Ao expandirmos nosso olhar para além dessas visões tradicionais, somos convidados a explorar outras formas de compreender o sexo e a sexualidade — muitas vezes mais livres, simbólicas e complexas. É nesse contexto que surge o interesse por obras como o Kama Sutra, que aborda temas como liberdade, punição, mitologia e ruptura de paradigmas. Mas, afinal, o que é essa obra milenar?

Assim como acontece com a Yoga, o Kama Sutra também é frequentemente mal interpretado no Ocidente. Para muitos, tornou-se sinônimo de um simples "manual do sexo", reforçando estereótipos alimentados por uma cultura moldada pelo viés pornográfico, o que distorce seu verdadeiro propósito: tratar o amor, o desejo e as relações humanas com profundidade e sensibilidade.

Yoga e Kama Sutra
Yoga e Kama Sutra

Era uma vez um sábio indiano…

Segundo Doniger (2015, p. 17), "o Kama Sutra é o livro indiano mais antigo, existente, de amor e erotismo, e um dos mais antigos do mundo. Mesmo na atualidade, não existe nenhum remotamente como ele, e já no seu tempo era surpreendentemente sofisticado; já era muito conhecido na Índia, numa altura em que os europeus ainda se balançavam nas árvores, culturalmente (e sexualmente) falando".

Mais importante é compreender quem foi Vatsyayana, filósofo indiano e autor do Kama Sutra (ou "Aforismos sobre o amor"), originalmente escrito em sânscrito. A tradição afirma que o autor foi um estudante celibatário que viveu em Pataliputra, um importante centro de aprendizagem. Especula-se que tenha nascido entre os séculos II e IV d.C., o que, se estiver correto, significa que viveu durante o auge da Dinastia Gupta, período marcado por importantes contribuições à literatura sânscrita e à cultura védica. Segundo Joseph (2015), trata-se de uma obra com cerca de 2.000 anos de idade, embora tal estimativa se baseie exclusivamente em provas circunstanciais.

Escrito por Mallanaga Vatsyayana e publicado por volta do século IV, o Kama Sutra é o mais antigo dos livros da Kama Shastra que sobreviveu integralmente. Ainda que seja uma versão resumida, propõe-se como um guia abrangente sobre amor e sexo, para homens e mulheres. O texto aborda temas como o uso de brinquedos sexuais, sexo grupal, sadomasoquismo, homossexualidade, sedução, conquista, casamento, como manter o parceiro ou parceira, e relações com cortesãs.

Além dos capítulos iniciais, nos quais Vatsyayana reflete sobre as razões para escrever a obra e sobre os limites entre o certo e o errado no sexo, o restante do livro é surpreendentemente neutro, cru e científico, tratando inclusive de práticas que o próprio autor condenava. Aí residem as descrições sugestivas que lhe conferiram fama.

Vatsyayana aponta a existência de 64 posições, sendo a única parte do livro dedicada exclusivamente ao sexo é a segunda, intitulada "Avanços Amorosos", que compreende dez capítulos: Estímulo ao Desejo Erótico, Agarros, Carícias, Arranhões, Mordidas, Cópula e Gostos Especiais, Pancadas e Suspiros, Comportamento Viril em Mulheres, Felação e Prelúmdios e Conclusões ao Jogo do Amor. Nas cinco partes seguintes, práticas como masturbação surgem novamente apenas para ilustrar determinadas ideias.

Segundo o portal Saúde e Bem-estar (2018), o Kama Sutra descreve pelo menos 30 tipos de beijos. Abaixo, alguns exemplos:

1.     Beijo de toque: quando a mulher sente os lábios do parceiro com a língua e, de olhos fechados, toca as mãos do companheiro.

2.     Beijo inclinado: quando um dos parceiros se posiciona levemente acima do outro.

3.     Beijo voltado: quando a mulher está de costas para o homem e vira apenas o rosto para ser beijada e acariciada no rosto.

4.     Beijo agarrado: quando um dos parceiros envolve os lábios superior e inferior do outro entre os seus.

Tantra x Kama Sutra: caminhos que se encontram e se separam

O Tantra é uma tradição espiritual originária da Índia, desenvolvida a partir do século V, que envolve práticas voltadas à expansão da consciência por meio da união entre corpo, mente e espírito. Essa tradição contempla textos sagrados, rituais, meditações e técnicas cujo objetivo é a transcendência do ego e a integração com o todo. Segundo Eliade (1992), “o tantrismo propõe uma via de libertação baseada na utilização — e não na rejeição — da energia vital, incluindo a sexualidade, como caminho espiritual”.

Nos últimos anos, o Tantra tem ganhado destaque na mídia e despertado crescente interesse. Contudo, a disseminação de informações imprecisas tem contribuído para a confusão entre o que constitui o Tantra e o que seria o chamado “sexo tântrico”.

