Pelo canto do olho, vi, quase sem ver, o vulto dele entrando no café. Joguei os ombros para trás numa tentativa de ajeitar a postura, abrir o peito como a professora de pilates vivia repetindo, e dediquei uma concentração desproporcional à aproximação do cartão na maquininha. Não queria ser a primeira a ver, ser o primeiro olá, tudo bem, que nunca é uma pergunta. Não gostava de estar no protagonismo daquele desconforto amigável. E, por mais que, sim, óbvio, quisesse falar com ele, quer dizer, estar com ele ou apenas olhá-lo enquanto tomava um americano, talvez ainda outro para me demorar mais, sentia que repetir aquelas palavras educadas, acabar ali, sorrisinho automático, era reafirmar um fato desolador. A falta de intimidade.
Trabalhava naquele bairro há um ano, mas ultimamente ele parecia brotar em todos os lugares. Eu o notei ali primeiro, duas ou três semanas atrás. Entre um sopro e um gole de café, o rapaz do prédio do escritório. Ocasionalmente chegávamos no mesmo horário, as recepcionistas simpáticas nesses dias. Bom dia, fulana e siclana, sabia os nomes certinhos. Por isso reparei. Eram os bom dias e os sapatos extravagantes, nos quais eu repousava meus olhos no elevador. Que homem usaria uma bota de solado laranja nos mármores cinzas daqueles prédios comerciais? No café, na primeira vez, reconheci pelos sapatos, na fila do caixa. Encarei, ele sorriu, bom dia, eu respondi com a cabeça, aprendemos nossos nomes quando a moça do balcão chamou.
Só desviei o olhar da máquina para a carteira, depois, o cupom de compra. Tentei me movimentar evitando rotações bruscas, imaginando que ele estaria logo ali atrás, em algum lugar atrás. Mas logo que dei as costas para a fila, quase esbarrei nele, lendo o cardápio, em frente ao balcão de salgados. Devo ter demorado para esboçar o sorrisinho automático. Na cabeça uma trilha sonora de comédia romântica tocando.
- Cê só pode tá me seguindo! - soltou com um sorrisinho bem menos automático que me desconcertou.
- Quê isso! Esse é o melhor café perto do escritório, não é nem uma coincidência, é uma... inevitabilidade – me empenhei em explicar mais do que gostaria.
Sorriu ao me ver morder a isca. Era óbvio que não acreditava que o estivesse seguindo, era só um jeito de chamar atenção para a repetição daqueles encontros, dos oi, tudo bem, e do meu não saber o que fazer com as mãos. Mais que isso, era um jeito de me testar, de saber o quanto ficaria indiferente ou me mostraria nervosa, falando palavras como inevitabilidade, em uma quarta-feira, às 16h, quando o café era só um pretexto para burlar as oito horas do patrão.
- Sei, sei... – comentou tentando soar divertido, mas, como efeito, apenas sentenciando o fim da nossa interação.
Antes que precisasse inventar algo mais para dizer, duas providências. A moça do balcão chamando meu nome com um copo de café na mão e uma moça em frente ao caixa chamando-o para fazer o pedido com ela. Peguei o café e me apressei em procurar uma mesa distante e num cantinho discreto.
Olhar para a moça era desnecessário. Era óbvio que seria alta, magra, teria o cabelo liso em uma coloração perfeita para harmonizar com a pele, um sorrisinho automático acima da média, uma simpatia. Esse tipo é que deveria de fato segui-lo. Não eu, que estava ali previsivelmente no mesmo horário apenas para tomar uma bebida quente, mesmo no verão, e fingir que tinha uma vida interessante.
Para mim, pessoas que frequentavam cafés eram interessantes. Especialmente aquelas que levavam livros, notebooks e pareciam convencidas de que havia algo realmente importante para ser feito em público, numa poltrona que era mais baixa do que o desejado e com o encosto muito mais para trás.
