por Laura Beatriz, jornalista.
Neste texto você vai conhecer e entender mais sobre a anorgasmia, disfunção sexual comum entre as mulheres e que lhes impossibilitam ou dificultam a atingir o orgasmo.
Nesse texto, você entende:
- Como a anorgasmia atinge as mulheres e dificultam o orgasmo
- Entende o que é orgasmo e quais são os tipos existentes
- Conhece causas e tratamento para anorgasmia
Anorgasmia ou transtorno do orgasmo é uma condição que ocorre quando um indivíduo tem dificuldade ou retardo para atingir o ápice durante a relação sexual, ainda que excitado e havendo estimulação suficiente. Primeiramente, CALMA! Antes de pirar e se auto diagnosticar, leia esse texto. (Todo, viu?)
Quando essa condição ocorre em mulheres, é conhecida como anorgasmia feminina. Os homens também podem experimentar disfunção orgásmica, porém é menos comum.
De acordo com um estudo feito pelas autoras Ferreira, Souza e Amorim (2007), 36% das mulheres analisadas entre 20 e 39 anos relataram transtornos sexuais, sendo que 18% parecem ter anorgasmia.
O ciclo de resposta sexual feminino envolve, segundo o consenso científico atual, intimidade emocional, neutralidade sexual, excitação sexual, desejo sexual espontâneo, desejo responsivo e excitação sexual, e satisfação emocional e física.
Existem muitas razões que dificultam a mulher a chegar ao orgasmo, muitas vezes até a explorar o próprio corpo. Seja por falta de orientação sexual, pela cultura ou religião, o fato é: ainda existem mulheres que não sabem nem o que é o clitóris e sua magnífica função: dar prazer. Esse órgão erétil com até 8 mil terminações nervosas e super sensível é ricamente vascularizado e inervado.
A masturbação, como já falamos em outro texto deste blog, é saúde! Sua prática inclui diversos benefícios. Que tal começar uma jornada de descobrimento pelo seu corpo?
Antes de tudo, que tal entender mais sobre orgasmo?
O orgasmo é uma sensação de bem-estar que alcançamos no ápice do prazer sexual, é algo que inclusive pode trazer melhorias à saúde, como o alívio do estresse e a prevenção de doenças cardíacas. Conheça abaixo alguns tipos de orgamos:
Orgasmo Vaginal
É por meio da penetração que sexo vaginal acontece. Envolve um prazer extremamente intenso, de duração variável, caracterizado por uma sensação de pulsação profunda das paredes vaginais.
Orgasmo Clitoriano
Dentre as zonas erógenas, o clitóris é uma que se destaca pela facilidade em proporcionar prazer. O clitóris, por ter muitas terminações nervosas, pode proporcionar orgasmos ainda mais intensos que o vaginal.
Orgasmo Anal
É perfeitamente possível ter prazer anal, e até mesmo chegar ao clímax por meio dele. Afinal, essa região possui muitas terminações nervosas que podem proporcionar prazer se a mulher estiver relaxada e excitada.
Orgasmo Mamário
O estímulo dos mamilos também pode levar ao clímax. Sensíveis, o ideal é fazer movimentos circulares nos mamilos com velocidade e pressão adequadas.
Ponto U
Mesmo sendo uma região bem sensível, este tipo de orgasmo não é tão conhecido quanto os falados anteriormente. O ponto U não é um local específico, na verdade, ele é o espaço entre o orifício da uretra e a entrada do canal vaginal.
Por ser uma área de hipersensibilidade, deve ser estimulado manual ou oralmente com cuidado.
Orgasmo Cervical
O orgasmo cervical pode demorar um pouco mais para chegar, mas, quando vem, é uma explosão de sensações. Acontece com a estimulação do cérvix, que se encontra no final da vagina, próximo ao colo do útero (e até no colo do útero), por meio de penetrações e ângulos mais profundos é possível chegar ao clímax nessa região.
Como saber se tive um orgasmo?
É importante você saber que muitos sinais do orgasmo feminino são bastante particulares. As sensações que temos ao sentir prazer são muito singulares.
Sinais que costumam ser comuns:
- O ritmo respiratório aumenta e você sente a respiração mais acelerada e ofegante. Isso acontece para ajudar no aumento da circulação sanguínea;
- A frequência cardíaca aumenta, uma vez que os batimentos cardíacos se aceleram também para aumentar a circulação de sangue, principalmente nas zonas erógenas;
- A temperatura corporal se eleva e você pode perceber seu rosto e outras partes do corpo avermelhadas;
- A aparência da vulva muda, ficando mais inchada e avermelhada – inclusive o clitóris;
- A lubrificação aumenta.
Além destes, algumas mulheres ainda podem sentir outros sinais. Por exemplo: pupilas dilatadas; mamilos enrijecidos e sensíveis; contrações involuntárias na vagina, útero e ânus; e até mesmo pequenos espasmos pelo corpo.