No que se refere ao Kama Sutra, obra atribuída a Vatsyayana, observa-se uma abordagem filosófica que rejeita o hedonismo e valoriza o kama (prazer ou realização amorosa) como o terceiro objetivo de vida, antecedido pelo dharma (virtude espiritual) e pelo artha (prosperidade material). De acordo com o autor, “sem riqueza não há virtude” (VATSYAYANA, [s.d.]). Para ele, o prazer é parte essencial da vida humana, e a reprodução não é o único propósito do sexo. O autor defende o autocontrole e afirma que a privação sexual pode levar à ansiedade e irritabilidade.

Apesar da origem divina atribuída à obra e das referências à religiosidade – como os conselhos dados às mulheres sobre evitar determinados grupos, como pessoas em situação de rua, magos e budistas –, o Kama Sutra não é considerado um livro sagrado. Dentro da literatura hindu, os sutras são tratados educacionais que versam sobre diversos temas, como guerra, arquitetura e gramática, e não se confundem com os Vedas, textos considerados propriamente sagrados.

Há correntes que afirmam que o sexo tântrico é parte integrante do Kama Sutra, sendo impossível dissociar um do outro. Essa vertente defende que a prática do sexo tântrico exige um percurso individual, que envolve a superação de padrões sexuais aprendidos e enraizados, transformando o ato sexual em um estado de comunhão, êxtase e meditação. Para tanto, práticas como meditação, terapias e a ressignificação de condicionamentos são consideradas fundamentais.

Associações como a Associação Brasileira de Tantra (ABRATANTRA) oferecem profissionais especializados para orientar esse processo de autoconhecimento e aprofundamento na prática tântrica. Além disso, existem diversos materiais e encontros formativos que abordam o tema sob diferentes perspectivas filosóficas e práticas.

Tantra x kama sutra
Tantra x kama sutra

Prazer regulado

Durante o domínio britânico na Índia, o Código Penal de 1861 introduziu a Section 377, criminalizando todos os atos considerados “contra a ordem da natureza” — incluindo relações homossexuais, com menores e com animais — com pena de prisão perpétua (HUMAN RIGHTS WATCH, 2008; VOGUE, 2018).

Segundo a Human Rights Watch (2008), essa legislação foi utilizada como ferramenta colonial para impor padrões morais vitorianos e reforçar a autoridade britânica sobre as populações locais. Conforme destaca o London School of Economics Human Rights Blog (2023), os efeitos dessa moralidade imposta ainda persistem em diversos aspectos da sociedade indiana contemporânea.

Apesar da aplicação esporádica, a Section 377 criou um ambiente legal que legitimou perseguições sistemáticas contra pessoas LGBTQIA+. Ainda de acordo com a Human Rights Watch (2008), a legislação foi usada para intimidar profissionais da saúde envolvidos em programas de combate ao HIV/AIDS, além de justificar abusos físicos e chantagens contra indivíduos suspeitos de práticas homossexuais. A revista Time (2018) também relata que a lei serviu como instrumento de opressão policial e alimentou o estigma social por décadas.

A Índia abriga uma das civilizações mais antigas do mundo. Evidências arqueológicas indicam presença humana no território há mais de 50 mil anos. Entre 2000 a.C. e 1000 a.C., durante o período de transição do Bronze para o Ferro, formaram-se os grandes reinos védicos, responsáveis pela compilação dos Vedas, textos sagrados do hinduísmo clássico, nos quais se consolidou o Sistema de Castas. Também surgiram, por volta de 300 a.C., os movimentos religiosos do Jainismo e do Budismo, anteriores à chegada do Islã no século I d.C., disseminado posteriormente com o estabelecimento de sultanatos medievais.

Com a consolidação do domínio britânico, iniciado com a atuação da Companhia das Índias Orientais no século XVIII, o Império Britânico fortaleceu seu controle econômico e militar na região. Em 1861, o Código Penal indiano incorporou dispositivos legais baseados no modelo britânico vitoriano, como a Section 377, que visava impor padrões morais europeus às populações colonizadas (HUMAN RIGHTS WATCH, 2008).

Em 2009, a Alta Corte de Deli declarou inconstitucional a aplicação da Section 377 em casos de relações sexuais consensuais entre adultos, com base nos direitos fundamentais à privacidade, dignidade e igualdade (TIME, 2018). No entanto, em 2013, a Suprema Corte da Índia reverteu essa decisão, alegando que eventuais modificações legais deveriam ser de competência do Parlamento (HUMAN DIGNITY TRUST, 2019).

