Se reconectar como um casal após ter filho é um desafio para muitos casais. A rotina atribulada e a falta de comunicação são dois problemas latentes. Entender a linguagem de amor do seu parceiro, como está sua libido e inovar com posições e brinquedos auxiliam nesse processo. E, claro, sem tabu toda comunicação fica mais clara! Conheça também a chamada “técnica de sensibilidade ao toque” que ajuda reconectar casais.
A rotina após ter um bebê é conturbada pois há a adaptação com a rotina do nascido, período de puerpério e, com o passar do tempo, ela se altera mas o contato dois a dois continua desafiador.
Um estudo britânico publicado em 2018 afirma que cerca de 47% das mulheres e 43% dos homens acham que seus relacionamentos íntimos pioraram após ter filhos. Ainda segundo esse estudo o desejo sexual diminui 61% para as mulheres e 30% para os homens. Os dados mostram que as relações íntimas diminuem 47%. E cerca de 63% das mulheres declaram para a pesquisa ser “difícil ou muito difícil” ter privacidade para momentos íntimos quando a criança está acordada.
“Eu tenho uma rotina bem corrida mesmo! Bem complicado, porque o meu filho tem uma rotina de adulto. Ele acorda cedo, eu tenho que deixar ele cedo no colégio. Dorme a tarde toda. Quando eu chego em casa ou no final do dia à noite, é o momento que eu tenho com o marido. E nesse momento ele [meu filho] está acordado ainda, naquela pilha toda. Ele dorme praticamente junto com a gente e se eu não deitar pra dormir junto, ele não dorme. Daí o que que acontece? Eu deito com ele pra dormir e durmo junto, por conta do cansaço. Então é bem complicado a questão do dois a dois”. Margareth Lucio, 32 anos, casada há 8 anos e mãe do Pedro de 5 anos. É assim que Margareth descreve sua rotina e a dificuldade na relação com o marido.
Para ela, dividir as tarefas é de suma importância para a sintonia do casal. “Essa divisão de tarefas é importante para a relação até por conta da nossa correria. Um tem que querer ajudar o outro porque se não for assim, se não tiver a divisão de tarefa, você vai esperar só por um e acaba gerando uma falta de controle”, afirma ela.
Muitas vezes um dos pais se sente em desvantagem, pois se apenas um deles sai, possui amigos e se diverte, a outra parte fatalmente ficará sobrecarregada. É importante para a sintonia entre casal, o diálogo e a compreensão entre os dois.
“Tem que existir aquela conexão de amor do casal. Tanto amor quanto as ideias de companheirismo. Eu preciso de uma pessoa que converse, me compreenda, até porque eu costumo dizer que a mulher necessita falar. Em muitos casos o homem não quer ouvir a mulher porque eles falam que a mulher briga, reclama… o companheiro ele sempre pelo menos tentar ouvir ela. O que eu acho mais importante no nosso relacionamento é isso, porque ele me ouve”, explica Margareth.
“Tem que ter amor e compreensão. A gente vive com tanto desamor, na verdade a gente vive um mundo hoje que não tem amor então eu tenho que me sentir amada! Meu marido, graças a Deus, me faz sentir dessa forma e acho que da mesma forma também faço ele. A gente tem que ter uma conexão!”
As 5 linguagens do amor
Em todo relacionamento é importante entender como seu parceiro se comunica, afinal muitas vezes não é o afeto que não existe, mas sim uma forma diferente de comunicá-lo. Em momentos em que vocês estão se sentindo desconectados e atribulados, saber a melhor forma de demonstrar que ama é entender seu parceiro.
Margareth cita que sua linguagem de casal combina com seu parceiro e que a expressão verbal se torna protagonista junto à rotina. “Nossa linguagem do amor não é tão diferente, a gente combina porque eu não sou daquela pessoa de grudar, que eu costumo dizer que é ser mais melancólica. Eu sou mais do falar e ele também! Nossa relação de casal, em si, é mais um fim de semana, então a nossa conexão é falar durante o dia, mesmo que a distância”, comenta.
Palavras de afirmação
São como elogios, palavras de afirmação. Tais como “vai dar tudo certo”, “estou com você”, “amo vir nesse restaurante com você”, “acho que você faz isso muito bem”, são formas verbais de demonstrar afeto.
Para muitas pessoas esse tipo de linguagem é difícil e isso não significa que a pessoa não esteja ao seu lado, lembrando de você na sua ausência e te elogiando mentalmente. As palavras têm um poder muito forte de contagiar quem está à sua volta. Um elogio nunca cai mal, não é mesmo?
Qualidade de tempo
É aquele momento reservado ao casal, sem distração de celular que, mesmo curto, é de qualidade. Para muitas pessoas com uma rotina imprevisível/agitada, essa linguagem é uma demonstração enorme de afeto.
No mundo globalizado atual, com uma velocidade enorme de informação, é raro pararmos para olhar no olho, escutar com atenção a outra parte, ou seja: aproveitar um bom tempo de qualidade. Valorize o tempo que há entre vocês dois!
Presentes
Apesar de parecer que o que importa é o dinheiro, o que de fato importa é o valor emocional expresso em uma flor, uma jóia, um vinho, um porta-retrato, por exemplo. Para quem gosta de receber essa linguagem , o importante é saber que o presente veio de coração e foi escolhido com atenção.
Para quem costuma se expressar assim, o gesto vale como forma de expressar que se importa com seu bem-estar e que lembra de você.
