Com ele, eu não precisava ter tantos filtros ou pensar duas vezes antes de passar a mão na sua bunda e comentar: nossa, imagina você grávido e esse quadril recheado, essa bunda crescendo, que delícia, hein? Da primeira vez, ele riu e me deu um selinho com gosto de café.

Na segunda vez, não fiz o comentário, só passei a mão na bunda dele como sempre fazia de manhã quando o encontrava lavando a louça. E ele me respondeu com um sorriso e a pergunta: tenho que começar a ganhar peso pro nosso bebê?

- Uhum – concordei – Você não quer que ele nasça com cara de comida – enchi o pescoço dele de beijinhos até ele se arrepiar e me afastar com a bunda para continuar enxaguando as canecas.

Na terceira vez, não aconteceu pela manhã. Tínhamos acabado de comer nosso hambúrguer preferido do momento – porque, com dois anos de namoro, grande parte da nossa emoção consistia em desbravar restaurantes e fingir que éramos críticos gastronômicos – e ele acariciou a barriga logo após terminar, num desses gestos invisíveis, que eu via sem enxergar. Talvez eu tenha até mesmo imitado o gesto sem perceber, para dizer que estava cheia e satisfeita. Mas quando olhei para o seu rosto, encontrei um olhar malicioso. Comecei a inspecionar seu corpo e seus movimentos até me deparar com mão na barriga.

- Matou seu desejo, meu amorzinho? – Eu quis provocar. Ele acariciou a barriga com ainda mais afetação.

- Esse eu matei, mas eu tenho outros...

Tive vontade de rir, bater palmas, de me jogar em cima dele e abraçá-lo. Como eu amo esse homem! Mas me segurei, queria ver até onde ele iria na brincadeira.

- São os hormônios, benzinho. Tem muitos hormônios no seu corpinho agora, deixando você cheio de vontades.

Ele fez cara de ofendido.

- Odeio quando você faz isso!

- O quê, amor?

- Me reduzir a hormônios! Por que cê nunca leva meus desejos a sério? Se não quer me comer, fala logo, não precisa de desculpa científica. E o pior de tudo, jogar pra cima do meu corpo.

Levei as duas mãos à boca para segurar o riso. Ele era insuportável. Eu achava genial.

- Amorzinho, você sabe que isso não é verdade. – Levantei da cadeira para me agachar na frente dele e comecei a massagear suas coxas – Eu amo o seu corpo! Cada dia eu te acho mais lindo, mais coxudo – dei uma apertada mais forte nas penas dele para confirmar minha fala – peitudo, bundudo, a coisa mais linda do mundo – concluí com um selinho no pescoço dele, já que ainda mantinha a cara virada, fingindo não acreditar.

- Você só fala isso da boca pra fora – respondeu com uma voz familiar. Era um convite para que eu fosse um pouco mais insistente.

- Mas, amor, quando foi que eu dei a entender o contrário? – Fui tentando chegar mais perto e abraçá-lo.

- Não é questão de dar a entender o contrário é que cê também não demonstra muito isso... – A voz dele foi morrendo, como se estivesse envergonhado de admitir aquilo.

- Demonstrar que eu tenho tesão em você? Mas, amor, a gente transa todo dia! – Dei uma risadinha incrédula.

- Mas...

- Mas?

- Você tá me chupando cada vez menos - finalmente soltou.

Me afastei um pouco para inspecionar seu rosto. Ele exibia um sorriso pilantra, como se me desafiasse a continuar a brincadeira. Espere e verás!

- Não acredito que o meu futuro papai tá se sentindo negligenciado – ele quase engasgou com uma risadinha quando ouviu minha voz melosa – Vem cá, deixa eu cuidar de você!

Mesmo desconfiado, ele não parou minhas mãos ou impediu que eu desabotoasse a sua bermuda jeans. Tentei abaixá-la o máximo possível, sem que ele tivesse que levantar o quadril da cadeira. Então, procurei o elástico da cueca. Não sou exatamente fã das cuecas frouxas de algodão, mas para um boquete na mesa da sala de jantar, elas eram mais apropriadas que uma box apertadinha. Ele também se ajeitou na cadeira, jogando o quadril em minha direção para melhorar a posição. Ainda parecia desconfiado, mas a excitação estava ganhando a batalha no seu olhar.

Quando segurei seu pau, ainda mais mole do que duro, e passei a língua para umedecer meus lábios, ele segurou as laterais da cadeira apreensivo.

- É sério? Cê realmente vai...

- Amor, não precisa ter vergonha. – Interrompi - A gente tem que aproveitar.

Ele me olhou intrigado.

- Dizem que os orgasmos na gravidez são incríveis.

Ele soltou um sorriso nervoso e segurou a cadeira com mais força, a julgar pelo tom esbranquiçado que seus dedos adquiriram.