Somente em 2018, no julgamento do caso Navtej Singh Johar v. Union of India, a Suprema Corte indiana decidiu, por unanimidade, que criminalizar o sexo consensual entre adultos do mesmo sexo era “irracional, arbitrário e violador de direitos fundamentais” (UN HUMAN RIGHTS, 2018). A decisão restabeleceu o direito à liberdade individual, à dignidade e à privacidade, sendo amplamente celebrada internacionalmente.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR, 2018) considerou o fim da Section 377 um marco na defesa das liberdades civis, ressaltando seu histórico como instrumento de opressão colonial.

Apesar da conquista jurídica, desafios substanciais permanecem. Diversos estados e comunidades ainda impõem discriminação contra pessoas LGBTQIA+, persistem barreiras no acesso à saúde — especialmente no enfrentamento da AIDS — e o preconceito continua presente, sobretudo em áreas rurais. O ativismo, no entanto, tem se fortalecido, reivindicando atualmente direitos como igualdade no casamento, possibilidade de adoção e garantias legais efetivas.

O pecado da homossexualidade
O pecado da homossexualidade

O pecado da homossexualidade

Direitos fundamentais, constitutivos de uma democracia, encontram-se em constante vulnerabilidade em contextos governados por regimes de extrema direita, sobretudo quando partidos ultra fundamentalistas assumem posições de poder, como ocorre na atual Índia. Embora iniciativas recentes, como as da Fundação Naz – organização voluntária indiana que atua na educação sobre a AIDS e na promoção dos direitos relacionados à sexualidade –, tenham conquistado avanços na última década, ainda persistem inúmeras reformas para garantir o direito de pessoas LGBTQIA+ transitarem livremente em espaços públicos sem sofrerem preconceitos fundamentados em suas orientações.

Na Índia, a sexualidade historicamente se insere numa cultura marcada pela vergonha e pelo pudor, que regula as condutas consideradas inerentes à moral local. Tal configuração conceitual impôs, durante o período colonial, uma nova ordem normativa. Relacionamentos homossexuais, embora conhecidos desde o Período Védico, foram reinterpretados e reconfigurados a partir do domínio britânico, que introduziu modelos vitorianos – com os respectivos conceitos de pecado, amor conjugal e morais sociais específicas – passando a vigorar, na época, regras que reprimiam a diversidade sexual.

Tradições religiosas e culturais anteriores à colonização apresentavam visões mais abrangentes acerca do amor e do desejo. Por exemplo, contos presentes no Krittivas Ramayana narram a união de duas viúvas que viviam em extrema afeição e relatam, inclusive, a existência de um filho nascido de duas vulvas. Ademais, o próprio Kama Sutra contém trechos que evidenciam a presença de homoerotismo entre homens, demonstrando que as práticas não heteronormativas possuíam, na antiguidade, espaço dentro da cultura indiana.

Atualmente, a prática da sexualidade diversa na Índia está intimamente associada a legados neocoloniais. Tanto os discursos da direita quanto os da esquerda tendem a sustentar a ideia de que a homossexualidade seria um conceito importado, introduzido por estrangeiros, com o propósito de minar os valores nacionais. Essa visão, ainda que equivocada, encontra respaldo em propostas políticas que buscam a manutenção do fundamentalismo religioso, a perpetuação do casamento arranjado, a indústria dos casamentos em massa, o sistema de castas e a preservação da propriedade privada – fatores que contribuem para a persistência de uma sociedade marcada por desigualdades.

Posições para você testar com o parceiro(a)
Posições para você testar com o parceiro(a)

Posições para você testar com o parceiro(a)

Diversos tratados e fontes especializadas apresentam sugestões para diversificar a experiência sexual de casais heterossexuais e de casais do mesmo sexo, fundamentando-se tanto em práticas tradicionais quanto em adaptações contemporâneas. A seguir, descrevem-se algumas das posições divulgadas na literatura especializada:

Para Casais Heterossexuais

  • Bicho da seda fazendo um casulo:
        Nesta posição, a mulher deita-se de costas, eleva as pernas e abre as coxas, com o objetivo de expor o clitóris para forte estimulação. O parceiro, ao posicionar as mãos sobre seus ombros e cruzar os pés por trás das costas dela, procede com movimentos verticais de penetração. Segundo ensinamentos oriundos da tradição indiana, a postura permite à mulher visualizar a vagina como uma flor que se abre até o clímax.
  • Posição dos pés erguidos:
        A mulher, deitada de costas, mantém as pernas dobradas e próximas ao corpo, maximizando o grau de encurtamento. O parceiro, ajoelhado, efetua a penetração e, dispondo de mãos livres, pode acariciá-la livremente. Se o homem elevar os quadris utilizando as mãos, cria-se um ângulo que possibilita à extremidade peniana estimular a parede frontal da vagina, região associada à presença do ponto G.
  • Gaivotas ao vento:
        Diferentemente das posições tradicionais, nesta configuração o pênis e a vagina ficam dispostos de maneira paralela, potencializando as sensações. O homem ajoelha-se entre as pernas da mulher, mantendo as costas eretas a fim de viabilizar o ângulo de penetração adequado. A posição permite ajustes no ângulo, embora possa implicar uma menor estimulação do clitóris, exigindo que o casal compense por meio de estimulação manual ou oral.