Nunca tinha um livro comigo. Às vezes pensava em procurar uma notícia ou qualquer coisa para ler. Um jeito de não causar constrangimento pelo mau uso do meu tempo, de não destruir a reputação do café. Mas então lembrava que até às 18h precisaria desses artigos para manter os olhos no computador. Em minha poltrona, ou banco, ou cadeira – esses lugares nunca tinham assentos iguais – apenas assopraria o líquido no copo por três ou cinco minutos até ter coragem de dar o primeiro gole.
Ele também não costumava levar livros ou notebooks, mas pedia café gelado. Às vezes se sentava. Na maior parte das vezes, bebia em pé, do lado de fora, conversando com alguém que encontrou por ali. Dependendo da mesa, às vezes conseguia vê-lo. Depois dos sapatos, comecei a gostar das costas, do porte, e do sorriso, bem aberto, daquele que mostrava a gengiva e os dentes grandes. Era inesperado, então eu gostava. Os olhos eram puxados, antes dos sapatos, na verdade, essa era a primeira coisa, os olhos pequenos e puxados, o nariz pequeno, a boca pequena, só os dentes grandes. Funcionava. Comigo e com todas as publicitárias cuidadosamente vestidas que o seguiam.
- Você não acha que as pessoas que trabalham em cafés são interessantes? – disse me tirando de meus pensamentos, enquanto sentava na poltrona em frente e apontava levemente a cabeça em direção a um jovem imerso em seu laptop. Naquele dia, eram as poltronas que estavam vazias. Uma em frente à outra, mas com distância suficiente para que dois estranhos as ocupassem.
- É por isso que venho aqui todos os dias – respondi.
Ele riu. Dessa vez não o sorrisinho de passagem, o com todos os dentes. Sorri de volta.
- Como eles podem estar tão convencidos de que há algo importante a ser feito aqui, não é? –continuei, tentando agarrar a oportunidade.
Ele franziu as sobrancelhas meio pensativo, clec clec clec, o gelo balançando no copo de café.
- Talvez eu seja parecido com eles – soltou – acho que tô convencido de que há algo importante pra ser feito aqui.
- O quê?
- Isso
- Conversar?
- Com você
A cena pareceu congelar assim que ele acabou de dizer, jurei ver um filtro colorido se formando enquanto um zoom parecia estar acontecendo no rosto dele, como se eu não estivesse vivendo aquilo, apenas assistindo.
Sacodi a cabeça e me obriguei a voltar para a realidade. Encarei o copo de café entre as minhas mãos, arrisquei um gole, então ri. Só podia ser brincadeira. Um teste, como o do balcão.
- Sabe, acho que venho pra cá para me confundir com as pessoas interessantes. Parece que finalmente consegui enganar alguém – dei um sorrisinho de lado.
- Acho que você fez um ótimo trabalho– devolveu e continuou me encarando.
- Isso tá ficando perigoso – tentei desarmá-lo para que não me encarasse daquela forma.
- Na verdade, eu quis soar perigoso desde o início.
Ri de nervoso. Queria que parasse ali. Acabou a brincadeira, o seu cabelo partido assim, mostrando a testa, fica muito bom, parabéns, então não rola brincar de flerte. Pra mim é demais. Mas não foi o que eu disse:
- E agora? – desafiei.
- Agora o quê?
- Que já falou comigo perigosamente – ironizei.
- Agora a gente sustenta essa conversa até eu ter uma boa desculpa pra pedir seu número.
- Eu tenho a desculpa! Diz que é pra ver se não posso levar o café quando cê não puder vir aqui.
- É, é uma. Mas parece um pouco de abuso, não? Melhor se for pra você me avisar quando estiver vindo.
- Justo.
Assim que lhe devolvi seu celular, levantou da poltrona, o americano ainda na metade, passou a mão na camisa social para evitar amassados e ajeitou o cabelo antes de exibir um sorriso sugestivo. A gente se fala.
No momento em que ajeitava o cabelo, outro lapso. Um efeito artificial de luz solar parecia irradiar de seu corpo, enquanto o cabelo balançava suavemente com uma brisa que não existia ali dentro. No fundo, uma música instrumental e o barulho de batimentos cardíacos. Levei a mão ao coração para me certificar de que não estava dando tanta bandeira, mas no meio do caminho já concluía que era impossível que aquele som estivesse saindo de mim.
