Infecção urinária é um problema comum, mas que pode ser evitado. Aqui, nós escrevemos sobre tudo que você precisa saber sobre a infecção urinária em mulheres.

Ao ler você confere:

  • O que é infecção urinária
  • Seus tipos
  • Causas
  • Sintomas
  • A mulher e a infecção urinária
  • Infecção urinária na gravidez
  • O que fazer e não fazer na hora H
  • Diagnóstico
  • Prevenção

O que é infecção urinária?

Infecção urinária ou infecção no trato urinário (ITU) é a presença de microorganismos nas vias urinárias, podendo ser sintomática ou assintomática. De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, a ITU é uma das causas mais comuns de infecção na população geral e estima-se que 25% das mulheres já tiveram ou terão infecção urinária durante sua vida.

“ITU é definida pela presença de agente infeccioso na urina, em quantidades superiores a 100.000 unidades formadoras de colônias bacterianas por mililitro de urina (ufc/ml)”, de acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia.

Tipos de infecção urinária

Quando o assunto é infecção urinária, é importante destacar que existem três tipos principais: a cistite, a uretrite e a pielonefrite. Quando os patogênicos (microorganismos) estão concentrados na uretra, a infecção é chamada de uretrite; quando atingem a bexiga, é denominada de cistite; e quando chegam aos rins, é chamada de pielonefrite. Inicialmente, os microrganismos podem habitar a uretra e subir em direção à bexiga e rins.

Tipos de infecção urinária

1. Uretrite (uretra)

O termo uretrite é utilizado para denominar inflamações ou infecções na uretra. Dentre as duas estudadas, a mais antiga e conhecida é a uretrite gonocócica, causada pela Nesseria gonorrheae, mesma bactéria da gonorréia. Os sintomas da uretrite causada por esse microrganismo são agressivos, facilitando o diagnóstico precoce e antecipando o início do tratamento.

Segundo pesquisa, a transmissão da bactéria da gonorreia do homem infectado para a mulher ocorre em pelo menos metade dos casos. Já a probabilidade do homem se infectar com a mulher varia entre 20% a 35%.

Enquanto os sintomas da uretrite gonocócica são agressivos, os sintomas da infecção pela clamídia, da bactéria Chlamydia trachomatis, podem ser silenciosos. Esse tipo de uretrite tem grande poder infectante e em 40% das vezes é transmitida do homem para a mulher.

As infecções sexualmente transmissíveis (IST) são a causa mais comum de uretrite.

2. Cistite (bexiga)

A cistite é uma infecção e/ou inflamação que afeta a bexiga e é comumente causada pela bactéria Escherichia coli. Esta bactéria está presente naturalmente no nosso intestino e é importante para a digestão, mas esse não é o único microorganismo que pode provocar a cistite.

Este tipo de infecção costuma ser mais comum em mulheres, principalmente quando ativas sexualmente, tendo em vista que a sua uretra é menor que a dos homens e em local de fácil acesso a bactérias. Para quem tem diabetes descontrolado, a atenção deve ser redobrada pelo risco de comprometimento da imunidade.

3. Pielonefrite (rins)

Potencialmente grave, a pielonefrite é uma infecção causada por bactérias (majoritariamente pela Escherichia coli) e afeta aos rins. Ela acontece quando, devido à falta de tratamento, esses micro-organismos presentes no trato urinário sobem pelos ureteres e chegam aos rins, provocando uma inflamação no local.

A pielonefrite pode ser classificada em aguda e crônica.

  • Pielonefrite aguda: ocorre, predominantemente, devido a uma infeção não recorrente e surge inesperadamente com fortes sintomas. O tratamento se faz necessário para que não se transforme em uma patologia crônica.
  • Pielonefrite crônica: essas formas da doença são mais raras e são caracterizadas por infecções renais contínuas. Esta condição é considerada perigosa e pode levar à insuficiência renal.

A Escherichia coli é a bactéria responsável por aproximadamente 90% dos casos de pielonefrite, estando normalmente localizada nos intestinos. Penetrando o organismo pela uretra, o microrganismo alcança a bexiga, sobe pelos ureteres e se instala em um ou nos dois rins, comprometendo seu funcionamento. É importante destacar que, em muitos casos, a pielonefrite é uma infecção urinária de nível mais avançado, no qual a condição não foi tratada quando em estágios anteriores.