Para Casais de Mulheres

Conforme apresentado por Mullins (2007), adaptações do Kama Sutra para lésbicas propõem diversas posições que enfatizam o prazer mútuo e a conexão emocional. Entre elas, destacam-se:

  • Posição digital:
        Configuração preliminar em que ambas as parceiras posicionam-se frente a frente; uma assume a postura de joelhos e a outra, sentada. Essa disposição permite que a parceira inferior beije e acaricie os seios da outra, que, por sua vez, explora com os dedos a região lingual e bucal da parceira.
  • Conchinha:
        Nesta posição, as duas parceiras acomodam-se de forma a se encaixarem, possibilitando a estimulação mútua através de carícias e de inserção digital. Ressalta-se que o conforto pode variar conforme a posição adotada por cada uma.
  • Tesoura simples:
        A posição permite um contato íntimo máximo entre as vulvas, sendo necessário o apoio com as mãos e cotovelos para manter o equilíbrio da posição, o que possibilita a proximidade física desejada.
  • 69:
        Nesta configuração, as parceiras dispõem-se de maneira que as cabeças ficam direcionadas para os órgãos genitais uma da outra, permitindo a reciprocidade de estímulos que podem culminar em orgasmos simultâneos.
  • Rodeio:
        Ambas as parceiras deitam-se sobre a barriga; a que estiver na posição inferior arqueia o corpo, possibilitando o contato e estímulos mútuos – a inferior acaricia as nádegas, enquanto a superior pode estimular os seios conforme se movimenta.

Adicionalmente, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (2019) elaborou um guia específico com sugestões de posições sexuais destinadas a idosos e a pessoas com dores articulares, visando proporcionar conforto e segurança durante a atividade sexual.

Curiosidades Relacionadas ao Kama Sutra

Algumas curiosidades destacadas na literatura a respeito do Kama Sutra incluem:

  • O tratado reúne um total de 529 posições sexuais, das quais algumas demandam considerável flexibilidade física. Segundo o autor, existiriam oito maneiras de se realizar atos sexuais, cada uma passível de ser experimentada em oito variações, resultando nas 64 “artes” do sexo.
  • A autoria do Kama Sutra é atribuída a Vatsyayana, a quem se atribui o papel de estudioso celibatário de Pataliputra, importante centro de aprendizado do século IV a.C.
  • O tratado descreve dez métodos de beijar – entre eles o beijo virado, o beijo curvado, o beijo pressionado e o beijo reto –, cada um com quatro formas de execução, totalizando, assim, pelo menos 40 maneiras distintas de beijar.
  • No que tange aos tipos de abraços, o Kama Sutra propõe quatro modalidades: o abraço do cipó, em que o homem envolve a mulher de forma semelhante à volta de uma planta em torno de uma árvore; o abraço da subida na árvore, em que a mulher enlaça o parceiro com as pernas, aproximando-se de seu pescoço; o abraço do riso ou do gergelim, que implica deitar-se frente a frente com o entrelaçamento de membros; e o abraço da água e do leite, caracterizado por apertos e mordidas, que intensificam a intimidade entre o casal.
  • O autor chega a sugerir, de forma inusitada, uma receita para tratar a impotência sexual – a indicação consiste na fervura de ovos de pardal no leite, a serem ingeridos juntamente com uma mistura de manteiga e mel.
  • Destaca-se, ainda, a valorização do prazer feminino: Vatsyayana argumentava que relações sexuais não deveriam se restringir à mera função reprodutiva, defendendo que a mulher tinha o direito de desfrutar do sexo por prazer e diversão, e fornecendo orientações de como o homem deveria proceder para reconhecer e estimular o orgasmo feminino. Tais prescrições, presentes em diversas posições, incentivam uma postura ativa e igualitária das parceiras.

Pensar sobre as regras morais que moldaram a sexualidade na Índia é também olhar para os efeitos da colonização e de ideologias que vieram de fora, especialmente no que diz respeito à homossexualidade. Ao longo do tempo, essas influências foram mudando a forma como o sexo e o desejo são vistos e vividos. Por outro lado, textos antigos como o Kama Sutra mostram que, muito antes dessas imposições, já existia uma forma mais aberta e diversa de pensar o prazer. Mesmo sendo uma obra milenar, ele ainda conversa com muitas questões atuais, defendendo o respeito, a troca e a igualdade nas relações. Essa mistura de olhares mostra como a sexualidade está sempre em transformação e pode ser uma ponte para construirmos uma sociedade mais acolhedora e inclusiva