Acompanhei, quase sem ver, sua saída do café. Lá fora, uma moça alta, magra, de cabelo liso, maquiagem e roupas impecáveis o recebeu com muita simpatia, um sorriso, a mão no seu braço. Uma música estranhamente dramática tomou conta do café.
Antes era só indie rock, hoje tudo tá estranho.
- Cê só pode tá me seguindo!
Dei um pulo, sobressaltada, apesar de reconhecer a voz e aquelas palavras. Estava na frente do balcão de um bar, esperando algum atendente finalmente pegar a comanda e me devolver com uma cerveja, quando ele fez a brincadeira.
Dessa vez era uma coincidência muito mais surpreendente, já que, desde o episódio no café, não havia enviado nenhuma mensagem e parecia ter mudado seu horário de break. Mais que isso, em uma ocasião, chegou mesmo a fingir que não me via, demorando no bom dia para as recepcionistas mais que o de costume para evitar dividir o elevador comigo. Era o que tinha ficado de impressão pelo menos.
Cheguei a pensar que o pedido do número de telefone tinha sido alguma aposta. Como nas comédias românticas, em que o galã dava em cima da coitadinha para ganhar algo. Mas aquilo não era uma comédia romântica, então era mais provável que a moça alta, do sorrisinho e a mão no braço dele, tivesse evoluído para outra coisa. Ai, mas você fala cada coisa. Ela sorrindo e dando um empurrãozinho de leve no peito dele. Uma abertura bem óbvia. Eu podia ver a cena toda.
- Ah, hoje você não vai fingir que não me viu? - soltei com um riso debochado, sem nem cogitar o quão passiva-agressiva soava.
Ele pareceu surpreso por um instante, mas logo voltou à posição de ataque.
- Nossa, mas achei que tava sendo um cavalheiro – disse ao mesmo tempo em que o atendente no balcão finalmente me dava bola.
Sem entender, virei para o bartender e pedi a cerveja, antes de voltar a encará-lo.
- Não entendi. Por que cê estaria sendo um cavalheiro por me ignorar?
- Achei que cê ficaria com vergonha de mim depois do lance do telefone.
- Bom, talvez não ficasse exatamente confortável, mas, sabe, tudo bem você ter mudado de ideia.
Respirei aliviada por já ter terminado de falar quando uma moça chegou. Oi com o i puxado para parecer ainda mais simpática. Armei meu pior sorriso e coloquei uma mão na cabeça para fingir que havia esquecido algo. Voltei para o bartender para completar a encenação, mas rapidamente saí da fila para não atrapalhar as pessoas realmente necessitadas de álcool. Estava saindo da minha manobra bem-sucedida para me afastar de uma conversa indesejada, quando ele segurou o meu braço.
Poderia ter só levantado a cabeça para encará-lo, mas, novamente, um daqueles lapsos. Uma pausa dramática, um close na mão dele, grande, fina, unhas bonitas, uma música romântica de trilha sonora que não fazia par com o bar. Há um minuto tocava Jorge e Mateus, pensei e tudo voltou à velocidade normal.
- Agora eu que não entendi – disse e, como eu também não parecia entender o que não tinha ficado claro, completou – Por que você disse que mudei de ideia?
Tomei um gole de cerveja para ganhar tempo, mas conclui que não tinha como aquilo soar menos humilhante.
- Hum... é que cê nunca mandou mensagem...
- Claro que não mandei! – respondeu tão imediatamente que me assustou.
- Bom, eu sei né... – respondi impaciente e irritada com a atitude. O canalha podia ao menos ter fingido estar desconcertado.
- Não mandei porque cê me deu o número errado. O registro nem ao menos aparece no zap. – tirou o celular do bolso, desbloqueou e colocou a tela na minha cara. Demorei para conseguir focalizar os números e perceber o erro de digitação.
- Putz! É um quatro no lugar desse sete do final.
Pegou o celular e ajustou o número no registro. Então abriu o zap e buscou meu nome. Finalmente uma bolinha com minha foto apareceu.
- Não foi de propósito?
- Não!
- Nossa, achei que tinha sido super inconveniente no café. – confessou envergonhado - Culpa sua!