Causas da infecção urinária

Causas da infecção urinária

Alguns fatores que podem desencadear as infecções urinárias são a pouca ingestão de água, poucas idas ao banheiro para urinar, má higienização após evacuar e/ou após relações sexuais, dentre outros. As principais causas são as bactérias do trato gastrointestinal e a relação sexual, podendo também ser provocadas por fungos (a exemplo da espécie cândida).

“Fonte: vozes da minha cabeça”: mitos sobre a infecção urinária

  • A infecção urinária não é contagiosa e não se “pega”.
  • Ardor ao urinar não significa que você está automaticamente com infecção urinária.
  • Banheiros públicos ou privados não causam infecção urinária. Segurar o xixi sim, pode ser um fator que leva à infecção.
  • Infecção urinária não é uma DST. Como já explicado, o sexo pode facilitar a contaminação da uretra por bactérias que já estão presentes no seu corpo.

Quais são os sintomas da infecção urinária?

De forma geral, os sintomas iniciais e mais comuns da infecção urinária são dor ou ardor ao urinar e a necessidade frequente de fazer xixi, porém eliminando apenas uma pequena quantidade de urina. Em casos mais avançados, os sintomas podem progredir para dor na região pélvica ou sangue na urina.

No entanto, os sintomas podem variar de acordo com o tipo de infecção. Na cistite, é normal sentir necessidade urgente de urinar com frequência, ardor ao urinar, dores na bexiga, nas costas e no baixo ventre, para além de febre e sangue na urina em casos mais graves.

Na uretrite em mulheres, os sintomas mais comuns são a dor ao urinar e necessidade frequente e urgente de urinar.

Os sintomas da pielonefrite são semelhantes nas formas aguda e crônica da doença, sendo eles febre, calafrios, náuseas, vômitos, dor lombar e pélvica, sinal de pus (piúria) e de sangue (hematúria) na urina, dentre outros. Na pielonefrite aguda os sintomas não demoram a aparecer, enquanto na crônica as fases assintomáticas se alternam.

E se persistir?

Identificado como infecção urinária crônica, quando a infecção persiste no organismo se torna necessária uma investigação médica mais ampla e detalhada.

A repetição do quadro se identifica quando a paciente apresenta dois ou mais episódios de infecção urinária no intervalo de seis meses. Para nós, mulheres, o ressurgimento pode ser frequente e ainda mais grave, e por isso a importância de um tratamento completo para que a probabilidade de cura seja grande.

Ah, e esse recado vale para todas as enfermidades: tomar os medicamentos respeitando o tempo recomendado pelo médico é essencial para a cura completa. Nada de descartar o remédio porque os sintomas já passaram.

A mulher e a infecção urinária

Observando a anatomia feminina, podemos perceber como o ânus e a vagina estão próximos da entrada da uretra. Essa proximidade é o que vem a favorecer a migração de bactérias entre um órgão e outro. Além disso, devido às mulheres possuírem menor extensão anatômica da uretra do que os homens, a ascensão das bactérias se torna ainda maior. Enquanto o tamanho da uretra das mulheres é de 3 cm, a dos homens possui 6 ou 7 cm, em média.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia e a Sociedade Brasileira de Urologia, outros fatores que contribuem para esse quadro são o ato sexual, gestação e higiene deficiente.

Infecção urinária e gravidez

Para as futuras mamães de plantão, saiba que é normal ter algum episódio de infecção urinária durante a gravidez, uma vez que as alterações hormonais que acontecem no corpo da mulher podem favorecer o desenvolvimento de bactérias no trato urinário.

Os hormônios da gravidez costumam relaxar os músculos dos rins e uretra, reduzindo o fluxo de urina para a bexiga e deixando as mulheres mais expostas a uma possível infecção urinária.

A infecção urinária não prejudica o bebê e pode ser facilmente tratada. Porém, sem o tratamento, ela pode se agravar e trazer alguns riscos para o feto, como parto prematuro.