Anorgasmia: causas e tratamento
É difícil determinar uma causa específica para anorgasmia. Na maioria dos casos a anorgasmia tem causas psicológicas, por traumas, tabus ou porque as expectativas da mulher não correspondem ao que de fato é o orgasmo.
Raramente essa disfunção pode ter causas anatômicas, como má-formações congênitas dos genitais.
Fatores contribuintes podem incluir:
- Condições médicas, como diabetes;
- O uso de certos medicamentos, particularmente os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs) para depressão;
- Crenças culturais ou religiosas;
- Timidez;
- Culpa ou preconceito relacionado ao prazer de desfrutar de atividade sexual;
- Histórico de abuso sexual;
- Condições de saúde mental, como depressão ou ansiedade;
- Estresse;
- Baixa autoestima;
- Problemas de relacionamento, como conflitos não resolvidos ou falta de confiança.
O tratamento para disfunção orgásmica depende do diagnóstico, mas é possível que a pessoa possa precisar:
- Tratar quaisquer condições médicas subjacentes;
- Mudar medicamentos antidepressivos;
- Realizar sessões de terapia cognitivo-comportamental (TCC) ou terapia sexual;
- Aumentar a estimulação do clitóris durante a masturbação e a relação sexual.
Terapia de casal é outra opção de tratamento muito conhecida. Um psicólogo pode ajudar você e seu parceiro a lidar com quaisquer divergências ou conflitos que estejam ocorrendo.
Em alguns casos, a terapia hormonal estrogênica pode ser usada. O estrogênio pode ajudar a aumentar o desejo sexual ou a quantidade de fluxo sanguíneo para os órgãos genitais, aumentando a sensibilidade.
A terapia hormonal estrogênica pode envolver a administração de uma pílula, o uso de um adesivo ou aplicação de um gel nos genitais.
Não deixe de falar com sua médica ou médico ginecologista antes de usar produtos ou medicamentos nas regiões genitais. Esteja sempre atenta à sua saúde.
Quais são os tipos de anorgasmia?
A maioria das pessoas acreditam que há apenas um tipo de problema com o orgasmo, porém há diversos. Confira abaixo os tipos de anorgasmia :
- Primária;
- Secundária;
- Total ou absoluta;
- Situacional;
Anorgasmia Primária
A anorgasmia primária pode ser definida como uma condição que ocorre quando a pessoa nunca experimentou a sensação de orgasmo por meio do coito e nem por meio da masturbação.
Há casos em que as mulheres até conseguem atingir um nível relativamente baixo de excitação e terem desejos, mas o orgasmo não é alcançado.
Anorgasmia Secundária
A anorgasmia secundária é quando a pessoa já experimentou o orgasmo com certa normalidade em períodos anteriores e, por motivos variados, deixou de tê-lo de forma sistemática. Dessa forma, pode ser descrita como a perda da capacidade de ter orgasmos.
Anorgasmia Aleatória
A anorgasmia aleatória é vista em mulheres que conseguem ter o orgasmo, mas não o suficiente para a satisfação sexual. É comum que essas mulheres tenham dificuldade em relaxar e se manterem calmas.
Nesses casos, especificamente, a terapia sexual pode ser uma forma de ajudar a ter maior controle e, principalmente, a desistir da necessidade de controle sexual. Mulheres com esse tipo de transtorno tendem a querer ter o controle do ato sexual o tempo inteiro.
Anorgasmia Situacional
A anorgasmia situacional ocorre em determinada situação ou com determinado parceiro ou parceira. É normal que essas mulheres desenvolvam alguns fetiches sexuais, que estão interligadas com as situações que lhe provoca prazer.
Os pesquisadores acreditam que a mulher com a anorgasmia situacional deve trabalhar o autoconhecimento e explorar seu corpo e seus desejos.
O que é Disfunção Sexual?
Disfunção Sexual é toda condição que torna a pessoa incapaz de participar do ato sexual com satisfação e prazer, podendo ocorrer em qualquer fase da vida adulta.
As disfunções prejudicam, em diferentes graus, a vida sexual dos indivíduos e casais, afetando a qualidade de vida das pessoas e podendo ser causa de inúmeros problemas de relacionamento e de saúde emocional.
Uma perturbação clinicamente significativa na capacidade de […] responder sexualmente ou de experimentar prazer sexual, explica o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição, (DSM-V). Além disso, as disfunções podem ser divididas em quatro grandes grupos.
Espero que esse texto tenha te ajudado a esclarecer dúvidas em relação a anorgasmia. Elencamos os principais pontos acerca do assunto para você desmistificar as questões que envolvem essa disfunção.
Muitos fatores interferem no clímax de uma relação sexual, e começar o momento tendo como único objetivo o orgasmo pode tornar tudo ainda mais difícil.
Porém, se você não consegue atingir o orgasmo há um tempo e sente que isso lhe incomoda e está fora do seu controle, análise. Talvez seja hora de um retorno com a gine!
Se você está passando por dificuldades em sua vida sexual, não tenha medo ou vergonha de procurar orientação médica. Em caso de dúvidas, peça ajuda.
Referências
Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil
