutre o relacionamento e que permite ao par experimentar coisas novas.
2. Tiram o sexo do lugar do comum
Quando se tem fantasias o sexo sempre tende a ser mais quente, já que elas fazem a mente viajar por memórias de vivências eróticas, reais ou imaginárias. A fantasia tem o poder de quebrar a monotonia do cotidiano, tornar as transas mais lúdicas e até de reacender a paixão inicial entre o casal, principalmente nos relacionamentos de longa data.
3. Satisfazem vontades sem precisar colocar de fato algo em prática
Uma das principais vantagens de cultivar as fantasias sexuais é que elas não precisam, necessariamente, de materialização para tornar qualquer transa mais excitante. E algumas podem ser vivenciadas num plano particular, sem prejudicar o acordo de fidelidade entre o casal. Como? Fechando os olhos e imaginando que está na cama com a Anitta ou o Tom Hiddleston, por exemplo. Ou ainda divagar sobre algum cenário mais estimulante do que o próprio quarto, com pessoas observando. A fantasia tem o poder de nos transportar para um mundo imaginário onde tudo é prazer e emoção, sendo que a satisfação pode se perpetuar no plano da realidade.
4. Incentivam a imaginação
Principalmente quando a brincadeira escolhida é o Roleplay: o casal se dispõe a interpretar personagens e forjar situações que podem ser bastante excitantes para o momento. Exemplos? Um encarnar o médico e o outro bancar o paciente, um ser um professor e o outro o aluno, um assumir a função de dominar e o outro, de obedecer as ordens... Roleplay é fazer um teatrinho para dar ainda mais prazer na transa, com a possibilidade de usar roupas específicas ou brinquedos eróticos que tenham a ver com o tema. E mesmo se o resultado surgir na forma de risadas, isso já estará fazendo um bem enorme à relação.
5. Promovem o autoconhecimento e o diálogo
A partir do momento em que um casal conversa a respeito de suas fantasias, podem discutir se querem ou não colocá-las em prática ou se podem realizá-las de alguma forma que satisfaça a ambos. Quem sonha em saber como funciona uma troca de casais, por exemplo, pode ir com o par à uma casa de swing e lá matar a curiosidade. Ao ver outras pessoas em ação, o casal pode se curtir sozinho, sem ter a necessidade de se envolver com mais gente Lá, têm a chance de conversar e escolher o que querem, de fato, e o que podem ou não realizar.
Balada fetichista? Te contamos onde!
Que tal dar um passo a mais e visitar uma balada/festa fetichista? Se você tem curiosidade em experimentar de uma noite regada a sensualidade e prazeres, separei quatro festas fetichistas em São Paulo onde é possível desfrutar dos mais diversos fetiches e colocar a imaginação para funcionar
2. Dominatrix
Agora, sozinha ou acompanhada, aproveite para mergulhar de cabeça nos teus desejos. E aí, ficou curiosa? Conta pra gente o que você quer testar primeiro!