Enquanto plantava beijos lentos na parte interna de uma coxa e acariciava a outra com as pontas dos dedos, eu pensava que realmente fazia tempo que não começávamos nada daquele jeito. Talvez fosse a pressa para dormir de quase toda noite, nós dois antecipando o despertador e o dia seguinte de trabalho, ou apenas podíamos estar ficando menos divertidos. Isso não! Precisávamos consertar aquilo.

Ele conhecia todos os meus truques. Sabia que eu gostava de fazer mistério. Beijar e morder sua perna, desenhar sua virilha com os dedos, então beijar sua barriga até que ficasse agoniado e reclamasse de cócegas ou soltasse um gemido de frustração, tentando me apressar. Ele sabia que, quando eu voltava a minha atenção para o seu pau, sempre colocava a minha língua pra fora, fingia que ia dar uma lambida na cabecinha e parava um trisquinho antes, só pra ele sentir a proximidade quente da minha boca. Mas ainda assim ele contraiu a barriga de expectativa.

- Você ainda cai nessa?

- Não

- Então por que essa boca aberta?

- Porque eu sei como vai ser quando você começar.

Senti minha barriga também se contrair em excitação com a antecipação dele. Eu gostava de ser boa e amava quando ele me confirmava isso. Quando finalmente passei a língua na cabecinha, ele fechou os olhos. Dei algumas lambidas na pontinha, até sentir o gosto salgado do líquido pré-gozo. Era o meu sinal para seguir em frente.

Enquanto eu repetia os passos daquela dança, uma coreografia que eu tinha desenvolvido com ele nos nossos primeiros meses de namoro, me perdia pensando que algumas rotinas guardavam um certo prazer. Eu não tinha dúvidas de aquele ritual era prazeroso para ele, mas conseguia ser ainda mais porque ele sabia que também era para mim.

- Você gosta, né, amor? – ele me olhou como se estivesse prestes a enlouquecer de tesão.

Balancei a cabeça e voltei a devorá-lo para reforçar minha resposta. Eu gostava. Não tanto do movimento. Às vezes ficava cansada de subir e descer minha cabeça pelo membro dele. Também não curtia tanto quando chegava o momento de acelerar. Mas sempre que estava com a minha boca cheia dele, me dava conta de que amava o gosto da sua pele e o jeito que ele parecia encaixar perfeitamente na minha boca. É um pau ergonômico, sabe?, eu costumava brincar no começo do nosso relacionamento.

- Cê tem sempre um gosto tão bom – comentei quando parei para tomar ar.

- É? – enfiou os dedos nos meus cabelos quando voltei a chupá-lo.

Naquele ponto do nosso ritual, quando eu já estava excitada o suficiente e ele completamente lambuzado de saliva, era o momento de tentar engoli-lo até o meu limite. Mesmo com os reflexos de engasgo e os olhos lacrimejantes, era a parte que eu mais gostava. Quando eu conseguia controlar minha respiração, a sensação dele bem fundo na minha boca parecia estimular ainda mais a produção de saliva. Por alguns segundos em que eu não me mexia e apenas sentia ele ocupando todo o espaço na minha boca, era como estar momentaneamente embriagada ou chapada. Talvez fosse pelo medo ou desafio de não engasgar realmente, mas também pensava que podia ser pela falta de ar. Eu tinha certeza que prendia a respiração.

Quando o tirei da minha boca para recuperar o fôlego, senti o corpo dele amolecer ainda mais na cadeira. Na ponta da minha boca, um fio de saliva que tinha acompanhado o meu movimento. Ele passou um dedo para me limpar e o lambeu em seguida. Sorri.

- Cê acha que tá perto?

- Tô.

- Quer que eu use a mão agora? – ele apenas assentiu com a cabeça.

Quando a minha mão entrava em cena, significava que os últimos passos da nossa dança estavam próximos, se nada desse errado. E, pelos gemidos dele, nada daria errado naquela noite. Quando cheguei no ponto de tentar manter minha máxima aceleração com a mão e a cabeça, também apoiei a mão livre na sua barriga para me dar apoio. Eu gostava de estar tocando nele nos minutinhos finais e, às vezes, desconfiava que uma pressão leve na região próxima à virilha o empurrava para mais perto do orgasmo. Naquela noite, no entanto, quando pousei minha mão na sua pele, sentindo a elevação leve da barriguinha que ele tinha começado a cultivar nos últimos meses, quase fui vencida pelo impulso de rir. Ele já estava próximo demais do ápice para notar meu estremecimento. Poucos segundos depois, anunciou que ia gozar e se derramou na minha boca.

Esperei ele abrir os olhos e me encarar, sem tirar a mão da sua barriga.

- Você acha que ele gostou?

- Han? – Ele permaneceu desnorteado com a minha pergunta por alguns segundos até se dar conta da minha mão acariciando sua barriga. Então envolveu minha mão com a sua e sorriu.

- Acho que ele chutou pela primeira vez.