Dei de ombros e ri sem graça. Tudo estava esclarecido, mas ainda conseguia parecer ruim. Voltamos para a etapa das mensagens? Ele parecia pensar a mesma coisa, porque disse:
- Já que já tamo aqui, será que não dá para transformar esse happy hour num encontro?
Olhei para a mesinha do pessoal da firma e não tive a menor dúvida.
- Claro! – respondi aliviada - Mas você não quer ir no boteco da outra esquina?
Em resposta, apenas sorriu e me estendeu a mão esquerda. Fiquei em dúvida, mas fiz o gesto para apertar a sua. Ele abanou a cabeça, abaixou a mão que eu estendia, segurou a oposta e enlaçou seus dedos entre os meus.
De novo, a música de Os Barões da Pisadinha parou no meio. Entrou a música romântica. Mais estranho ainda, parecia a mesma música romântica do café e de há pouco. Era a nossa trilha sonora, pelo visto. Dessa vez, foi ao meu redor que começou a surgir um filtro cor de rosa. No entanto, o que mais me assustava era aquela sensação, um tremor leve nas pernas que ia subindo. Senti meu corpo se contraindo um pouco. Tentei disfarçar. Conhecia aquele movimento, mas era mais comum quando eu tava perto de... Nossa, não posso estar assim só de tocá-lo.
Puxei a mão como que para retomar a realidade, mas ele a segurou antes que conseguisse me soltar completamente e sorriu.
- Hoje é o nosso dia um.
No boteco, enquanto brindávamos com uma Heineken, eu repassava a frase estranha, dia um, e todos os lapsos daquelas situações. Tinham algo em comum, eu sabia, mas só quando vi a TV do bar, 1 a 0 para o Grêmio, entendi. Todos aqueles efeitos, as coincidências, o primeiro toque das nossas mãos, as músicas melosas, o dia um, tudo fazia parte de um enredo de série coreana.
- Você é descendente de quê?
- Coreanos.
Dei um sorriso nervoso.
- Okay, isso aqui realmente tá parecendo um k-drama
Ele também riu.
- Você assiste?
- É só o que faço ultimamente! Tenho assistido um atrás do outro.
- Será que foi por isso que você me deu bola? – provocou.
- Por isso e porque você também se veste impecavelmente, né?
Se o que estava acontecendo ali era uma anomalia narrativa na minha vida ou simplesmente um sonho, assistir obsessivamente àquelas séries tinha me preparado para uma coisa. Eu sabia que precisava passar do oitavo episódio para que rolasse um beijo pelo menos. Se já estávamos no primeiro encontro, não devia estar distante, mas até lá, era melhor sustentar a narrativa.
- Pensando bem, o jeito que a gente se encontrou agora, pareceu coisa de série – ele deu corda.
- Olha, ainda não descartei completamente a ideia de que isso seja realmente um drama.
Ele riu, lisonjeado.
- Bom, espero que não seja
- Por quê?
- Porque eu teria que esperar muito tempo – disse puxando a minha cadeira para mais perto e finalmente me beijando.
Deixei a trilha sonora melosa rolar sem me importar. Aquele primeiro beijo, em câmera lenta, poderia ser só um recurso apelativo naquela realidade estranha. Mas, fisicamente, era uma experiência amplificada. O frio na barriga, o primeiro contato dos lábios, um selinho, claro, mas daqueles demorados. Dava para sentir o cheiro da pele dele, a pele ou o cabelo de baunilha, e ainda o amaciante da roupa limpa. O meu corpo inteiro parecendo existir só nos meus lábios em contato com os dele. Depois do primeiro beijo, o tempo voltou ao normal, acelerou. Não esperei perguntar se podia fazer de novo e antecipei o segundo.
Quando nos afastamos, parte de mim se precipitou. É tão estranho ser mulher. Trinta anos desse corpo e ainda me constrangia, como se pudessem adivinhar o que acontece na minha calcinha. Por fora, um sorrisinho tranquilo, o esforço para controlar a respiração. A respiração era a principal pista. Até que ele colocasse a mão por dentro da minha roupa, pelo menos.