Dessa forma, assim que surgirem sinais de desconforto urinário, consulte o seu obstetra ou o ginecologista para checar se está tudo bem com você e o seu bebê.

Na hora H: sexo e o risco de infecção

Como já dito em tópicos anteriores, o risco de contrair a infecção é maior após uma relação sexual. A uretra costuma sofrer pequenos traumas e passa a ficar vulnerável à instalação de bactérias.

Além disso, nada de penetração anal seguida de penetração vaginal! Essa também é uma das causas de contaminação por bactérias intestinais que pode provocar infecções urinárias.

E vamos enfatizar: infecção urinária não é uma Doença Sexualmente Transmissível (DST ou IST).

Diagnóstico

Os exames podem variar a depender do diagnóstico.

No caso da cistite, às vezes o próprio organismo elimina as bactérias. Em casos de persistência de sintomas, o tratamento requer o uso de antibióticos ou quimioterápicos que serão escolhidos de acordo com o tipo de bactéria encontrada no exame laboratorial. Geralmente são necessários exames de Urocultura e Antibiograma, ambos permitem saber qual a bactéria específica está acometendo o paciente, e a qual antibiótico ela é sensível.

Em casos de uretrite, segundo o médico Luiz Jorge Fagundes,  tanto na gonorreia quanto na clamídia as mulheres podem não apresentar sintomas ou senti-los de forma semelhante aos das cistites. Por isso, torna-se obrigatório a coleta de material para análise da secreção e o exame de urina.

Na pielonefrite, exames como hemocultura e exames de imagem (Ultrassonografia, Tomografia computadorizada ou Ressonância Magnética) podem ser solicitados pelo seu médico.

É importante reforçar que, independentemente do tipo de infecção urinária que você tiver, é preciso tomar os medicamentos respeitando o tempo recomendado pelo médico.

Como prevenir a infecção urinária

Como prevenir a infecção urinária

Existem várias formas de prevenir que a infecção urinária se torne um problema persistente na vida da mulher. Dentre elas estão:

  • Beber muita água.
  • Urinar com frequência e evitar reter a urina na bexiga por um longo período de tempo.
  • Urinar depois das relações sexuais para eliminar possíveis bactérias do trato urinário.
  • Fazer sexo seguro usando preservativo.
  • Higiene pessoal.
  • Evitar roupas íntimas muito justas que retenham calor e umidade
  • Evitar o consumo de substâncias que irritam o trato urinário, como o álcool, tabaco e cafeína.
  • Trocar os absorventes com frequência para evitar a proliferação de bactérias.

Sobre a higiene pessoal:

O primeiro passo é aprender a fazer o asseio corretamente. A higiene íntima não é sinônimo de higiene interna, por isso, a limpeza deve começar na virilha e se concentrar principalmente na vulva. Os lábios externos contém uma quantidade de gordura e/ou secreção que devem, sim, ser lavadas e retiradas.

Já a região da vagina, que possui uma quantidade menor de gordura, não requer uma higienização intensa. Se você já ouviu falar no pH vaginal, deve saber que ele se trata de um ácido e funciona no controle de bactérias e fungos. Considerando que a vagina possui um pH menos ácido, ao passar jatos de água e sabonetes de forma exacerbada você pode acabar comprometendo a barreira protetora de infecções.

Fui diagnosticada com infecção urinária, e agora?

Fale sobre! Conversar sobre a saúde íntima não deve ser motivo de desconforto e precisa ser tratado como normal. Busque falar com alguém que faça você se sentir confortável e procure ajuda médica.

Ir ao consultório médico é o primeiro passo. O tratamento é diferente para cada paciente e vai depender de cada situação, por isso, busque sempre a ajuda de um especialista. Infecções em gestantes, por exemplo, são situações especiais e precisam ser tratadas de forma específica. O uso sem critérios de antibióticos é a maior causa da resistência bacteriana aos medicamentos.

Zelar pela sua saúde íntima também é uma forma de autocuidado. A maneira como você observa seu corpo e mantém hábitos de atenção a si mesma são o primeiro passo para uma vida saudável.1.