Gestos de serviço
Levar o lixo para fora, arrumar aquela luz, lavar a louça para você, são alguns dos gestos de serviço que a pessoa que demonstra essa linguagem faz. Quem gosta de receber normalmente acaba pedindo muitas vezes ou esperando receber como uma gentileza.
Gestos de serviço são sutilezas do dia a dia que fazem com que a pessoa que está ao seu lado se sinta valorizada.
Toque físico
O famoso “chamego”, mão nos ombros, mãos dadas, abraços e beijos demonstram afeto para a pessoa que tem essa linguagem. Quem se expressa assim busca além de amar, demonstrar o amor a partir do contato físico.
É importante se atentar se a pessoa ao seu lado se sente confortável com esse tipo de demonstração, entender e cuidar para não acabar invadindo o espaço da outra pessoa.
Sinais que não estão mais conectados
- Já não dormem mais se falando
Cada um para um lado, sem muito papo. Na cama, um de costas para o outro. Sabe essa situação? Cada um merece seu espaço, mas é importante ficar atento ao indício de falta de comunicação.
2. Não há escuta atenta
“Falo e ele não me escuta!”, uma das frases mais comuns. Quando não há escuta na relação, a comunicação não se faz clara. Consequentemente, não haverá compreensão na hora de resolver um problema e aparar arestas.
3. As farpas são constantes
Não podem falar que se alfinetam?Talvez seja a hora de uma conversa com “cabeça fria”, honestidade e com escuta atenta para compreender o outro lado.
4. Uma das partes se sente sobrecarregada e incompreendida
Quando não há divisão de tarefas e comunicação, é comum uma das partes se sentir sobrecarregada. Percebe que só uma das partes sai e se diverte? É momento para rever os valores, a divisão de tarefas e o bem-estar do casal também enquanto indivíduos.
5. Casal monossilábico
Apenas “oi”, “tudo bem?”, “bom dia” e por aí vai, não passam de mera cordialidade. Vocês não estão em ambiente de trabalho para apenas serem cordiais um com o outro. Um “está, de fato, tudo bem?” sincero vale mais que mera formalidade e frieza.
Período pós-parto e hormônios
Puerpério é o período pós-gestação para que o corpo da mulher volte às condições naturais pré-gestação. Ou seja, compreende a saída da placenta até a ovulação do próximo ciclo menstrual.
Mesmo após o resguardo sexual, é comum não se recuperar a libido rapidamente. Pois o período de pós-parto mexe com aspectos físicos, mentais e hormonais. Segundo estudo da Associação dos Profissionais de Saúde Reprodutiva, nos Estados Unidos os níveis de frequência sexual podem demorar até um ano para voltar.
Apesar de que após o parto, o sexo está em uma das últimas prioridades do casal mas prazer faz bem e, convenhamos, você merece!
Existe o chamado “quarteto da felicidade” composto por quatro hormônios responsáveis por sensações de bem-estar e prazer. São eles: ocitocina, serotonina, dopamina e endorfina. Temos um texto completo aqui no Lábios Livres sobre como estimular e entender seus hormônios. Clique aqui e dê para o seu cérebro o workout que ele precisa!
Profissionais afirmam que uma revolução hormonal acontece no período pós-parto. A própria saída da placenta, que em si já produz muitos hormônios, causa uma queda enorme na produção de estrógeno e progesterona. A diminuição acontece pelo aumento na produção de prolactina, para a produção de leite.
Outro fator importante durante o puerpério é a insegurança com o corpo da mulher. É comum vermos a romantização da maternidade com barrigas chapadas em poucos meses. Mas na realidade isso não acontece!
O inchaço e a perda de líquido acontecem naturalmente e podem demorar. Cada corpo funciona de uma forma e a rotina de exercícios físicos também varia de acordo com a rotina de cada mãe. Mamãe de plantão, tome cuidado com propagandas enganosas e cursos milagrosos, pois nas redes sociais a vida se maquia.
Técnica de sensibilização ao toque
O toque é o primeiro sentido que desenvolvemos quando nascemos e, quando crianças, exploramos o mundo através das mãos. É natural também que à medida que crescemos, aprendemos a nos comunicar a partir de outros sentidos. Aliada à massagem, a técnica de sensibilização ao toque promete te ajudar a se reconectar com seu parceiro.
A terapeuta corporal Arandi Vasconcellos desenvolveu a “Vivência de Massagem Com Tato”, em que guia o casal vendado através do tato. O objetivo é trabalhar a sensibilização ao toque e novas técnicas de massagem. O mini curso ajuda o casal a mapear o corpo, tocando ele dos pés até a cabeça.
Em entrevista ao Estado de S. Paulo, a terapeuta detalha o mapeamento. "Nesse mapeamento, vou conduzindo os dois: quando respirar, soltar o ar, sentir a sua respiração e do parceiro, a temperatura da pele, forma do corpo, ossos, músculos. Vou conscientizando o processo", comenta ela ao Jornal.
Durante a pesquisa, percebi que o maior dos problemas é a comunicação aliada à romantização da maternidade. Na busca pelo momento perfeito em que os problemas irão cessar e tudo será romântico e ativo normalmente, o casal se frustra e não trabalha o caminho até a conexão. A maternidade já traz na bagagem um peso de comparação, culpa e obrigações para se adaptar. Por isso, respeitar seu corpo e seu processo é amar a si próprio e o seu parceiro. Fazendo isso, é muito provável que você e seu parceiro consigam retomar a vida sexual com amor (e tesão!).