Uns goles de cerveja e outro beijo. A pressão entre minhas pernas cresceu. Parei, disfarcei, fugi do contato visual e olhei para o chão tentando processar. Aquele não era um beijo normal. Quer dizer, não era a sensação de apenas um beijo. Minhas coxas estavam coladas uma na outra, mas não era como se estivesse me roçando, apesar de essa ser a sensação.
Ele me beijou de novo, já se chegando mais, puxando meu corpo para pressionar contra o seu, enfiando os dedos longos nos meus cabelos e finalizando com um sorrisinho na minha boca, que eu conseguia adivinhar mesmo de olhos fechados. Senti que quase vinha, uma contração, como uma puxada de ar, lá do fundo, lá de baixo. Nunca sabia descrever. Só conseguia pensar no movimento, que era uma subida. Quase subiu, mas antes disso o afastei. A pressão entres as pernas tão absurda, que me curvei um pouco e até deixei a respiração falhar.
Ele riu, afagou minha cabeça. Calma, mocinha.
Fosse um homem, era quase uma ejaculação precoce. Sendo mulher, talvez ainda pudesse esconder, deixar subir, acontecer, esperar, recomeçar mais tarde, num quarto, com uma pegação de verdade. Do que eu tô com medo? Um orgasmo parecia a conclusão perfeita para o fim de um episódio de uma série. Mas eu não queria o fim, ainda não.
- Vamos sair daqui?
Levantamos da mesa do bar, entramos no quarto, já sem sapatos e abrindo zíperes e botões enquanto nos beijávamos. Ele me encurralou em um canto, me levantou pelas coxas e me pressionou contra a parede. Fez que ia voltar a me beijar, mas, assim que eu abri a boca para dar passagem para sua língua, se afastou e riu da minha cara. Em outra situação, até protestaria. Mas se tinha algo que eu não conseguia mais disfarçar era o quanto estava sedenta por aquilo. Vai ser assim? Aprisionei sua cabeça em minhas mãos e descontei com o beijo mais desesperado que eu conseguiria dar. Em resposta, me apertou mais contra a parede, para que eu sentisse sua ereção já chegando ao ponto. Agora a pressão entre as pernas tem um motivo, sorri.
Ele parou um instante para me olhar e me indagar sem palavras.
- Essas são as minhas cenas preferidas nos dramas, os beijos na parede – confessei.
- Besta.
Então me carregou até a cama e se deitou em cima de mim. Tiramos a roupa que faltava com uma habilidade que nunca tinha experimentado na minha vida, sem calças presas em tornozelos ou camisas engatadas no pescoço. Estava gostando daquela narrativa. Parecia uma dança que ele conduzia com delicadeza e eu não tinha escolha a não ser me deixar levar. Ele poderia ter tirado meu sutiã e minha calcinha com a mesma rapidez que as demais peças, mas parecia querer me provar que conseguiria me enlouquecer até com pequenos toques de pele. Com a ponta dos dedos, subiu toda a extensão da parte interna das minhas coxas, me fazendo prender a respiração. Não era apenas a sensibilidade da pele naquela região, mas a expectativa do que ele ainda me faria sentir com aquelas mãos e não só com elas. Quando começou a puxar minha calcinha para baixo, ainda usando apenas as pontas dos dedos, o contato mínimo que estabelecia com a minha pele me fazia pensar que eu nunca tinha me sentido tão nua, tão indefesa, desejo exposto.
Ficamos um instante nos encarando, enquanto apenas experimentava o peso dele sobre o meu corpo. Então é assim. Como se tivesse aprendido também os passos da dança, antes de tentar agarrá-lo, pousei dois dedos em seus lábios e desenhei o contorno da sua boca. Todos aqueles dias no café, obcecada pelo seu sorriso, e eu não tinha percebido que os lábios tinham o formato de um coração. Ele sorriu, aprovando, e eu desci para sua nuca.
Agora com as pontas dos dedos das duas mãos, tentei contornar seus ombros, ultrapassar suas escápulas, avançar por suas costas nuas até o começo de sua bunda durinha. E então subi tudo de novo, bem lentamente, espalhando minhas mãos pelas suas costas. A pele macia e cheirosa. O corpo magro, mas incrivelmente rígido e sarado. Durante todo o percurso, tentei me concentrar nas sensações, mas quase não conseguia me conter ao vê-lo de olhos fechados, mordendo o lábio inferior. Afundei minha cabeça no seu pescoço para sentir um pouco mais do seu cheiro, finalmente enlacei seu corpo inteiro e lambi sua orelha. Se pudesse lambia, beijava, mordia ou apertava cada pedacinho. Não deixaria aquela história acabar sem classificação 18 anos.
- Te procurei tanto – disse me encarando muito sério – Eu esperei muito tempo por isso.
As frases pareciam uma falha na coerência da narrativa. Mas, como se uma história estivesse lentamente se sobrepondo a outra, na minha cabeça fizeram sentido.
- Eu também, mas nunca era você.
Não consegui conter um longo gemido quando senti seu toque suave na minha buceta.
- É por isso que cê tava tão afoita no bar?
Abri a boca indignada, pronta para protestar, mas como ele continuava me masturbando, fui forçada a fechar os olhos e soltar mais um gemido. Ainda que ele fizesse aquilo lenta e delicadamente, a pressão que comecei a sentir na região era desproporcional, como a de antes, no bar. Reuni todas as minhas forças para parar a sua mão e lancei o meu melhor olhar de coitadinha, torcendo para que ele entendesse. Ele levantou a sobrancelha como se não tivesse ideia do que eu queria, mas ficou bem óbvio que queria apenas me ouvir dizer.
- Vem cá – implorei.
- Cê é muito apressada
- Eu não aguento mais, eu tô, tipo, 200% pronta
- Tá? Mas quem decide isso sou eu...
Quando deu a primeira lambida no meu mamilo, tive certeza de que perderia aquela disputa, mas ainda tinha uma última cartada. Lentamente, escorreguei o braço entre nossos corpos até o seu quadril, enlacei seu pau e comecei a movimentar a mão sem pressa. Ele já tava completamente duro, mas pelo visto tava achando divertido me atiçar.
- Se tá achando que assim vai me convencer...
- Quê isso! Só queria retribuir as gentilezas, sabe? – e acrescentei mais baixinho – Posso te chupar?
Antes que respondesse, comecei a me virar na cama para ficar por cima. E deslizei para ficar de joelhos na cama, meio apoiada em suas pernas. Aproveitei a posição para dar uma boa olhada naquele corpo. Só aquela barriga merecia pelo menos cinco minutos de apreciação, mas eu era uma mulher com um propósito e tinha pressa. Pra mim, o segredo do boquete era a empolgação. Quer dizer, expectativa e empolgação. Comecei com pequenas provocações com a língua ao longo do seu quadril. Podia sentir o seu olhar me acompanhando de cima, por isso, segurei seu pau em minhas mãos e fiz que ia dar a primeira lambida bem na cabecinha, mas parei assim que ele fechou os olhos. Quando reabriu, aí sim, dei a primeira lambida da base até o topo.
Não foi difícil cobri-lo com a minha saliva. Além de já estar muito excitada àquela altura, para completar, ele tinha um dos paus mais bonitos que já tinha visto. Pra falar a verdade, era sempre bem excitante chupar alguém tão duro, mas o pau dele parecia ainda mais gostoso e me fazia querer dedicar uma atenção extra. Quando eu já combinava os movimentos da língua com a mão, finalmente, ele pareceu deixar seu estado inabalável de calma e controle. Segurou os meus braços e me puxou pra cima sem uma palavra. Enquanto me beijava, apertou minha bunda com vontade. O quadril colado no meu, o pau procurando o encaixe. Quase o senti dentro de mim, quando o tremor nas pernas anunciou o pico, agora irrefreável. Cravei as mãos nos seus braços como se pudesse segurá-lo dessa vez, mas os dedos simplesmente afundaram nos lençóis.
Acordei com meus próprios gemidos, uma almofada apertada entre as pernas, molhada. Joguei para o chão com raiva. Tô enlouquecendo de tanto ver dorama. Mas pelo menos dessa vez sonhei com o j-hope.